Após 4 dias, EUA e China postergam negociações comerciais em meio a divergência sobre energia limpa
Governo americano vê 'excesso de capacidade' da China na indústria de energia renovável
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Depois de quatro dias de reuniões entre autoridades chinesas e a secretária de Estado dos EUA, Janet Yellen, sem resultado concreto, as duas partes concordaram em seguir conversando, em encontros de menor escalão.
"Eu não quero ver a relação econômica dos Estados Unidos com a China se deteriorar", disse Yellen, em entrevista coletiva para um balanço da viagem, na segunda (8), em Pequim. "Nenhum dos lados quer se separar [decouple]. Estamos trabalhando juntos, de boa fé, para encontrar um caminho. Há muito trabalho pela frente."
O que dividiu Yellen e o governo chinês, desta vez, foi a acusação feita seguidamente pela secretária de "excesso de capacidade" da China na indústria de energia limpa, especificamente carros elétricos, baterias e painéis solares, que estaria prejudicando empresas e trabalhadores americanos num momento de investimento do governo no setor .
O primeiro-ministro Li Qiang, um de seus interlocutores, respondeu publicamente à crítica, via agência Xinhua, declarando esperar que os EUA "respeitem as normas básicas da economia de mercado, incluindo a concorrência leal", sem "transformar questões econômicas em questões políticas".
Nas futuras reuniões, entre equipes dos dois países, devem ser apresentados os processos de estímulo estatal de ambos no setor de energia limpa, assim como sobre ações que Pequim acusa de protecionistas por parte de Washington.
Procurado, o americano Michael Pettis, professor de finanças da Universidade de Pequim, avaliou que "foi um grande começo", mesmo com o tom carregado entre Yellen e Qiang. "Mas creio que há muito caminho a percorrer antes que haja um acordo, no tema de comércio e capacidade", acrescentou.
Nenhum dos lados detalhou as propostas discutidas, mas a última questão da coletiva, levantada pela principal publicação financeira de Pequim, Caixin, indicou o que ainda poderia resultar de concreto, das negociações. Seu jornalista perguntou se uma alternativa "no curto e médio prazo" estaria na demanda, em vez da oferta.
Argumentou ter ouvido de "ex-altos funcionários chineses" que uma solução para o "excesso de capacidade" pelo lado da oferta, da produção, "é limitada porque ela está ligada ao modelo de desenvolvimento" atual do país. Se cortar produção, empresas seriam afetadas e poderia haver até "problemas de estabilidade social".
"Tivemos conversas com nossos interlocutores sobre o lado da demanda, na equação, e o fato de que a taxa de poupança está entre as mais altas do mundo", respondeu Yellen, dizendo que isso leva aos "gastos muito baixos do consumidor chinês, em relação ao de outros países no mesmo nível de renda".
Comentou uma proposta específica, de alternativas públicas para custear educação, "uma das motivações para a poupança muito alta" das famílias chinesas. Acrescentou porém que o estímulo à demanda é um assunto que ela mesma aborda há uma década com a China, sem avanços. E voltou a cobrar ações no lado da oferta.
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