Uma pesquisa de 2021 mostrou que a maioria dos jovens que morava em comunidade sonhava em ser gamer no futuro. De acordo com o Data Favela, essa foi a resposta de 96% dos mil entrevistados à época.
Contrariando essa estatística, crianças moradoras de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, responderam que sonham ser médicas, bombeiras e professoras.
O levantamento, realizado pela Pró-Saber SP, organização que busca fortalecer a educação integral de crianças e jovens, ouviu 160 menores entre 4 e 11 anos da segunda maior comunidade de São Paulo.
Medicina lidera a lista, com 34 respostas; 23 afirmaram querer ser policiais, 13 sonham em ser
bombeiros(as), 10 professores(as) e 4, dentistas. Seguir carreira no futebol apareceu em 18 respostas. Duas delas de meninas.
"Sonhar o futuro está relacionado às experiências e ao repertório de cada um", diz Maria Cecilia Lins, diretora e fundadora da Pró-Saber.
"A experiência da pandemia ainda está muito viva no corpo das crianças, assim como a experiência da vacinação. Os médicos e as médicas representam aqueles que podem curar. São as médicas que cuidam de cada um e são nelas que são depositadas a esperança de todas as curas.
Profissões ligadas à arte, criatividade e gastronomia também são citadas: 7 querem ser cozinheiros(as), 4 desenhistas e 2 escritores(as).
As respostas divertidas ficaram por conta das crianças menores, como Eloah Veloso, 5, que deseja ser uma fada quando crescer. Já Maitê Mourão, 4, o mais legal seria ser uma super-heroína, ou quem sabe, uma bailarina e Lívia Reis, 4, não tem dúvida: quer ser uma grande sereia quando for adulta.
Entre os 32 jovens mais velhos --até 19 anos--, 6 querem ser psicólogos(as); 3 advogados (as); 2 veterinários(as); e 2 escritores(ras). Médico(a), bombeiro(a), enfermeiro(a), educador(a) físico(a), dublador(a) e arquiteta(o) também foram profissões citadas.
Maria Cecilia diz acreditar que as respostas são um reflexo da metodologia usada pela organização. "Buscamos ampliar ao máximo o repertório de cada jovem. Trazemos diferentes profissionais para compartilhar suas histórias, visitamos empresas, mergulhamos em espaços culturais que provocam reflexões sobre os sentidos da vida. Fazemos leitura compartilhada de literatura, poesia, biografias. Todo esse trabalho realizado diariamente impacta os sonhos de cada um de futuro", afirma.
LEITURA
O programa Pró Ler & Brincar estimula a alfabetização a partir de um ambiente onde a leitura literária e o empréstimo de livros diários são eixos dos trabalhos. Desde 2019, o projeto disponibiliza uma biblioteca infantojuvenil aberta para toda a comunidade com mais de 23 mil títulos. Em média, são emprestados 1.800 livros por mês.
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