S�o Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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L�ngua � parte da identidade

CYNARA MENEZES
DA ENVIADA ESPECIAL

Abertzale ou n�o, muita gente no Pa�s Basco se sente diferente do resto do povo espanhol. "A maioria das pessoas aqui sou se sente s� basco, ou pelo menos mais basco do que espanhol", disse � Folha o diretor de Pol�tica Lingu�stica de Vizcaya, Jon Ajuria.
Ajuria, que est� preparando um manual de Euskara, a l�ngua basca, para uso em empresas, diz se sentir basco. "N�o me sinto espanhol. � como os curdos. Uma parte pertence ao Iraque, outra � Turquia, mas s�o todos curdos", explica.
Um dos fatores deste "sentir-se basco" � justamente essa estranha l�ngua, de que nenhum fil�logo soube encontrar a origem segura. N�o possui rela��o com as l�nguas indo-europ�ias (como as de origem germ�nica, grega ou romana, por exemplo) ou com qualquer outra.
Idioma de resist�ncia
No Pa�s Basco, o uso do euskara est� diretamente ligado � pol�tica nacional. Durante o regime de Franco, foi proibido seu ensino nas escolas. A l�ngua poderia haver desaparecido, como estava previsto por alguns estudiosos, se os nacionalistas n�o a usassem como bandeira.
Resultado: quanto mais nacionalista se �, mais se usa o euskara. Na sede do Herri Batasuna, por exemplo, n�o se fala espanhol. J� no PNB, o eusakara e o espanhol s�o utilizados.
Uma pesquisa feita pelo governo basco no ano passado mostra que o uso da l�ngua vem aumentando no entorno familiar e entre os jovens. O PNB, por exemplo, oferece aulas di�rias para os funcion�rios que querem aprender o idioma.
A l�ngua � um fator importante de identidade para os bascos, mas, falado por apenas 22% da popula��o, n�o � o �nico.
"Eu respeito as pessoas que se sentem espanholas. Mas eu n�o me sinto", diz a atriz Pilar Mart�n, 24, militante do Herri Batasuna.
Em seguida, arremete contra os �cones da Espanha tradicional, tal como � conhecida nos guias tur�sticos, como fazem todos na regi�o para tentar explicar por que se sentem bascos, n�o espanh�is.
"Eu adoro o flamenco, como gosto de m�sica africana. � algo de fora. Este 'ol�, ol�' n�o tem nada a ver com a gente daqui", diz a atriz.
Se n�o fosse pela l�ngua, por�m, as alegadas diferen�as culturais n�o ficariam mais distantes do que as que existem entre a Bahia e o Rio de Janeiro, por exemplo: assim como a feijoada baiana � com feij�o mulatinho e o carioca � com feij�o preto, no Pa�s Basco tamb�m se come diferente.
N�o h� a famosa paella, que � valenciana, nem o cozido, que � madrilenho. Tampouco se come aqui tanto porco como no resto da Espanha -os bascos preferem carne de boi. Mas o "jam�n" (presunto cru salgado) de qualquer regi�o espanhola tamb�m est� aqui.
Mesmo fisicamente os bascos s�o diferentes. s�o mais altos, mais magros e, eles mesmo reconhecem, mas narigudos do que os outros espanh�is.

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