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SEGUNDO TURNO
Petista afirma que FHC e equipe econômica "brincam de fazer terrorismo" e que é preciso "tratar com carinho da moeda"
Governo explora economia frágil, diz Lula
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, acusou o governo de estar explorando a fragilidade da economia brasileira com propósitos eleitorais.
Foi uma resposta a declarações
feitas pela coligação tucana, que
anteontem relacionou a vitória de
Lula à possibilidade de o Brasil
passar por crises como as da Argentina, que vive a pior recessão
de sua história, e da Venezuela,
em que há ameaça de destituição
do governo por oposicionistas.
"O que não pode é o governo ficar brincando de fazer terrorismo
com a economia brasileira, que é
frágil. O Brasil tem potencial, mas
não se pode brincar com coisa séria", declarou o petista, após rápida visita feita à senadora eleita
Roseana Sarney (PFL-MA), que
se recupera de cirurgia para retirada de nódulos benignos no seio,
no hospital Sírio-Libanês.
Antes de saber do anúncio de
novas medidas do Banco Central
para controlar o dólar, que se
aproximou nessa semana do patamar de R$ 4, Lula cobrou ação
mais firme do governo no controle da moeda norte-americana.
"Até o dia 31 de dezembro, o
presidente e sua equipe econômica precisam tratar com carinho da
moeda brasileira. O governo não
pode permitir que o dólar continue assustando a sociedade brasileira", afirmou.
O PT tem procurado jogar a responsabilidade sobre a crise financeira na conta do atual governo,
tentando desvinculá-la do receio
dos mercados à vitória do petista.
Todos os esforços vem sendo
feitos pelos lulistas para evitar que
o que classificam como "terrorismo econômico" tenha efeito semelhante ao de março e abril,
quando, avalia o PT, seu presidenciável ficou em uma posição
defensiva.
Petistas apontam, no entanto,
uma diferença. No primeiro semestre, o partido estava vulnerável, porque não havia explicitado
seu compromisso com a estabilidade e falava abertamente em
"ruptura". Desde então, Lula fez
vários gestos em direção ao mercado, incluindo o aval ao acordo
com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Bronca
Sem especificar as medidas que
o governo poderia adotar, Lula
disse que existem "mecanismos
que poderiam ser utilizados".
Como já fez anteriormente na
campanha, o presidenciável petista disse ainda que o PT já expôs na
campanha seu compromisso com
a estabilidade econômica, o respeito aos contratos e a manutenção do superávit primário.
"Volto a repetir. O PT no mês de
junho apresentou um documento, chamado Carta ao Povo Brasileiro, em que está delineado seu
compromisso com as questões
econômicas", afirmou.
Outro petista que se empenhou
no contra-ataque ontem foi o governador reeleito do Acre, Jorge
Viana. Um dos petistas mais próximos do Planalto, Viana cobrou
do presidente Fernando Henrique Cardoso que faça uma declaração pública para neutralizar a
turbulência financeira.
"O presidente tem que falar sobre o dólar. É necessário um posicionamento para separar a especulação da eleição para presidente. O presidente precisa ter uma
posição mais ativa", afirmou.
Viana também sugeriu que Fernando Henrique dê uma "bronca" em seu candidato pelas declarações feitas contra Lula.
"O presidente deveria chamar a
atenção do candidato do governo
[Serra], repreendê-lo por estar
tentando conseguir alguns pontos
a mais na pesquisa e pondo em
risco o país", disse.
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