O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), chamou Romeu Zema (Novo) de "marionete de Bolsonaro", nesta segunda (4), e acusou o governador de Minas Gerais de tentar boicotar um acordo com o governo Lula em busca de uma solução para a dívida do estado.
"O governador ganhou as eleições e não desceu do palanque. Ele virou, efetivamente, de forma vigorosa, uma marionete do ex-presidente Bolsonaro", disse Silveira.
O ministro criticou as declarações recentes do governador mineiro sobre o presidente Lula em encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), encerrado neste sábado (2).
Zema disse que considera haver imparcialidade na Justiça em relação às investigações dos atos golpistas de 8 de janeiro.
"A Justiça no Brasil, no meu entender, tem demonstrado que muitas vezes tem julgado de acordo com interesses políticos e não de acordo com a lei. E isso me parece que ficou bastante acentuado nesses últimos 14 meses", disse Zema no encontro.
A declaração causou a reação do ministro Silveira.
"Ele [Zema] ataca o Judiciário, na minha opinião, de forma covarde e irresponsável quando diz que o Judiciário tem sido parcial e tem perseguido as pessoas. Ele deveria apontar nomes. Ele fez ataques, também, muito graves ao presidente Lula."
Acerto de contas
O ministro avalia que Zema força para que o acordo sobre a dívida de cerca de R$ 160 bilhões de Minas Gerais com a União não saia do papel.
"Eu chego até a pensar que ele força a mão para que o acordo não aconteça e que seja aprovado o Regime de Recuperação Fiscal, que penaliza os servidores da segurança, da saúde, da educação, que vai afetar a qualidade desses serviços."
No encontro, Silveira disse que o presidente Lula está sensível à questão da dívida de Minas Gerais e sempre o pergunta como andam as negociações.
O ministro também afirmou que o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, tem trabalhado junto à bancada mineira de parlamentares para chegar a uma solução.
Como noticiou o Painel S.A., o governador foi obrigado a se sentar à mesa de negociação com o governo federal para federalizar a Cemig e outras estatais como forma de amortizar o principal da dívida.
O plano de Zema, segundo pessoas que participaram das conversas, era pagar somente o serviço da dívida (juros). Essa solução, no entanto, o fragiliza politicamente em seu reduto eleitoral.
A solução para a dívida do estado passa pelas mãos de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, que, até o momento, é o nome preferido de Lula para disputar o governo de Minas Gerais nas próximas eleições.
Caberá ao Congresso baixar leis permitindo a incorporação das estatais mineiras às empresas federais controladas pela União.
Procurado, Zema não respondeu até a publicação deste texto.
Com Diego Felix
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