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Candidatos do PT cresceram no final, diz diretora do Ibope
DA REPORTAGEM LOCAL
A diretora-executiva do Ibope,
Márcia Cavallari, afirma que todos os candidatos do PT cresceram na reta final.
Folha - Por que a divergência entre as pesquisas e os números do
TSE da eleição para senador?
Márcia Cavallari - Foram votados
dois candidatos ao Senado e o resultado das pesquisas que estavam sendo divulgadas ao longo
da campanha mostrava o índice
de cada candidato em cima do total de eleitores. Na hora em que o
TSE começou a divulgar os resultados, eles somaram os votos nominais, recalculando esses percentuais.
Folha - Eles calcularam para cada
uma das vagas?
Márcia - Isso. Os votos de cada
um em relação às duas vagas, em
cima de todos os votos nominais.
Então, não é uma comparação direta. Se você calcular a pesquisa
do Ibope da mesma forma que o
TSE divulgou a apuração, [Aloizio" Mercadante teve 28% na nossa boca-de-urna, e no TSE ele teve
30%. A confusão foi criada pela
base de comparação.
Folha - Com relação à performance do Ibope na pesquisa presidencial, o que fugiu à expectativa de
vocês?
Márcia - A avaliação tem de ser
feita sobre o conjunto das informações que foram fornecidas ao
longo da campanha. Desde nossa
pesquisa do dia 14 de setembro o
Lula vem apresentando um percentual de votos válidos na casa
de 48%. Depois eu tenho 45%,
48%, 48%, na pesquisa da véspera
a gente achou um pouquinho
mais, 50%, e na da boca-de-urna,
49%. A tendência desses números
é essa. O [José" Serra teve 22%,
22%, 21%, 21%, 22%, na boca-de-urna, 20%. E ele teve 23% no TSE.
Folha - Nessa série, o final ficou
fora da margem de erro...
Márcia - Essa série faz com que a
margem de erro seja minimizada.
Você tem que ver o conjunto, porque uma pesquisa sozinha pode
oscilar muito mais do que o conjunto de informações que você está tendo.
Folha - É preciso observar a curva?
Márcia - Sim, porque numa pesquisa só você pode sofrer oscilações amostrais e intervenções de
outras variáveis que podem provocar uma variação em relação ao
histórico. No conjunto, em todo o
processo eleitoral e desde meados
de setembro, o Ibope dizia que
Lula tinha cerca de 48% dos votos
válidos. Acabou tendo 46%. O
Serra estava na casa dos 21%, 22%
e acabou tendo 23%. A pesquisa
não vai ter uma precisão milimétrica porque há variáveis que fogem ao controle dos institutos,
como número de indecisos que
podem na reta final decidir homogeneamente por um candidato, o erro voluntário na urna eletrônica.
Folha - O caso do Genoino, em
São Paulo, pode ser incluído nessas
variáveis?
Márcia - Na pesquisa da véspera
a gente pegou o [José" Genoino
um ponto na frente do Maluf. No
caso dos candidatos aos governos
de uma maneira geral, o que a
gente percebe é que a eleição presidencial tomou a atenção do eleitorado num primeiro plano, e as
decisões de voto para governo e
Senado ficaram num segundo patamar. Na última semana a gente
tinha um número grande de indecisos. O que a gente percebeu é
que todos os candidatos do PT
cresceram muito na reta final, em
cima dos indecisos. O Lula acabou puxando o voto desses indecisos. Deu uma onda petista forte.
Folha - Já que a urna eletrônica é
uma realidade definitiva, seria o
caso de no futuro os institutos passarem a usar o equipamento para
pesquisar a intenção de voto dos
eleitores?
Márcia - Por mais que a gente faça isso, se aproxime da situação
real do eleitor, na pesquisa a gente
vai estar captando a intenção de
voto e não o voto real. O voto real
ele pode mudar na boca da urna,
na fila, e a gente não vai pegar
nunca. Com relação aos erros na
votação, essa foi a primeira eleição em que a gente votou eletronicamente para seis cargos. O
eleitorado passa por um processo
de aprendizado e essa questão será minimizada nas próximas eleições.
Folha - Em alguns Estados, o Ibope trabalhou com uma margem de
erro bastante elástica nas pesquisas. Isso não prejudicou o resultado?
Márcia - Essa margem de erro
grande aconteceu em alguns lugares. A gente fez pesquisa em Roraima com 400 entrevistas, em
outros lugares com 600. É uma
questão levada ao cliente: você
quer fazer isso, sua verba é essa?
Vai ter a margem de erro grande.
Mas mesmo com as margens de
erro grande, as tendências foram
detectadas, com exceção de três
Estados. Na Paraíba a gente não
conseguiu em nenhum momento
detectar a realização do segundo
turno; no Mato Grosso do Sul,
não pegou a movimentação que
levaria ao segundo turno; e, no
Pará, não apontou que a disputa
do Simão Jatene seria com a candidata Maria do Carmo, mas com
o Ademir Andrade.
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