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Filiados do DEM deixam governo; vice é poupado
MARIA CLARA CABRAL
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Minutos depois de a Justiça
determinar a prisão do governador José Roberto Arruda, a
Executiva Nacional do DEM
determinou que todos os seus
filiados deixassem os cargos no
governo do Distrito Federal. O
partido, porém, poupou o vice-governador Paulo Octávio.
De acordo com o presidente
nacional da legenda, deputado
federal Rodrigo Maia (RJ), a situação do vice é diferente porque ele foi eleito pela população e não indicado por Arruda.
"Com o que apareceu até agora
avaliamos que não temos nada
contra; se tiver daqui para frente, é outra circunstância."
O líder do partido na Câmara,
deputado Paulo Bornhausen
(SC), alega que nenhuma representação contra o vice foi
apresentada internamente, e
por isso o partido não tem como tomar nenhuma decisão.
Já o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) voltou a dizer
ontem que vai pedir intervenção no Diretório Estadual da legenda, cujo presidente é o próprio Paulo Octávio. "Todo o diretório tem que ser dissolvido e
se ele preferir não ir adiante no
governo, pelo fato de ele ter
apoiado o governo Arruda, é sinal de que ele está intranquilo."
Paulo Octávio também foi citado como beneficiário das supostas propinas do mensalão.
Ele nega envolvimento.
Além de poupar Paulo Octávio, lideranças do DEM se
apressaram para tentar evitar
mais desgastes para a sigla.
O líder do partido no Senado,
José Agripino Maia (RN), foi ao
plenário para dizer que o governador foi "defenestrado" assim
que as imagens dele recebendo
dinheiro foram divulgadas.
A prisão de Arruda também
repercutiu negativamente no
PSDB, principal aliado do
DEM. O líder tucano na Câmara, João Almeida (BA), praticamente descartou uma aliança
com os companheiros no DF.
Para ele, o DEM está sem condições de liderar um processo
eleitoral. "Ainda temos tempo
de fazer mudanças na aliança
local, mesmo com o Paulo Octávio permanecendo no cargo."
Demais lideranças políticas
classificaram a prisão de Arruda como "positiva". A senadora
Marina Silva (PV-AC), pré-candidata à Presidência, disse que
"a sociedade brasileira espera
que haja punição para os casos
de desvio, corrupção e abuso de
poder envolvendo políticos". O
mesmo considerou Pedro Simon (PMDB-RS). "Só se prendia no Brasil ladrão de galinha."
Dos senadores de Brasília, só
Adelmir Santana (DEM) se manifestou. "O pedido de prisão
deveria ter partido do Legislativo local. [A decisão] abriu um
precedente extremamente perigoso com relação à interpretação da Constituição."
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