Você respira direito?


Da Folha Online

Enquanto ainda somos bebês ou mesmo crianças, nossa respiração é bastante espontânea e profunda, percorrendo todo o nosso corpo. Com o passar do tempo, no entanto, nós nos condicionamos a ter uma respiração mais restrita, utilizando apenas a parte superior do peito. As principais causas dessa "economia" na hora de respirar estão diretamente ligadas a um tipo de vida sedentária e ao estresse diário.

E se a respiração está intrinsecamente ligada à condição de estar vivo, a respiração mais rápida significa (assim como acontece como qualquer outro animal), uma preparação do organismo para uma situação que exige reflexo imediato, uma situação de risco ou perigo iminente. A pessoa que vive constantemente em seu dia-a-dia envolvido nessa sensação de pressão, desenvolve ao longo do tempo uma respiração mais curta e rápida, conhecida pelos especialistas como hiperventilação crônica.

Na hiperventilação a pessoa tem sua respiração acelerada constantemente (e não apenas em momentos em que o organismo pede uma "preparação" para o perigo), respira pela boca e, consequentemente, engole e devolve uma quantidade de ar bem maior do que o necessário e mais rapidamente.

Reaprender a ter uma respiração mais integral e consciente, utilizando pulmões, diafragma, abdômen e costas pode reverter esse quadro de estresse e (literalmente) falta de fôlego. Somente dessa forma a energia consegue fluir de forma mais natural pelo corpo melhorando não só a saúde física, mas a mental e a emocional, proporcionando inclusive uma oportunidade de auto-conhecimento.

Primeiro é preciso entender como uma respiração profunda age no nosso organismo e porque ela é importante. Nesse processo, durante a aspiração do ar, os pulmões se enchem deslocando o diafragma para baixo. Esse movimento acaba abrindo caminho para que o ar penetre no abdômen, costas e pulmões. Quando o ar é expirado, o diafragma volta para cima massageando o coração e "fechando" novamente abdômen, costas e pulmões.

Também é importante que o ar entre e saia sempre pelo nariz, pois isso garante que o oxigênio que entra e o dióxido de carbono que devolvemos não sejam processados tão rapidamente, balanceando corretamente os índices desses gases no nosso sangue. Pesquisas demonstraram que se o dióxido de carbono é liberado muito rápido as artérias e veias que carregam o sangue se contraem, impedindo que o oxigênio atinja células suficientes.

A falta de oxigenação no cérebro, por exemplo, pode nos tornar mais tensos, ansiosos, irritados e até deprimidos. Em casos mais extremos, pode até acarretar em problemas de coração, asma e pressão alta. Muitas pessoas, mesmo sem perceberem, chegam a sofrer de hiperventilação crônica, entrando em "estado de alerta" várias vezes ao dia, tornando-se permanentemente apreensivas e mais suscetíveis a ataques de pânico.

Além dos exercícios próprios para respiração, outra maneira de ajudar a ter uma respiração mais natural é se movimentar diariamente, principalmente fazer alongamentos para compensar as horas que geralmente passamos sentados numa mesma posição. Quem malha desesperadamente e sonha com uma barriguinha dura e lisa, por outro lado, deve se lembrar que uma respiração profunda depende não só de força, mas também de flexibilidade. Nesse caso, a prática de ioga é bastante recomendada.

No final, podemos dizer que os benefícios de uma respiração completa é um metabolismo mais balanceado, uma melhor digestão dos alimentos que consumimos, mais energia fluindo livremente pelo corpo e, consequentemente, mais disposição e menos ansiedade no dia-a-dia.

Clique aqui e siga passo-a-passo um exemplo de exercício de respiração.