A presença na presidência das comissões de Constituição e Justiça e de Educação de dois deputados afeiçoados a pautas retrógradas e atuações estranhas aos temas dos colegiados indica desapreço do partido de ambos, o PL, para com o bom andamento dos trabalhos da Câmara.
Isso é uma coisa. Outra é o ambiente de alarme estridente que se formou em torno do assunto. Soa um tanto artificial diante de uma realidade inescapável: o PL tem a maior bancada do colegiado e, com isso, conquistou o direito a mais indicações. Cinco dentre as 19 já formadas das 30 comissões permanentes.
Se os indicados são radicais ou moderados, cabe ao partido escolher o rumo a seguir. Bolsonaristas ferozes, incompetentes, irresponsáveis, sejam quais forem suas qualificações e/ou desqualificações, são tão deputados quanto quaisquer outros.
Chegaram lá pelo voto. O que fazem com esse capital é responsabilidade de cada um. Depende, sobretudo, da relação de custo-benefício das legendas aos quais são filiados.
O presumido vexame, se confirmado, será prejuízo coletivo. Conta aí o discernimento das direções partidárias na contenção de danos. A agremiação contestada é aliada do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cujo pragmatismo não se coaduna com propósitos de transformar comissões em palcos de lacrações reacionárias-circenses.
Os presidentes dos grupos encarregados de examinar matérias antes do envio (ou não) ao plenário e de convocar autoridades têm poder, mas é limitado. Precisam administrar posições de até 66 integrantes entre titulares e suplentes de variadas correntes ideológicas.
O embate se dá ali. O governo, ainda mais se minoritário, não consegue influir nas indicações e, portanto, não é dele a responsabilidade pelas escolhas de Caroline de Toni (Comissão de Constituição e Justiça) e Nikolas Ferreira (Educação).
É do partido, e do conjunto da Casa, Lira incluído, a tarefa de conter provocações e zelar pelo decoro.
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