São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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SEGUNDO TURNO

Petista afirma que FHC e equipe econômica "brincam de fazer terrorismo" e que é preciso "tratar com carinho da moeda"

Governo explora economia frágil, diz Lula

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, acusou o governo de estar explorando a fragilidade da economia brasileira com propósitos eleitorais.
Foi uma resposta a declarações feitas pela coligação tucana, que anteontem relacionou a vitória de Lula à possibilidade de o Brasil passar por crises como as da Argentina, que vive a pior recessão de sua história, e da Venezuela, em que há ameaça de destituição do governo por oposicionistas.
"O que não pode é o governo ficar brincando de fazer terrorismo com a economia brasileira, que é frágil. O Brasil tem potencial, mas não se pode brincar com coisa séria", declarou o petista, após rápida visita feita à senadora eleita Roseana Sarney (PFL-MA), que se recupera de cirurgia para retirada de nódulos benignos no seio, no hospital Sírio-Libanês.
Antes de saber do anúncio de novas medidas do Banco Central para controlar o dólar, que se aproximou nessa semana do patamar de R$ 4, Lula cobrou ação mais firme do governo no controle da moeda norte-americana.
"Até o dia 31 de dezembro, o presidente e sua equipe econômica precisam tratar com carinho da moeda brasileira. O governo não pode permitir que o dólar continue assustando a sociedade brasileira", afirmou.
O PT tem procurado jogar a responsabilidade sobre a crise financeira na conta do atual governo, tentando desvinculá-la do receio dos mercados à vitória do petista.
Todos os esforços vem sendo feitos pelos lulistas para evitar que o que classificam como "terrorismo econômico" tenha efeito semelhante ao de março e abril, quando, avalia o PT, seu presidenciável ficou em uma posição defensiva.
Petistas apontam, no entanto, uma diferença. No primeiro semestre, o partido estava vulnerável, porque não havia explicitado seu compromisso com a estabilidade e falava abertamente em "ruptura". Desde então, Lula fez vários gestos em direção ao mercado, incluindo o aval ao acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Bronca
Sem especificar as medidas que o governo poderia adotar, Lula disse que existem "mecanismos que poderiam ser utilizados".
Como já fez anteriormente na campanha, o presidenciável petista disse ainda que o PT já expôs na campanha seu compromisso com a estabilidade econômica, o respeito aos contratos e a manutenção do superávit primário.
"Volto a repetir. O PT no mês de junho apresentou um documento, chamado Carta ao Povo Brasileiro, em que está delineado seu compromisso com as questões econômicas", afirmou.
Outro petista que se empenhou no contra-ataque ontem foi o governador reeleito do Acre, Jorge Viana. Um dos petistas mais próximos do Planalto, Viana cobrou do presidente Fernando Henrique Cardoso que faça uma declaração pública para neutralizar a turbulência financeira.
"O presidente tem que falar sobre o dólar. É necessário um posicionamento para separar a especulação da eleição para presidente. O presidente precisa ter uma posição mais ativa", afirmou.
Viana também sugeriu que Fernando Henrique dê uma "bronca" em seu candidato pelas declarações feitas contra Lula.
"O presidente deveria chamar a atenção do candidato do governo [Serra], repreendê-lo por estar tentando conseguir alguns pontos a mais na pesquisa e pondo em risco o país", disse.


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