Um menino de 7 anos foi ferido na manhã desta quarta-feira (17), quando seguia para a escola, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Uma operação da Polícia Militar era realizada na comunidade no momento em que a criança foi atingida, por volta das 7h50.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirma que policiais militares faziam patrulhamento na região quando foram recebidos a tiros por criminosos na Viela Passarino.
A criança foi atingida no supercílio. A informação inicial era de que ela teria sido baleada, mas o boletim de ocorrência diz que o ferimento apresentado na criança "é superficial e pode ter sido em decorrência dos estilhaços ou de uma queda".
Em entrevista coletiva concedida na noite desta quarta, o porta-voz da PM disse que o menino não foi ferido por policiais.
"Não sabemos ainda o que feriu essa criança, pode ser sido um disparo dos bandidos ou pedaço de reboco, estilhaço ou uma queda", disse o coronel Massera, chefe da comunicação da PM. "As imagens das câmeras corporais, porém, nos dão certeza de que o menino não estava na linha de ação dos policiais", acrescentou.
Todos os policiais envolvidos na ocorrência usavam câmeras nos uniformes, segundo a corporação. As gravações, porém, só serão divulgadas ao fim do inquérito, em até 30 dias.
O coronel Massera disse ter visto as imagens e relatou ter observado a criança e sua mãe na rua quando o tiroteio começou. Segundo ele, os PMs estariam na frente da dupla quando algo atingiu o menino na cabeça, impossibilitando, ainda de acordo com Massera, que os policiais tenham responsabilidade na ocorrência.
"Tudo o que estamos falando é esclarecimento inicial. Ao longo das investigações alguma informação pode ser modificada, claro", completou o porta-voz da PM.
O ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Aparecido Silva, classificou a operação como "desastrosa". Para ele, a PM deveria ter calculado os riscos de fazer a operação num horário de grande movimentação de pessoas nas ruas.
"Foi uma ação infeliz e desastrosa, que colocou diversas vidas em risco, inclusive a da criança vítima e de outras crianças que iam para escola", afirmou o ouvidor.
O menino está internado em um hospital da zona sul, na companhia da mãe, e o quadro de saúde é estável. A família está sob escolta de um policial militar.
No local, o entre e sai de viaturas e policiais do 16º batalhão, responsável pelo patrulhamento em Paraisópolis, foi intenso durante todo o dia.
Imagens captadas após o tiroteio mostram policiais militares mexendo no local onde a criança teria sido ferida. Após a divulgação dessas imagens, o ouvidor das polícias disse que os PMs podem ter alterado a cena, o que configuraria fraude processual.
O porta-voz da PM negou qualquer intervenção. De acordo com a corporação, a princípio os policiais envolvidos no caso serão mantidos nas ruas.
Uma liderança local afirmou à reportagem que há dias a polícia faz operações na comunidade. O objetivo, segundo o relato, seria apreender drogas. Na última sexta (12), por uma ação da PM na favela resultou na apreensão de 419 kg de cocaína, além de 35 litros de lança-perfume.
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