Muitas vezes procurados por consumidores que não dispensam uma bebida cafeinada em meio a ondas de calor, os cafés gelados vieram para ficar. Ao menos é o que apontam alguns números e analistas do mercado.
Cafeterias de vários portes percebem um crescimento não apenas dos cold brews, que são os cafés extraídos a frio, mas também de outras bebidas cafeinadas geladas.
O mercado norte-americano já tem um consumo bastante consolidado neste segmento. Como o Café na Prensa mostrou, as vendas de bebidas geladas já representam 75% de todas as bebidas comercializadas pelo Starbucks nos Estados Unidos. Segundo a companhia, o movimento é reflexo da preferência do público mais jovem por esse tipo de produto.
Embora haja um rápido crescimento, o consumo no Brasil ainda é pequeno se comparado com o resto do mundo, o que mostra que há bastante margem para expansão do mercado.
Dados do Allegra World Coffee Portal mostram que, em todo o mundo, 15% das xícaras de café consumidas fora de casa são de café gelado. Entre a geração Z, este número sobe para 19%. Já no Brasil, essa porcentagem é de apenas 5%.
O crescimento ocorre não apenas no consumo fora do lar, mas também nos produtos comercializados em supermercados, já prontos para beber –muitas vezes acrescidos de proteínas e outras vitaminas.
Gigantes do setor, como a 3 Corações e a Nestlé, apostam que a tendência veio para ficar e ampliaram seus investimentos neste segmento, com novos produtos sendo disponibilizados nas gôndolas.
A Nestlé, além de lançar recentemente uma linha de cafés prontos para beber —nos sabores Chococino, Cappuccino Sabor Canela e Latte—, planeja novas iniciativas para suas operações em cafeterias.
A multinacional de alimentos tem um braço chamado de Nestlé Professional, que se destina a operações fora do lar, ou seja, em cafeterias, restaurantes, padarias, escritórios etc.
Segundo Leonardo Tauil, head de marketing de cafés e bebidas da Nestlé Professional, a empresa lançará em breve uma operação de cafés e bebidas geladas com um de seus maiores clientes. A iniciativa permitirá que os estabelecimentos tenham um cardápio de bebidas geladas com receitas exclusivas.
Tauil e Carolina Guimarães, diretora de marketing de bebidas da empresa, dizem que as grandes redes de cafeterias são fundamentais para a expansão desse hábito de consumo, pois criam bebidas indulgentes, que muitas vezes geram publicidade orgânica por seus preparos ‘instagramáveis’.
Rodrigo Mattos, responsável por pesquisas de mercado nas áreas de bebidas, tabaco e cannabis na Euromonitor Internacional, diz que o segmento deve continuar expandindo e que há três principais razões para esse crescimento.
O primeiro deles diz respeito aos hábitos de consumo dos mais jovens. "Quando a gente fala sobre qualquer parte de uma experimentação de café, tende a ser uma geração mais nova que primeiro nota. Uma geração que é mais aberta à inovação", diz.
O segundo fator é o aumento geral das temperaturas do planeta, que levam a ondas de calor cada vez mais frequentes. Assim, consumidores tendem a buscar alternativas mais refrescantes.
Por fim, Mattos diz que o novo caráter funcional dessas bebidas cafeinadas geladas tem contribuído para o aumento do consumo. Muitos dos cafés frios comercializados já prontos, em supermercados, têm doses extras de cafeína e, às vezes, até adição de proteínas e vitaminas.
Esse fenômeno tira o café do âmbito de bebida social para torná-la uma bebida funcional. Ou seja, em vez de tomar café para conversar com amigos ou família, mais pessoas recorrem à bebida apenas por suas propriedades energéticas.
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