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Por tributo, governo faz agrados individuais
Casos são negociados com cada senador da base e envolvem a liberação de cargos e verbas a Estados em troca dos votos
Mapeamento feito no Senado aponta que estariam seguros entre 45 e 48 votos -são necessários no mínimo 49 para aprovar a emenda
SILVIO NAVARRO
VALDO CRUZ
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com uma lista de problemas
mapeados na base no Senado, o
governo iniciou ofensiva para
tentar negociar casos particulares, que envolvem a liberação
de cargos federais e verbas para
Estados em troca de votos para
aprovar a emenda que prorroga
a cobrança da CPMF.
Mapeamento feito ontem pelos líderes do governo na Casa
aponta que só estariam seguros
entre 45 e 48 votos -são necessários no mínimo 49 para aprovar a emenda. Ou seja, a conclusão foi que o cenário é pior do
que o previsto para o governo.
Além disso, aliados que até
então eram considerados certos, como PR e PTB, aproveitaram o momento para reclamar
de cargos federais nos Estados
que foram "tomados" pelo PT.
O problema mais grave diagnosticado é a bancada do PTB,
que tem seis senadores.
Em reação à substituição do
senador Mozarildo Cavalcanti
(PTB-RR) da Comissão de
Constituição e Justiça, o partido convocou sua Executiva Nacional, com o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ) à frente,
para decidir no dia 28 pelo desligamento do bloco governista.
O líder do PTB no Senado,
Epitácio Cafeteira (MA), enviou ontem carta à bancada
propondo que a bancada reveja
a posição e passe a atuar de maneira "independente".
Na bancada do partido, um
voto que entrou para a lista dos
incertos é o do senador Sérgio
Zambiasi (PTB-RS), por uma
série de fatores: a substituição
de Mozarildo; o peso no Estado
de ficar do lado oposto a Pedro
Simon (PMDB-RS); e uma suposta nomeação não contemplada para a diretoria do Banco
do Brasil -que ele nega.
"Criou-se um desconforto e a
bancada vai discutir a possibilidade de atuar de forma independente. Mas não tenho indicações para nenhum cargo",
disse Zambiasi.
No PR, há a resistência já conhecida de Expedito Júnior
(RO), e um novo entrave, que
envolve Magno Malta (ES). Nos
dois casos, lideranças do próprio partido admitiram que
também se trata de nomeações
para cargos públicos.
Magno Malta estaria irritado
com a demissão de Danilo
Queiroz na Companhia Docas
capixaba. Ele teve que dar lugar
a Hugo Amboss de Lima, que é
definido, no próprio site da
companhia na internet, como
sendo uma indicação do PT.
Expedito teria perdido a disputa por nomeações no Dnit
(Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes) de Rondônia para o líder do
PMDB, Valdir Raupp.
A tarefa de tentar demover
Expedito foi delegada ao ministro Alfredo Nascimento
(Transportes), cujo argumento
é a liberação de R$ 470 milhões
para Rondônia por meio do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento). Expedito é
aliado do governador Ivo Cassol (PPS).
No PMDB, o voto de Jarbas
Vasconcelos (PE) é considerado irreversível, mas o governo
"trabalha" pelos de Valter Pereira (MS) e Pedro Simon (RS).
No caso de Pereira, a tendência
é que ele indique diretores do
Ibama e do Incra no Estado.
O voto do senador Mão Santa
(PI) será "trabalhado" pelo presidente do PMDB, Michel Temer (SP). "As declarações do
senador Mão Santa não têm sido tão contundentes, então vou
conversar com ele na próxima
semana, mais para ouvir o que
tem a dizer", afirmou Michel
Temer.
Pelo voto de Simon, além de
buscar um apelo da governadora gaúcha Yeda Crusius
(PSDB), o ministro Guido
Mantega (Fazenda) deverá
procurá-lo pessoalmente.
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