São Paulo, sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

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Planalto pressiona, e PT altera plano de governo de Dilma

Lula reclama e cúpula petista admite que foi erro não mencionar no texto que futura gestão manteria a atual política econômica

Nova versão deve conter acenos à iniciativa privada; documento será lido dia 18, no congresso em que Dilma será lançada candidata do PT


VALDO CRUZ
FABIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressionado pelo Palácio do Planalto, o PT vai fazer ajustes na sua proposta de governo da futura candidata Dilma Rousseff à sucessão de Lula, mas o tom mais à esquerda do texto preliminar foi proposital.
Nas palavras de um dirigente do partido, cabia ao PT "puxar para a esquerda" para depois negociar um programa final da ministra Dilma com os demais partidos da futura aliança, principalmente o PMDB.
A cúpula do partido reconhece que foi erro não mencionar no texto que o futuro governo manteria a política econômica de Lula -metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal. O presidente não teria gostado da falta de menção à sua política econômica.
Segundo um membro da cúpula partidária, "ficou faltando essa parte", que não tem sentido ficar de fora principalmente depois que o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que o candidato tucano José Serra, se ganhar, mudará a atual política econômica.
O texto sofrerá ajustes, deixando claro que um futuro governo Dilma será uma continuidade do atual, com aprofundamento das medidas adotadas no segundo mandato -fortalecimento de bancos públicos e estatais como indutores do crescimento econômico.
A nova versão também deve conter mais acenos à iniciativa privada, reforçando que, sem os empresários, o papel do Estado como indutor não se sustenta.
O coordenador da comissão que elabora o documento, o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, finalizava ontem o texto que será apresentado ao 4� Congresso do PT, que começa dia 18. Os delegados podem alterar o texto.
O evento também terá a leitura de um manifesto de lançamento da candidatura de Dilma, com a trajetória política e pessoal da ministra, incluindo sua participação no PDT (sigla a que estava filiada até 2001).
Mas a versão preliminar do texto, segundo a Folha apurou, omite pontos polêmicos da biografia dela, como a participação num grupo que realizou ações armadas contra o regime militar, bem como sua prisão e tortura. Esse período será tratado numa breve referência à "luta contra o autoritarismo" durante a juventude da ministra.


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