S�o Paulo, s�bado, 26 de novembro de 1994
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Lula rejeita PT como o 'partido do n�o'

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz In�cio Lula da Silva acha que o PT pode "quebrar a cara" se apostar no fracasso r�pido do futuro governo do tucano Fernando Henrique Cardoso e defendeu ontem que a legenda abandone a postura de "partido do n�o" no governo FHC.
"Se a gente achava que o projeto do Collor poderia durar at� dez anos, o projeto do PSDB pode ter f�lego para muitos mais anos", disse Lula ontem, em S�o Paulo, durante semin�rio do PT para avaliar a �ltima campanha do partido � Presid�ncia.
"S� vamos furar o bloqueio se conseguirmos mostrar � sociedade que as nossas propostas s�o melhores", acha o candidato derrotado � Presid�ncia da Rep�blica.
Ao defender publicamente uma nova rota para o partido, Lula apenas tornou oficial o que a grande maioria da c�pula petista pensa: acabou a fase da oposi��o sistem�tica do PT ao governo federal.
O racioc�nio da dire��o do PT � que a elei��o de FHC deu ao pa�s, pela primeira vez, um projeto pol�tico claro �"o neoliberalismo com vari�veis"� e que a imagem do partido est� desgastada, vista como sect�ria.
Desastres
Na outra ponta da avalia��o das causas de sua derrota na corrida presidencial, Lula atribuiu uma parte do resultado eleitoral ao desastre das candidaturas do PT aos governos estaduais.
"N�o d� para separar a elei��o para presidente da disputa para governador", disse. Lula argumentou com exemplos. Lembrou que, nos Estados em que o PT fez alian�as com for�as consistentes, sua vota��o, em geral, foi boa. "Tive 53% em Aracaju e s� 27% em S�o Paulo", comparou.
Na sucess�o estadual de Sergipe, o PT apoiou Jackson Barreto (PDT). Al�m de S�o Paulo, Lula citou Rio, Paran� e Minas como Estados em que sua candidatura n�o teve suporte de outras for�as expressivas fora do PT.
O balan�o definitivo das causas da derrota de Lula ser� feito na reuni�o de hoje e amanh� do Diret�rio Nacional, em S�o Paulo.
Pol�tica de alian�as
O deputado federal Jos� Genoino, o l�der mais expressivo da corrente rotulada de "direita" no espectro petista, defendeu, no semin�rio, a tese de que o fracasso eleitoral de Lula deveu-se � falta de alian�as com a centro-esquerda.
"No fim, a sociedade mostrou que queria uma governabilidade reformadora, sem susto e ruptura", avaliou Genoino.
Em linha diferente de Genoino, o deputado Jos� Dirceu (SP) apontou como uma das falhas da campanha de Lula a incapacidade de incorporar os setores desorganizados da sociedade. Dirceu criticou o "poder econ�mico" e a atua��o dos meios de comunica��o durante a disputa eleitoral, mas tamb�m citou, entre os problemas, a desorganiza��o do pr�prio PT.
Arremedo
"O PT precisa ser um partido, n�o o arremedo de partido que � hoje", disse Dirceu, ex-secret�rio-geral do partido. Dirceu afirmou que as finan�as, comunica��o e organiza��o da legenda vivem uma situa��o de "descalabro".
Os economistas petistas tamb�m levaram para o semin�rio o debate sobre o impacto do Plano Real nas elei��es. A corrente que prevaleceu durante a campanha defendia o controle social da infla��o atrav�s de instrumentos como as c�maras setoriais. Os expoentes dsessa corrente eram Aloizio Mercadante, Maria da Concei��o Tavares e Jorge Mattoso.
A outra ala, que queria ver Lula defendendo uma reforma monet�ria para domar a infla��o, era formada por Paulo Nogueira Natista Jr. e Eduardo Suplicy. "'S� que a luta interna do partido n�o deixou que fosse tomada posi��o", reclamou o economista Paul Singer.

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