S�o Paulo, ter�a-feira, 15 de fevereiro de 1994
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Fipe, Fipe, hurra

As autoridades econ�micas partiram para as folias de Momo com um bom motivo para comemorar. A infla��o, medida pela Fipe, registrou na primeira quadrissemana uma queda que surpreendeu o mercado. J� se previa uma alta dos pre�os menos intensa em fevereiro, mas as estimativas situavam-se na casa dos 39,5%, um ponto abaixo dos 40,5% de janeiro. Os 38,5% anunciados na semana passada ficam dois pontos abaixo de janeiro.
Ato cont�nuo, o Banco Central reduziu as taxas de juros nominais e os bancos privados revisaram tamb�m para baixo as taxas nominais oferecidas em instrumentos como os CDBs. Esse reposicionamento ajudou ainda a animar as Bolsas, j� aquecidas com o influxo de recursos de investidores externos.
Para o cidad�o comum, entretanto, � dif�cil encontrar motivos para comemorar. Em primeiro lugar porque as oscila��es da infla��o, nos �ltimos anos, para cima e para baixo, foram sempre acidentes de um percurso tendencial e irreversivelmente altista, apesar das "barrigas" e "solu�os". Al�m disso, no dia-a-dia do consumidor que convive com taxas superinflacion�rias, um ou dois pontos pouco significam.
A queda do primeiro �ndice Fipe de fevereiro se explica muito pelas altas menos intensas nos pre�os do item alimentos. Menos intensas, vale ressaltar, em compara��o com o per�odo anterior �o in�cio de janeiro, justamente quando os pre�os de alimentos chegaram a reajustes m�dios da ordem dos 70% ao m�s.
Parte da baixa de fevereiro, portanto, deve-se � base de compara��o, um per�odo de altas extraordin�rias. A pesquisa de pre�os do Datafolha publicada no �ltimo s�bado, entretanto, j� capta alguns sinais de retomada do f�lego altista em s�per e hipermercados. O Banco Central parece consciente do risco de superestimar a queda no �ndice, pois manteve praticamente inalterado o n�vel real dos juros. O perigo de baixar rapidamente os juros reais est� na possibilidade de a infla��o voltar a subir t�o inesperadamente quanto caiu, deixando o BC no contrap�. Os pr�prios t�cnicos da Fipe alertaram para o prov�vel reaparecimento de �ndices mais altos a partir do final de fevereiro.
Nessas circunst�ncias, embora seja importante reconhecer nos 38,5% da Fipe uma boa not�cia, o mais conveniente � deixar os hurras para depois, quando houver motivos definitivos para comemorar.

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