S�o Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Tudo dobrado em Minas

Uma cidade com pouco mais de 3.000 habitantes, a 35 km de Juiz de Fora, em plena zona da mata mineira, corre o risco de at� o final deste ano entrar para a hist�ria. N�o que se trate de qualquer grande riqueza ou produ��o. O m�rito de Goian� est� em sua alta incid�ncia de g�meos.
Emerson Fr�is, um dos pesquisadores do departamento de Biologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, est� fazendo um estudo sobre o n�mero de g�meos nascidos na cidade. O resultado s� fica pronto no final do ano, mas ele j� afirma que poder� ser surpreendente. "A expectativa � que Goian� tenha mais de 20 casos de g�meos a cada 1.000 nascimentos", conta.
Esse n�mero representaria em uma �nica cidade a metade da incid�ncia de g�meos na Nig�ria -52 casos por 1.000-, o pa�s com o maior n�mero de g�meos do mundo.
Bernardo Beiguelman, um dos maiores geneticistas do pa�s e criador do departamento de gen�tica m�dica da Unicamp, explica que a taxa de g�meos monozig�ticos (univitelinos) nas popula��es � mais ou menos constante e varia de 3 a 4 casos por 1.000 nascimentos. Os g�meos dizig�ticos dependem da matura��o de mais de um �vulo e, por isso, a taxa � bastante vari�vel.
A grande quantidade de g�meos em Goian� chega a gerar confus�es. Nilson Sanches Dofen, 73, tinha um irm�o g�meo, Nelson, que morreu com apenas um ano e meio. Quando Nilson teve de se alistar no ex�rcito, descobriu que o �bito de seu irm�o havia sido registrado com o seu nome. A ele (Nilson) n�o restou outra alternativa a n�o ser adotar a identidade do irm�o morto (Nelson). Para Nilson (ou Nelson), "tanto faz". "Pode me chamar de qualquer nome", costuma dizer.
A hip�tese para explicar a alta incid�ncia de g�meos na cidade pode estar na ocorr�ncia de uma popula��o que permaneceu est�vel ao longo do tempo.
Segundo os pesquisadores, coincidentemente, as poucas fam�lias fundadoras da cidade j� deviam carregar o tra�o gen�tico (tend�ncia a ovular mais de uma vez) e, como n�o houve grandes movimentos migrat�rios em Goian�, mantiveram casamentos entre elas, perpetuando esse tra�o gen�tico.
Camila e C�ssia Silva de Oliveira t�m 9 anos. Sua av� materna, Geni Chagas da Silva, 68, � a sobrevivente de um parto de trig�meas. E elas n�o s�o o �nico par de g�meos entre seus netos.
No 'Arraial de Baixo', regi�o da cidade onde moram Camila e C�ssia, moram outros pares de g�meos, seus vizinhos. Em um raio de 100 m, percorrido em 15 minutos, foi poss�vel encontrar outros quatro pares.

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