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Descrição de chapéu Itália

Água da Fontana di Trevi fica preta em protesto contra crise do clima em Roma

Polícia da Itália mergulha em fonte para deter ativistas que jogaram carvão diluído no local

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Roma

Sete ativistas mergulharam na Fontana di Trevi, famoso ponto turístico de Roma, neste domingo (21) e jogaram carvão vegetal diluído em suas águas para tingi-las de preto.

De dentro da fonte, os manifestantes do grupo italiano Ultima Generazione, ou última geração, ergueram cartazes nos quais se lia: "não vamos pagar por combustíveis fósseis". "Nosso país está morrendo", gritaram.

Ecoativistas jogam carvão vegetal nas águas da Fontana di Trevi em protesto contra combustíveis fósseis em Roma - Allesandro Penso/Maps/via Reuters

Policiais uniformizados entraram na água para retirar os ativistas, enquanto muitos turistas filmavam o episódio. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram que alguns dos presentes xingavam os manifestantes.

Roberto Gualtieri, prefeito de Roma, condenou a manifestação, o mais recente de uma série de atos contra obras de arte na Itália. "Basta desses ataques absurdos ao nosso patrimônio artístico", escreveu no Twitter.

Inaugurada no século 18, a Fontana di Trevi é um dos símbolos de Roma, e a tradição dita que turistas devem jogar moedas se quiserem retornar à capital romana. O cenário foi imortalizado no filme "A Doce Vida", de Federico Fellini, em que Anita Ekberg e Marcello Mastroianni se banham nas águas da fonte.

Em nota, o Ultima Generazione pediu o fim de subsídios estatais para combustíveis fósseis e afirmou que a manifestação foi motivada pelas fortes chuvas que atingiram a região de Emilia-Romagna, no norte, nos últimos dias, que causaram a morte de ao menos 14 pessoas. Segundo o texto, uma em quatro residências italianas correm risco de serem inundadas.

Protestos como o deste domingo se multiplicaram na Europa nos últimos meses. No ano passado, duas ativistas do Just Stop Oil (algo como "parem com o petróleo") jogaram sopa de tomate em "Girassóis", um dos principais quadros de Vincent Van Gogh, em exibição na National Gallery, em Londres.

Na Itália, já foram alvos do Ultima Generazione a fachada do Senado e a fonte da praça de Espanha, em Roma, a estátua do rei Vittorio Emanuele 2º, em frente ao Duomo de Milão, e uma parede externa do Palazzo Vecchio, em Florença, além de museus do Vaticano.

Em um ato em julho do ano passado, ativistas colaram as próprias mãos no vidro que protege a tela "A Primavera", de Sandro Botticelli. A obra do artista italiano, concebida há 540 anos e símbolo da arte renascentista, fica em exibição na galeria Uffizi, em Florença.

O governo da conservadora primeira-ministra Giorgia Meloni tenta agir para reprimir esse tipo de intervenção. Em abril, foi anunciado um projeto de lei que prevê multas mais rigorosas, entre € 10 mil e € 60 mil (R$ 56 mil e R$ 336 mil), para quem destrói, mancha ou desfigura, total ou parcialmente, bens culturais e paisagísticos.

As medidas se juntam a sanções já presentes no código penal para esse tipo de crime, que hoje chegam a cinco anos de prisão e multa de € 15 mil (R$ 84 mil). O ministro da Cultura, Gennaro Sangiuliano já afirmou que os ataques produzem danos econômicos. "A limpeza exige a intervenção de pessoal especializado e maquinário custoso", disse. Segundo ele, que se refere aos ativistas como "ecovândalos", para limpar a fachada do Senado, foram gastos € 40 mil (R$ 224 mil).

Sandro Mora, porta-voz do Ultima Generazione, afirmou à Folha em abril que o endurecimento já era esperado. "Naturalmente as novas medidas nos preocupam, mas não a ponto de desistir. Sempre mais pessoas se dão conta da gravidade da crise climática, que hoje se traduz em seca e falta de água na torneira, como já ocorre em partes da Itália. Isso nos assusta mais do que as multas", disse o ativista.

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