S�o Paulo, quinta-feira, 3 de mar�o de 1994
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Cohen desorganiza mundo dos s�mbolos

IN�CIO ARAUJO
DA REDA��O

Filme: A Ambul�ncia
Produ��o: EUA, 1990, 92 min.
Dire��o: Larry Cohen
Canal: SBT, 21h55

"A Ambul�ncia" come�a por uma id�ia simples, realizada de maneira eficaz. Uma ambul�ncia recolhe pessoas que se sentem mal. O �nico problema � que essas pessoas come�am a desaparecer.
� tamb�m um filme de baixo or�amento, � moda de Larry Cohen. Existe, por fim, o produtor-diretor Cohen, dotado de uma irregularidade que provavelmente guarda rela��o com o custo de seus trabalhos.
A coisa d� certo em "A Ambul�ncia" em grande parte devido ao vago em que � mantida a a��o, levada como uma esp�cie de pesadelo: algo sucede a algu�m, uma ambul�ncia surge do nada, a pessoa some do mapa. N�o se conhecem os vil�es, nem seus objetivos, durante a maior parte do filme. S�o seres de pura imagem. E nem tanta imagem assim: como quase tudo se passa � noite e agem de modo r�pido e surpreendente, o espectador � convidado a participar de um mundo de puro signo.
A id�ia que temos feita de uma ambul�ncia � de um instrumento de sa�de. � disso que se valem os vil�es para enganar a vis�o dos demais envolvidos com o fato (parentes, policiais, espectadores).
Segue-se uma angustiante busca de hospital em hospital, em busca de informa��es sobre os pacientes. Cohen puxa com compet�ncia o fio de sua intriga, baseando-se em elementos m�nimos, como o aspecto sinistro que o ve�culo vai adquirindo ao longo do filme.
Paralelamente, existe o processo de aprendizado dos que tentam resgatar os desaparecidos. Trata-se de detectar uma t�pica opera��o de desinforma��o e, em segui-la, desarm�-la: em vez de aceitar aquilo que os signos d�o imediatamente a ver, passar a ler atrav�s deles.
N�o se trata de algo in�dito, sem d�vida. A vantagem da pequena produ��o, no caso, � criar um esqueleto de a��o, deixando �s claras o mecanismo de significa��o envolvido: como o sentido original � usado para desorganizar a percep��o e transformar o real.
No caso, estamos �s voltas com o que h� de mais sinistro (e Cohen trabalha seu suspense nessa perspectiva), que � a supress�o cient�fica de vidas por motivos torpes. Mas isso funciona como exeplo clamoroso. Todos os dias, todo mundo se v� �s voltas com situa��es an�logas. "A Ambul�ncia", sem ser uma obra-prima, � um filme informativo e intrigante. (In�cio Araujo)

O colunista JOS� SIM�O est� em f�rias durante o m�s de mar�o

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