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Vampiros atuaram em mais 8 órgãos públicos, afirma PF
Gravações telefônicas mostram Lilico, lobista e irmão de Luiz Fleury, negociando contratos com o IRB e a BR Distribuidora
"Vamos juntar nossos "feelings", o seu para o mercado e o meu para a sacanagem?", diz ele em um diálogo a um outro lobista
ANDRÉA MICHAEL
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes do mesmo grupo
acusado pelo Ministério Público de fraudar licitações para a
compra de medicamentos no
Ministério da Saúde teriam
tentado promover negócios ilegais em ao menos mais oito órgãos públicos, segundo investigação da Polícia Federal.
Na Operação Vampiro, a PF
encontrou indícios de tráfico
de influência na Petrobras, na
BR Distribuidora, na Infraero,
nos ministérios das Comunicações e da Previdência, no INSS
(Instituto Nacional do Seguro
Social), no IRB (Instituto de
Resseguros do Brasil), no fundo
de pensão Nucleos (Eletrobrás)
e na Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
São apontados como pivôs
dos contatos os lobistas Frederico Coelho Neto -o Lilico, irmão do deputado Luiz Antônio
Fleury (PTB-SP)-, Laerte Correa Júnior e Eduardo Pedrosa.
Em diálogos telefônicos gravados entre janeiro e março de
2004, os três revelaram ter
acesso à agenda de executivos e
técnicos instalados em órgãos
públicos e estatais. Os contatos
seriam o meio de fechar negócios com a iniciativa privada.
Lilico refuta as acusações de
que cobraria comissão sobre
negócios fraudulentos. Nega
praticar tráfico de influência,
mas confirma que agendou
reuniões na BR Distribuidora.
Ele teria contatado um diretor para encampar um projeto
de controle de consumo de
combustível. O empresário
queria vender a tecnologia de
um chip, que instalado nas
bombas de gasolina das distribuidoras, registra o quanto cada veículo consome.
IRB
Já no IRB, Lilico tinha o amigo Luiz Apolônio Neto, membro da diretoria. Saiu do cargo
em junho de 2005, durante a
investigação do mensalão.
Para o IRB, o produto a vender seria certificação digital de
documentos. Segundo Lilico, o
contato não foi feito, porque
Apolônio não era da área responsável pelo possível negócio.
Lilico ingressou no suposto
esquema apontado pela PF
porque, em parceria com Pedrosa, queria vender ao Ministério da Saúde um projeto para
entregar remédios para idosos
em casa. Não conseguiu.
Segundo a PF, havia dois grupos de lobistas em ação no ministério. Um seria ligado ao então ministro Humberto Costa e
comandado por Jaisler Jabour.
O outro, associado ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, teria como chefe Correa Júnior.
Numa conversa de 26 de fevereiro com Correa, Lilico sugere: "Vamos juntar nossos
"feelings", o seu para o mercado
e o meu da sacanagem?".
Pedrosa também é um interlocutor ativo no grupo. Em 9 de
fevereiro de 2004, diz a Eduardo Vaz Musa, então gerente de
Engenharia da BR Distribuidora, que vai "conseguir uma parada nos próximos 15 dias aí",
"é muito grande". Diz que Musa
"vai se aposentar". O diretor
diz: "Fazemos qualquer negócio se for interesse da nação".
Em outra conversa, em 24 de
março, a dupla discute possíveis mudanças como o deslocamento do secretário-geral do
PT, Silvio Pereira, que teria influência política sobre a estatal,
para cuidar somente da eleição
municipal. Pergunta Musa: "E
agora, como é que vai ficar o
equilíbrio de forças aí? Quem
cuida das caixinhas, hein?"
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