S�o Paulo, domingo, 20 de julho de 1997 |
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It�lia suspeita que dinheiro veio de neg�cio com m�fia
LUCAS FIGUEIREDO
Segundo apurou a Folha junto a autoridades argentinas, as coincid�ncias foram usadas como argumento pelos investigadores italianos para pedir ao Judici�rio da Argentina que convocasse Ricca, que mora em Buenos Aires, para um depoimento. As coincid�ncias s�o as seguintes: 1. A conta de Montevid�u da qual o empres�rio alagoano mandou sacar os US$$ 5 milh�es era do Hollandsh Bank Unie. Outra conta de PC no mesmo banco -aberta em uma ag�ncia de Roterd�, na Holanda- recebeu em 1993 dep�sitos no valor de US$ 2 milh�es do operador financeiro italiano Angelo Zanetti, identificado pela pol�cia da It�lia como administrador de uma rede de narcotr�fico internacional organizada pela m�fia da Cal�bria (regi�o ao sul da It�lia); 2. As duas contas no Hollandsh Bank Unie -de Montevid�u e Roterd�- tinham os mesmos titulares: os argentinos Jorge Osvaldo La Salvia e Luis Felipe Ricca. Codinomes Em Montevid�u, a Folha obteve informa��es sobre as duas contas junto a funcion�rios da ag�ncia do Hollandsh Bank Unie, situada � rua 25 de Mayo, n�mero 501. A conta tem como c�digo o nome Monte Tiberino e est� registrada com o n�mero 5020050. Segundo o "Dicion�rio Aur�lio", tiberino � aquilo que pertence ou est� relacionado com o rio Tibre, que banha Roma. Essa conta ainda est� em opera��o, conforme comprova dep�sito de US$ 50 feito pela Folha na quinta-feira passada. Funcion�rios do banco de Montevid�u disseram que a conta de Roterd� foi aberta sob o c�digo Marshall Compton. Ao pedir para fazer um dep�sito, a reportagem foi informada de que a conta j� havia sido fechada. No depoimento de Ricca, ao qual a reportagem teve acesso, o advogado argentino � questionado sobre as duas contas. "Essa soma de dinheiro (US$ 5 milh�es) foi movimentada no Banco Holand�s, ag�ncia Montevid�u", declarou o advogado aos investigadores italianos. Ricca afirmou expressamente que recebeu ordens de PC Farias para efetuar o saque do dinheiro para pagar deputados. Em seguida, ele citou a conta de Roterd�, no mesmo banco. "A conta Marshall Compton foi fechada por mim no dia 1� de julho de 1993, por telefone." Conex�o No depoimento, as autoridades italianas intercalaram perguntas sobre as contas de Montevid�u e Roterd�, deixando claro que buscavam uma conex�o entre ambas. Ricca foi questionado sobre "a data em que se verificou o epis�dio dos US$ 5 milh�es (em Montevid�u), e se a soma tinha passado pela conta Marshall Compton (de Roterd�)". Ricca respondeu: "O epis�dio dos US$ 5 milh�es se verificou um ou dois dias antes do julgamento pol�tico de Collor de Mello. Essa soma n�o foi transferida para sua conta Marshall Compton". A pol�cia italiana descobriu, depois, que o saque foi feito no dia 28 de setembro de 1992, um dia antes de a C�mara votar a abertura do impeachment de Collor. A Mesa da C�mara determinou, por�m, que, al�m de aberto, o voto dos deputados deveria ser proferido ao microfone. Isso fez com que muitos deputados que tinham a inten��o de votar em favor de Collor mudassem de id�ia para n�o desagradar a opini�o p�blica. Ao final, por 441 votos a favor, 38 contra, 1 absten��o e 23 aus�ncias, a C�mara acabou autorizando a instaura��o do processo de impeachment, provocando o afastamento de Collor e sua substitui��o pelo vice, Itamar Franco. Rogat�ria O advogado argentino foi ouvido pelos italianos por meio de uma rogat�ria -solicita��o feita pelo Judici�rio de um pa�s para que a Justi�a de outro cumpra atos processuais que fogem � jurisdi��o do pa�s solicitante. Ou seja, o fato de Ricca morar em Buenos Aires faz com que a Justi�a italiana n�o tenha o poder de convoc�-lo para depor, a n�o ser do modo como foi feito, por meio de uma permiss�o especial ao Judici�rio da Argentina. Texto Anterior: O inverno do tucano Pr�ximo Texto: La Salvia responde a processo no Brasil �ndice |
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