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Linha Direta

Parlamento em Israel deve eleger Lieberman novo ministro da Defesa

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Israel passa por uma turbulência política que deve levar o país a ter o governo mais direitista de sua História. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou a inclusão, em sua coalizão de governo, do partido ultradireitista “Israel Nosso Lar”, do imigrante da Moldávia Avigdor Lieberman. Ele deve ser eleito pelo Parlamento nesta segunda-feira (30) como o novo ministro da Defesa.

Com a chegada do ultranacionalista Avigdor Liberman, governo de Benjamin Netanyahu fica mais conservador.
Com a chegada do ultranacionalista Avigdor Liberman, governo de Benjamin Netanyahu fica mais conservador. REUTERS/Amir Cohen
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Israel

Considerado um “falcão” político, Lieberman defende pena de morte para terroristas e a anulação da cidadania de quem não jurar lealdade ao país. Após duas votações marcadas para hoje, dentro do governo e no plenário o Parlamento, a nova coalizão liderada pelo partido conservador “Likud” se tornará a mais direitista da História de Israel.

Ela já inclui o partido “Casa Judaica”, abertamente contra a criação de um Estado palestino, além de outros dois partidos religiosos e um centrista. Para atrair Lieberman, Netanyahu ofereceu nada menos do que o Ministério da Defesa, o mais importante e influente quando se trata do conflito com os palestinos. Ele demitiu o ex-ministro, Moshe Yaalon, um respeitado general da reserva, que abandonou, na semana passada, a política dizendo ter perdido a fé no premiê e temer pelo futuro de Israel.

A nova cara do governo também é criticada por grupos de esquerda dentro do país e vista com cautela pela comunidade internacional, preocupada com as consequências para as negociações com os palestinos. Lieberman era um desafeto de Netanyahu e diversas vezes o chamou publicamente de “mentiroso”, “trapaceiro” e “covarde”, nos últimos meses. Teve até que pedir desculpas, há alguns dias, brincando que passou por uma “operação para aumentar” seu “pavio curto”.

Lieberman foi ministro das Relações Exteriores de Netanyahu em seu governo anterior, mas eles se desentenderam e não nutrem amizade pessoal. Analistas políticos afirmam que Netanyahu teme a força política de Lieberman, mas prefere mantar a ameaça próxima a ele.

Netanyahu também tenta atrair Partido Trabalhista

Enquanto negociava com Lieberman, havia rumores de que Netanyahu também tentava atrair o Partido Trabalhista, de esquerda, para o governo e o próprio líder dos trabalhistas, Yitzhak Herzog, confirmou as negociações. Na verdade, Netanyahu negociou ao mesmo tempo com os dois partidos, o trabalhista e o “Israel Nossa Casa”. A ideia era conseguir um dos dois, usando as negociações paralelas como pressão a mais.

Herzog saiu perdendo – e enfraquecido politicamente – depois de receber críticas de seus correligionários, que não querem fazer parte do governo do “Likud”. Mas, segundo informações da imprensa local, Herzog ainda pensa em se unir à coalizão. Segundo ele, seria uma maneira de moderar o governo de extrema-direita e salvar possíveis negociações de paz com os palestinos, que, no momento, estão congeladas. Netanyahu decidiu ampliar sua coalizão logo agora, um ano depois das eleições parlamentares. 

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas reagiu mal à entrada do novo ministro da Defesa, e afirmou que Israel não é mais parceira nas negociações vitais.

Dos 120 membros do Knesset, o Parlamento, ele só contava, até hoje, com 61: o mínimo necessário para aprovar leis. Ele passou o último ano negociando intensamente com aliados antes de votações cruciais, porque se algum parlamentar não comparecesse ao plenário por doença, férias ou rebelião política, não conseguiria aprovar legislações ou emendas.

Com a nova coalizão, ele terá 66 cadeiras, o que é um pouco mais confortável. Netanyahu busca desesperadamente diminuir a pressão no Parlamento para poder se dedicar a rebater novas acusações de corrupção contra ele e sua mulher, Sara. Os dois estão na mira da Justiça em casos de financiamento duplo de viagens oficiais e de uso pessoal de dinheiro público para compra de refeições gourmet e pagamento de tratamento médico para o pai de Sara Netanyahu.


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