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Planalto cancela ida de presidente a Cuba
Petista alega ser preciso mais tempo para preparar visita, pois cubanos enviaram longa pauta de acordos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de ter confirmado oficialmente a viagem do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a Cuba na próxima semana, o Planalto anunciou ontem
o cancelamento da visita. A versão dada por assessores presidenciais é que não haveria tempo hábil para fechar alguns
acordos propostos por Cuba.
Lula desembarcaria na ilha
na próxima quinta-feira e cumpriria agenda oficial na sexta. A
visita permitiria um reencontro entre Lula e Fidel Castro,
afastado do poder há 15 meses
por motivos médicos. Desde
que assumiu a Presidência, Lula só foi uma vez a Cuba, em setembro de 2003.
No Planalto, assessores negaram a hipótese de que o cancelamento tenha alguma relação com a saúde de Fidel. O cubano foi internado em julho de
2006 e, desde então, seu estado
de saúde é mantido sob sigilo.
Ele entregou o comando do
país ao irmão Raúl e fez raríssimas aparições públicas.
Ao final de um evento no Itamaraty, Lula disse que solicitou
a suspensão da viagem porque
recebeu de Cuba uma extensa
pauta de interesse de cooperação entre os dois países, e que
por isso, necessitava de mais
tempo para preparar a visita.
Segundo Lula, a viagem foi
adiada por 30 dias. O presidente pretende encontrar-se com
Fidel ainda neste ano. "Então
em vez de eu ir agora, prefiro
adiar por 30 dias, preparar esta
proposta que os cubanos me
entregaram e levar lá para fazer
acordo com muito mais coisa
do que eu iria fazer. É apenas
por isso [o adiamento]."
O presidente afirmou que
sua visita a Cuba tinha, inicialmente, dois motivos principais:
um acordo para aumentar o volume de crédito para que Cuba
possa comprar alimentos do
Brasil e uma aproximação da
Petrobras com os cubanos, para que a estatal possa fazer
prospecção de petróleo no golfo cubano. Lula não disse qual
exatamente foi a pauta apresentada pelos cubanos, mas
afirmou que "um grande número delas" são fáceis de fazer,
sobretudo na área da saúde.
Cooperação
Cuba quer cooperação brasileira na área de vacinas e aleitamento materno. Também quer
discutir a polêmica sobre a validação de diplomas aos alunos
de medicina no país caribenho.
O roteiro inicial de Lula incluía a República Dominicana e
o Haiti. Por problemas de tempo e de agenda, a visita aos dominicanos foi postergada. Ontem, Lula disse que preferiu
adiar a ida ao Haiti para "levar
uma proposta mais substanciada" de ajuda ao desenvolvimento do país. O mais provável agora é que Lula visite esses países
em dezembro.
Recentemente, dois boxeadores cubanos foram deportados pelo governo brasileiro a
Cuba, numa operação que despertou interesse da imprensa
mundial. Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara vieram
ao Brasil participar dos jogos
Pan-americanos. Em menos de
48 horas, os atletas foram detidos pela Polícia Federal na Região dos Lagos, no interior do
Rio, interrogados duas vezes e
embarcados rumo a Cuba em
um jato executivo de prefixo
venezuelano.
(LETÍCIA SANDER)
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