S�o Paulo, s�bado, 11 de mar�o de 1995
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Mil�o vive a influ�ncia americana na moda

COSTANZA PASCOLATO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM MIL�O

Fica claro nesta esta��o que Mil�o sobrevive como p�lo de moda porque cataliza e apresenta, na mesma �poca das cole��es do pr�t-�-porter de luxo, toda a for�a da produ��o da roupa italiana.
Eventos paralelos e show-rooms hiper-sofisticados conseguem tanto interesse por parte de compradores internacionais (e agora da imprensa) quanto os desfiles dos nomes consagrados. Todos andam � ca�a de novidades. Outro fen�meno importante � a "invas�o" dos estilistas americanos.
Os italianos (salvo poucas excess�es) n�o s�o grandes criadores. S�o grandes fabricantes industriais de passado artesanal, empresas familiares. Agora investem nos jovens americanos, ou outros, sempre treinados nos EUA.
Fica claro que o estilo de vestir americano � hoje dos mais influentes e que o mercado americano continua sendo dos mais importantes, al�m de conferir status. Uma esp�cie de "fazendo a Am�rica" como sucesso contempor�neo. (J� est� na cidade Anna Sui, sino-americana lan�ando linha fabricada na It�lia, Sui, com o mesmo jeit�o retr�-boudoir-tecno j� conhecido em Nova York.)

Armani
Em um momento em que todas as marcas de luxo �portanto, de pre�os altos, procuram interessar mulheres que gastam porque t�m profiss�o, Armani leva vantagem. Est� j� est� h� dez anos pr�ximo delas. Ele s� "balan�ou" quando a moda procurou mais fantasias, humor e inova��o. Agora, em vez de torturar seus cl�ssicos palet�s, cal�as e mant�s com detalhes e rebuscamentos que n�o lhe s�o naturais, aperfei�oou ainda mais o corte, deixou-o imponder�vel, e por isso feminino. N�o vamos esquecer que � a marca de luxo mais vendida em todo o mundo.

Versace
Versace � o grande mestre do barroco italiano. � delicioso em sua decad�ncia espl�ndida e reluzente, sua cafonice magn�fica e seu p� na rua, no alternativo, no que � sexy e camp. A energia de sua moda � tanta que seduz hordas de copiadores que (fazem o que � certo) levam tudo para a rua. S�o parecidos, baratos, ef�meros.
Para o inverno de 95 Versace prop�s duas mulheres: uma � esp�cie de executiva (parece mais querer divers�o) em tailleurs colantes bem cortad�rrimos, meio como Marilyn nos anos 50. Outra parece desocupada, perdida, com sua roupinha geom�trica curtinha, durinha, clarinha, usada com botas de cano alto. Como se sa�da de um filme de James Bond (o de Sean Connery).
O luxo ficou para o final: longos e l�quidos vestidos em veludo de seda moldaram top corpos reinventando curvas, nudez e discri��o.

Dolce & Gabbana
A dupla Domenico Dolce e Steffano Gabbana � talentosa, simp�tica (eles ainda n�o se sentem deuses) e a empresa bem-sucedida mais jovem da It�lia. Com suas duas marcas (Dolce & Gabbana e D&G), representam o estilo italiano contempor�neo no mundo todo.
Perfeita alfaiataria (na marca top) com a irrever�ncia que falta um pouco na moda italiana. A D&G, em sua segunda cole��o, mostrou que interpreta o estilo londrino, jovem e clubber de maneira discreta. Tem gra�a e � muito comercial. Mostram que sabem bem at� onde o italiano (bom burgu�s) quer e pode ser ousado.
Se a Dolce & Gabbana foi discreta sexy e feminina com modelagens alta costura anos 60 inspirados em Balenciaga, a D&G abusou dos pl�sticos, transpar�ncias, vinil, verniz, linhas geom�tricas e o esp�rito "Bond girl" (outra vez James Bond!).
Pensando bem, o que os garotos D&G fizeram foi quase igual (no esp�rito e tend�ncia) ao que fez Versace. S� que as "Bond girls" da D&G (bem acess�veis no pre�o) provavelmente se beneficiar�o do marketing e das arrasantes campanhas publicit�rias que Gianni Versace far� com os melhores fot�grafos do mundo, para tornar as suas irresist�veis.

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