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Bangladesh

ONU reclama inquérito "independente" sobre repressão de manifestações no Bangladesh

As Nações Unidas reclamaram nesta quinta-feira um inquérito "independente e transparente" e que as autoridades do Bangladesh "divulguem urgentemente todos os pormenores relativos à repressão das recentes manifestações" que abalaram o país e resultaram em pelo menos 193 mortos.

Manifestantes perante a polícia em Dacca, capital do Bangladesh, no passado dia 19 de Julho de 2024.
Manifestantes perante a polícia em Dacca, capital do Bangladesh, no passado dia 19 de Julho de 2024. © Reuters/Mohammad Ponir Hossain
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"Entendemos que muitas pessoas foram vítimas de ataques violentos por grupos aparentemente afiliados ao governo, e que nenhum esforço foi feito para protegê-las", denunciou o Alto-comissário da ONU para os Direitos do Homem, Volker Türk, em comunicado. O responsável também reclamou que seja restabelecido o "acesso total" à internet, considerando que "medidas brutais como um corte geral e deliberado da internet por um período prolongado são contrárias ao direito internacional".

A primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, deslocou-se nesta quinta-feira os locais onde se deram na semana passada os confrontos mortais entre estudantes e forças da ordem.

"Durante 15 anos, construí este país", disse a governante após a sua visita, condenando os manifestantes pelos danos causados durante os confrontos que para além das vítimas mortais resultaram em 4 mil detenções, das quais 2.500 em Dacca, a capital, e importantes danos em infra-estruturas e edifícios públicos que foram vandalizados ou incendiados.

Já do lado dos manifestantes, a responsabilidade é rejeitada sobre as autoridades. A organização "Estudantes contra a discriminação" por detrás das marchas de protesto contra as regras de contratação de funcionários públicos consideradas discriminatórias, reclama um pedido de desculpas da Primeira-ministra pelo massacre de estudantes e exige igualmente a demissão dos ministros da Educação e do Interior.

Asif Mahmud, líder dessa organização, garante ainda que o balanço oficial da repressão das manifestações está aquém dos dados reais e indicou que os "Estudantes contra a discriminação" estão a tentar estabelecer a sua própria lista de mortes confirmadas.

A questão das contratações na função pública é um assunto sensível neste país onde, segundo dados oficiais, cerca de 18 milhões de jovens não têm emprego. Os detractores do sistema de contratação dos funcionários consideram que este método -por cotas- favorece as pessoas próximas do poder.

Apesar de o Supremo Tribunal ter recentemente ordenado a redução do número de vagas reservadas, os manifestantes exigem a abolição pura e simples deste sistema.

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