Acontece neste sábado, às 20h, no teatro Maria Dudé, no Itaim Bibi, em São Paulo, a apresentação do duo formado pela violinista Mica Marcondes e o percussionista Caíto Marcondes, seu pai.
O duo estreou no palco de um projeto de música ao vivo para cinema mudo, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, em 2000, acompanhando ao vivo o filme "Sinfonia da Metrópole" (1929). "Para surpresa e orgulho do pai, ela não errou uma única nota, apesar de ter apenas 15 anos de idade", disse em entrevista, exclusiva concedida ao blog o percussionista que também é compositor e arranjador.
Dono de uma sólida carreira, que abarca sete CDs, gravados no Brasil, Europa e nos Estados Unidos, Caíto Marcondes há muito contribui para a arte de amealhar os sons. Suas participações em álbuns de outros artistas são muitas, assim como as trilhas que compôs para cinema, obras orquestrais e shows com artistas reconhecidos como os cantores Milton Nascimento e Mônica Salmaso, o multi-instrumentista Hermeto Pascoal, o guitarrista John Scofield e o percussionista Naná Vasconcelos (1944-2016).
A familiaridade com a música também é grande por parte de Mica Marcondes. Com formação erudita, Mica desde a mais tenra idade absorveu, por meio do pai, a música instrumental brasileira de improvisação. A instrumentista participou de várias formações orquestrais como a OCAM - Orquestra de Camara da USP, sob regência de Gil Jardim, Orquestra Jazz Sinfônica e Sinfônica de São José dos Campos.
Leia, a seguir, a entrevista concedida por Caíto Marcondes.
Como você descreve a música do duo?
Música feita através do diálogo intimista entre pai e filha, que se respeitam e admiram, proporcionando uma forte cumplicidade e um resultado harmonioso e orgânico.
Há quanto tempo o duo existe?
Praticamente desde que Mica começou a estudar violino, com sete ou oito anos de idade. Eu costumava acompanhá-la ao piano desde os primeiros exercícios e depois que ela adquiriu mais desenvoltura, executando músicas do repertório brasileiro, como bossa nova e outros gêneros, onde sempre havia espaço para que ela improvisasse sobre alguns acordes.
Quais instrumentos vocês utilizam?
Mica utiliza um violino francês e pedais que possibilitam a ela tocar acordes e gravar bases para improvisar, e também a voz. Eu utilizo uma infinidade de instrumentos de percussão como o hang, o bodhran, pandeiro, tamburello, o controlador eletrônico zendrum e o cajongô que reúne cajon e bongô num só instrumento, além da voz.
Quem compõe e arranja para o duo?
Na maioria, as composições e arranjos são meus com participação e sugestões de Mica.
Comente três músicas deste show.
"Batendo na Madeira", por exemplo, é uma música composta por mim para um CD de trio, o duo mais contrabaixo acústico, inspirado para divulgar o lançamento do cajongô, que une o cajon e o bongô num só instrumento, concebido por Fábio Blanes, um ex-aluno e designer, e remodelado por mim.
"Dança do Sol" é outra música composta e arranjada por mim para os concertos com a Jazz Sinfônica e a Sinfônica do Paraná, que realizei com o violinista americano Tracy Silverman, parceiro desde a gravação do álbum "Porta do Templo", na California, em 1995, com o Turtle Island String Quartet, do qual Tracy era o primeiro violino.
Outra música do repertório do show é "Canoa Quebrada", composição minha para violoncelo, no intuito de testar um celista americano que participaria da gravação do meu DVD "Brazilian Contemporary Music", no Lincoln Center, em Nova York, em 2011. Esse álbum foi lançado pelo Selo Sesc, em 2013, com a participação de quatro músicos norte-americanos e da Mica, substituindo magistralmente um dos músicos que não tinha agenda para o lançamento, em São Paulo.
Qual o conceito desse show?
Liberdade com cumplicidade
O que as pessoas devem ter em mente quando forem assisti-lo?
Abstrair-se de tudo que já ouviram antes.
SHOW DUO MICA E CAÍTO MARCONDES
QUANDO Sábado, às 20h
ONDE Teatro Maria Dudé, r. Virgílio Várzea, 98, Itaim Bibi, São Paulo
QUANTO De R$ 25 a R$ 50 ingressos na plataforma sympla
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