S�o Paulo, ter�a-feira, 4 de outubro de 1994
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Emergentes buscam esp�lio de 'ca�dos'

CL�VIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

� f�cil medir a devasta��o pol�tica causada pelas elei��es presidenciais deste ano.
Basta apanhar fotos em que aparecem as grandes lideran�as consolidadas a partir do impeachment de Fernando Collor de Mello, feitas a 30 de setembro de 92, dia seguinte � decis�o da C�mara de autorizar o julgamento do ent�o presidente pelo Senado.
Estiveram na casa de seu sucessor, Itamar Franco, os l�deres do momento, quase todos eles, n�o por acaso, os principais ``presidenci�veis" de hoje.
Se as urnas confirmarem as pesquisas, todos ter�o perdido, exceto dois, Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissati, ent�o presidente do PSDB.
Mesmo assim, Tasso ainda � uma lideran�a apenas regional, at� porque a eventual vit�ria de FHC ofuscar� todos os demais.
Vale id�ntico racioc�nio para Roberto Freire (PPS-PE), tamb�m presente nas cenas de 30 de setembro de 92 e agora com grandes chances de se tornar senador.
Como tampouco h� quem aposte com seguran�a em um nome capaz de substituir o caudilho no comando do PDT.
J� h� at� uma incipiente articula��o para que os governadores a serem eleitos pelo partido se re�nam com Brizola, logo ap�s a apura��o, para discutir os rumos do partido.
Ser�o uma for�a emergente, mas s� dois deles s�o de Estados politicamente fortes o suficiente para pretender um papel nacional.
Trata-se de Jaime Lerner, prov�vel eleito no Paran� e j� no primeiro turno, e de Anthony Garotinho, com fortes chances de ir ao segundo turno no Rio.
O segundo grande derrotado � Orestes Qu�rcia (PMDB). Candidato do partido que ainda � o maior do pa�s, as inten��es de voto que exibe nas pesquisas beiram o ris�vel.
No caso do PMDB, o previs�vel � que se abra uma guerra interna formid�vel, at� porque o esp�lio � muito mais suculento do que o de Brizola. O PMDB tem tudo para continuar a ser o partido de maioria relativa no Congresso.
Tr�s grupos j� est�o de olho no comando da legenda. Haver� um quarto, comandado pelo governador de S�o Paulo, Luiz Ant�nio Fleury Filho, na hip�tese, hoje improv�vel, de levar seu candidato, Barros Munhoz, ao menos ao segundo turno em S�o Paulo.
Qu�rcia quer a legenda. Aposta no ``efeito Maluf", sucessivamente derrotado pela imagem de descaso para com o dinheiro p�blico a ele associada, mas finalmente vitorioso na disputa pela Prefeitura paulistana.
Para renascer das cinzas de 94, Qu�rcia precisa de uma legenda forte. Mas o grupo ga�cho do partido, comandado por Ant�nio Britto, com chances de ser governador, e pelo senador Pedro Simon, pretende despej�-lo para alguma microlegenda.
Por fora, corre o senador Jos� Sarney (PMDB-AP), que tamb�m n�o � palat�vel para o grupo ga�cho e, por isso mesmo, sempre manteve um p� no PFL.
Luiz In�cio Lula da Silva (PT) fecha o c�rculo dos derrotados, mas a hip�tese de um segundo turno, embora remota, muda a qualidade da derrota.
Ainda assim, est� aberta a discuss�o em torno de uma terceira candidatura consecutiva de Lula � Presid�ncia.
H� quem suponha que ele pr�prio resistir� a tentar uma terceira vez, hip�tese que coloca como ``presidenci�veis" petistas para 98 o vice de Lula, Aloizio Mercadante, e o ga�cho Ol�vio Dutra.
S�o ambos muito pr�ximos de Lula, o suficiente para que um deles se torne o delfim preferido.
� �bvio que pensar em 98 quando sequer se abriram as urnas de 94 tem alt�ssima dose de especula��o, mas dela tamb�m vive o mundo pol�tico.
A avalia��o mais ou menos consensual nesse peculiar universo � a de que um �xito, ainda que relativo, do governo FHC abrir� caminho para a tentativa de emendar a Constitui��o para incluir a reelei��o.
Se n�o for poss�vel, sempre na hip�tese de um governo mais ou menos bem-sucedido, o candidato governista sair� do ninho tucano: ou Mario Covas, se ganhar em S�o Paulo �dado que todo governador paulista � sempre um presidenci�vel em potencial�, ou Tasso Jeressaiti, o tucano mais afinado com FHC.
Se o governo desandar, as chances da oposi��o obviamente crescem, pela direita e pela esquerda. Nesta, o espa�o ainda dever� estar ocupado pelo PT. � direita, o prefeito paulistano Paulo Maluf volta a ser uma aposta.

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