São Paulo, sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

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Filiados do DEM deixam governo; vice é poupado

MARIA CLARA CABRAL
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Minutos depois de a Justiça determinar a prisão do governador José Roberto Arruda, a Executiva Nacional do DEM determinou que todos os seus filiados deixassem os cargos no governo do Distrito Federal. O partido, porém, poupou o vice-governador Paulo Octávio.
De acordo com o presidente nacional da legenda, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), a situação do vice é diferente porque ele foi eleito pela população e não indicado por Arruda. "Com o que apareceu até agora avaliamos que não temos nada contra; se tiver daqui para frente, é outra circunstância."
O líder do partido na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), alega que nenhuma representação contra o vice foi apresentada internamente, e por isso o partido não tem como tomar nenhuma decisão.
Já o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) voltou a dizer ontem que vai pedir intervenção no Diretório Estadual da legenda, cujo presidente é o próprio Paulo Octávio. "Todo o diretório tem que ser dissolvido e se ele preferir não ir adiante no governo, pelo fato de ele ter apoiado o governo Arruda, é sinal de que ele está intranquilo."
Paulo Octávio também foi citado como beneficiário das supostas propinas do mensalão. Ele nega envolvimento.
Além de poupar Paulo Octávio, lideranças do DEM se apressaram para tentar evitar mais desgastes para a sigla.
O líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN), foi ao plenário para dizer que o governador foi "defenestrado" assim que as imagens dele recebendo dinheiro foram divulgadas.
A prisão de Arruda também repercutiu negativamente no PSDB, principal aliado do DEM. O líder tucano na Câmara, João Almeida (BA), praticamente descartou uma aliança com os companheiros no DF. Para ele, o DEM está sem condições de liderar um processo eleitoral. "Ainda temos tempo de fazer mudanças na aliança local, mesmo com o Paulo Octávio permanecendo no cargo."
Demais lideranças políticas classificaram a prisão de Arruda como "positiva". A senadora Marina Silva (PV-AC), pré-candidata à Presidência, disse que "a sociedade brasileira espera que haja punição para os casos de desvio, corrupção e abuso de poder envolvendo políticos". O mesmo considerou Pedro Simon (PMDB-RS). "Só se prendia no Brasil ladrão de galinha."
Dos senadores de Brasília, só Adelmir Santana (DEM) se manifestou. "O pedido de prisão deveria ter partido do Legislativo local. [A decisão] abriu um precedente extremamente perigoso com relação à interpretação da Constituição."


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