O Instituto Socioambiental e a Hutukara Associação Yanomami, presidida por Davi Kopenawa, estão para lançar um livro robusto com relatos colhidos e escritos por pesquisadores yanomami sobre a devastação da floresta e as ameaças a seu povo nos anos recentes.
É uma oportunidade rara, considerando que a regra no mercado editorial e no noticiário têm sido olhares externos, nascidos de visões ocidentais, sobre a tragédia que se abate sobre os povos indígenas.
Os textos de "Diários Yanomami - Testemunhos da Destruição da Floresta" foram produzidos de 2021 a 2023, cobrindo principalmente o período do governo Jair Bolsonaro.
Os autores —Mozarildo Yanomami, Darysa Yanomami, Josimar Palimitheli Yanomami, Alfredo Himotona Yanomama e Marcio Hesina— trabalharam junto a suas comunidades com recortes e métodos narrativos distintos, num volume organizado por Alcida Ramos, Estêvão Senra e Corrado Dalmonego, este também responsável pela tradução em parceria com os autores.
O livro sai em versão bilíngue, em português e yanomami, e terá pré-venda no site da loja do ISA ainda este mês.
VIDA SECA A mexicana Cristina Rivera Garza foi a única vencedora do Pulitzer deste ano já com obra publicada no Brasil —o doloroso " O Invencível Verão de Liliana", sobre o assassinato de sua irmã. A Autêntica, que não é boba, já se prepara para lançar o próximo livro da autora, "Autobiografia do Algodão", com memórias do plantio de seus avós em campos que costumavam ser pacíficos e hoje abrigam a fronteira tensa do país com o Texas.
VIDA NOVA A Amarcord, selo lançado há poucos meses pela Record, contratou o catálogo da escritora e cineasta americana Miranda July, que vai voltar a ser bem editada no Brasil depois de um tempo de limbo. O lançamento mais quente de July, "De Quatro", deve sair em setembro, e não demoram para voltar às livrarias "O Primeiro Homem Mau", "O Escolhido Foi Você" e "É Claro que Você Sabe do que Estou Falando".
CONSTRUÇÃO A Feira do Livro, que acontece em São Paulo a partir de 29 de junho, está a todo vapor e acaba de confirmar mais três nomes de sua programação. Primeiro, a dupla de argentinos Michel Nieva, que publicou o ousado "Dengue Boy" pela Amarcord, e Betina González, do ainda inédito "A Obrigação de ser Genial", sobre criação literária, que sai pela Bazar do Tempo.
E DESCONSTRUÇÃO A outra novidade é a presença de Geni Núñez, psicanalista guarani que estourou com "Descolonizando Afetos", em que relaciona o pensamento indígena à desconstrução da monogamia. Sua editora, a Planeta, já investe em um novo livro dela, dessa vez de poemas, intitulado "Felizes por Enquanto - Escritos sobre Outros Mundos Possíveis". Sai no segundo semestre.
PARA GOSTAR DE LER A Planeta, aliás, lança neste mês um grande projeto de edição de clássicos da literatura brasileira, com organização da crítica Tatiany Leite. A ideia é dar um verniz pop e jovem a livros essenciais do nosso cânone, começando por "O Alienista", de Machado de Assis, que vem com ilustrações da artista plástica e tatuadora Malfeitona e prefácio da escritora Daniela Arbex. "Iracema", de José de Alencar, "Clara dos Anjos", de Lima Barreto, "Memórias de Martha", de Júlia Lopes de Almeida, e "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, são outros que já estão no prelo.
FLORES POR TODOS OS LADOS E, ainda da mesma editora, o romance "A Maldição das Flores" tem contrato para sair em nada menos que sete países. A obra de Angélica Lopes, sobre mulheres rendeiras do interior de Pernambuco, alcançará em breve Itália, França, Polônia, Estados Unidos, Portugal, Turquia e Romênia.
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