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Lula vetará só um ponto da MP da Amazônia
Presidente vai derrubar trecho da medida provisória que permitiria a transferência de terras da União para pessoas jurídicas
Apesar de ser concessão aos ambientalistas, que pediram veto a outras partes da MP, decisão representa uma vitória de grupos ruralistas
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que vai vetar
apenas uma parte do artigo 7�
da medida provisória 458. Segundo a Folha apurou, será a
parte que permitiria a transferência de terras da União para
pessoas jurídicas.
A decisão presidencial é uma
vitória dos ruralistas, mas com
uma concessão aos ambientalistas, a fim de dar ao governo
discurso político para sustentar uma medida polêmica.
Segundo um ministro, a parte que será vetada por Lula não
constava de um acordo original
realizado entre o governo e a
bancada ruralista quando a MP
foi aprovada pela Câmara. No
Senado, não houve modificação como estratégia dos ruralistas para que a MP não perdesse o prazo de validade.
Havia pressão de ambientalistas e da ex-ministra do Meio
Ambiente Marina Silva para
que fossem vetadas outras partes da medida. Lula, porém, esteve inclinado a sancionar na
íntegra a MP aprovada pelo
Congresso.
No entanto, ele avaliou que
seria justa uma concessão política aos ambientalistas, pois o
inciso 2 do artigo 7�, permitindo transferência de terras públicas para pessoas jurídicas,
não constava do acordo articulado por seu ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.
O presidente considera que
uma sanção integral traria desgaste à imagem do governo no
exterior. Por isso Lula considerou os pedidos dos ambientalistas. Além do veto que foi feito, eles queriam que fosse vetada a parte da MP (artigo 2�)
que permite a regularização de
terras ocupadas por prepostos.
Um ministro diz que a exigência dos ambientalistas era
regularizar apenas áreas de
quem realmente morava na
terra e não prepostos. Segundo
esse auxiliar do presidente, que
participou da reunião de ontem sobre a MP 458, muitos
produtores rurais não vivem
nas suas terras. Ou seja, o fato
de não morar não significaria
que o proprietário seja desmerecedor da posse regular da terra, argumenta esse ministro.
A MP pretende regularizar
67,4 milhões de hectares -área
equivalente às de Alemanha e
Itália juntas. Ela prevê a doação das terras a pessoas físicas
que possuam até 100 hectares.
Haverá uma cobrança simbólica para propriedade de até 400
hectares. Entre esse tamanho e
1.500 hectares, será feita uma
venda pelo valor de mercado.
Entidades ligadas aos ruralistas comemoraram a edição
da MP, mas quem trabalha na
área ambiental lamentou.
Para o pesquisador Paulo
Barreto, do Imazon (Instituto
do Homem e Meio Ambiente
da Amazônia), a MP vai facilitar "esquemas de regularizar a
grilagem". Já o presidente da
Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, considerou o resultado "positivo" e
disse que o veto é "não muda
em nada a essência" da MP.
Colaborou a Reportagem Local
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