No Rio Grande do Sul, sobe para mais de 120 o número de mortos. São 146 desaparecidos, 756 feridos, 70 mil desabrigados e quase 2 milhões de pessoas afetadas.
O Maranhão também sofre com o clima. Subiu para 30 o número de cidades que decretaram situação de emergência no estado devido às fortes chuvas, que provocaram cheias de rios e riachos. Várias da região do Matopiba sofrem em consequência da cultura de soja e eucalipto.
Desastres como o do RS não serão mais eventuais. O climatologista Carlos Nobre nos faz um alerta e explica que eventos extremos causados pelas mudanças climáticas serão cada vez mais frequentes e fazem parte de um fenômeno que não pode mais ser evitado. Em entrevista para o site Congresso em Foco, Nobre afirma que o negacionismo climático, sobretudo dos políticos brasileiros, favorece a ocorrência desse tipo de evento.
"Não podemos aceitar mais o negacionismo climático. A população brasileira é muito pouco negacionista, mas quando a gente vai na classe política aumenta muito. O nível de políticos que não querem aprovar orçamentos que vão nessas medidas de aumentar muito a resiliência dos brasileiros com relação aos extremos climáticos é alto. Então nós temos realmente muito a mudar nessa postura política", diz o cientista.
Porém, mesmo diante da emergência, a boiada continua passando no Congresso e o negacionismo continua matando e colocando vidas em risco.
Nesta semana, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 1366/22, do Senado, que exclui a silvicultura do rol de atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais. A atividade de plantio de florestas para extração de celulose (pinhos e eucaliptos) não precisará mais de licenciamento ambiental e não estará sujeita ao pagamento da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TFCA).
Além disso, tramitam no Congresso 25 projetos de lei e três propostas de emenda à Constituição que, caso aprovados, "causarão dano irreversível aos ecossistemas, aos povos tradicionais, ao clima global e à segurança de todos", afirmou o Observatório do Clima em entrevista à Agência Pública.
Entre essas proposições, dois PLs se destacam como especialmente prejudiciais ao Rio Grande do Sul. O primeiro busca criar a Lei Geral do Licenciamento Ambiental (PL 2.159/2021). Essa lei é apontada como carro-chefe do "pacote da destruição".
O clima mudou e a política também precisa mudar. Devemos cobrar agora dos parlamentares ações e medidas que protejam as pessoas e a natureza antes que o desastre aconteça.
Todos os projetos de lei do pacote da destruição devem ser retirados de pauta.
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