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França envia mais de mil agentes à Nova Caledônia para controlar tumultos

Líderes indígenas se opõem à reforma eleitoral que propõe estender direito de voto a quem vive na ilha há mais de 10 anos

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Nouméa (França) | AFP

A França anunciou o envio de mais de mil agentes de segurança para a Nova Caledônia, território no oceano Pacífico pertencente ao país europeu, nesta quinta-feira (16).

A medida —antecedida por uma declaração de estado de emergência no arquipélago pelo presidente Emmanuel Macron na quarta-feira (15)— busca controlar a turbulência que tomou conta da região no início da semana, quando legisladores em Paris começaram a debater uma reforma do modelo eleitoral local.

Carros incendiados no estacionamento de um hospital em Noumea, na Nova Caledônia - Delphine Mayeur - 16.mai.24/AFP

Hoje, apenas eleitores registrados em 1998 e seus descendentes podem participar das eleições regionais. Os deputados franceses querem estender esse direito a qualquer um que more na ilha há pelo menos uma década. Mas líderes da comunidade indígena kanak, que vive no arquipélago desde antes da sua colonização pela França, em meados do século 19, contestam a mudança, e afirmam que a expansão do direito a voto reduzirá a sua influência sobre as instituições locais.

A insatisfação com os legisladores europeus levou a uma onda de protestos marcada por confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança, ataques a edifícios e tiroteios.

Pelo menos 206 pessoas foram presas e outras centenas ficaram feridas, incluindo 64 agentes. Três jovens kanaks foram mortos nos tumultos e um policial de 22 anos morreu após levar um tiro na cabeça enquanto conversava com os manifestantes, de acordo com o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin. Outro policial foi morto após ser atingido acidentalmente por um colega.

Louis Le Franc, representante do Estado francês no local, afirmou que a noite de quarta-feira foi "menos violenta" que as duas anteriores.

Mesmo assim, tiros ainda eram ouvidos na capital do arquipélago, Noumea, na manhã da quinta-feira, e em um bairro pobre no norte da cidade, muitas lojas haviam sido saqueadas.

Macron defendeu "retomar o diálogo político". Uma videoconferência que ele havia proposto a deputados do território para discutir a situação não ocorreu, no entanto.

"As diferentes partes não querem conversar entre si no momento", disse o Palácio do Eliseu, acrescentando que o líder falaria "diretamente com os deputados" em separado.

O primeiro-ministro, Gabriel Attal, por sua vez, anunciou o envio do Exército "para proteger os portos e o aeroporto da Nova Caledônia", o estabelecimento de um toque de recolher e a proibição do TikTok, que, segundo ele, está sendo usado pelos manifestantes.

A reforma eleitoral recebeu sinal verde dos deputados na quarta-feira. Agora, precisa ser aprovada pelo Senado para entrar em vigor.

Os vizinhos da Nova Caledônia no Pacífico apelaram ao regresso ao diálogo e ao cancelamento da reforma eleitoral. "Estes acontecimentos poderiam ter sido evitados se o governo francês tivesse ouvido", disse o primeiro-ministro de Vanuatu, Charlot Salwai.

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