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Questão climática fica em 2° plano na campanha das eleições legislativas na França

A imprensa francesa continua a repercutir as eleições para a Assembleia Nacional, cujo primeiro turno, no dia 30 de junho, se aproxima. Nesta quinta-feira (27), dois importantes periódicos, Le Parisien e Le Monde, denunciam que as frentes concorrentes no pleito falam o “mínimo possível sobre o assunto meio ambiente”. Fato que pode se repetir em um debate decisivo que será transmitido ao vivo na noite desta quinta no canal France TV 2 a partir das 20h50 de Paris (15h50 de Brasília). 

Apoiantes do partido francês Les Ecologistes (EELV) chegam para assistir ao último comício de campanha da candidata do partido francês Os Ecologistas, Marie Toussaint, antes das próximas eleições para o Parlamento Europeu, em Aubervilliers, nos subúrbios do nordeste de Paris, a 2 de junho de 2024.
Apoiantes do partido francês Les Ecologistes (EELV) chegam para assistir ao último comício de campanha da candidata do partido francês Os Ecologistas, Marie Toussaint, antes das próximas eleições para o Parlamento Europeu, em Aubervilliers, nos subúrbios do nordeste de Paris, a 2 de junho de 2024. AFP - ZAKARIA ABDELKAFI
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Diretamente na capa, Le Parisien acusa que “o meio ambiente é a grande questão esquecida na campanha e nos programas” destas eleições legislativas. O jornal afirma que a questão tem sido secundária nos programas da coligação de esquerda Nova Frente Popular e da maioria presidencial (Juntos pela República), mas aponta que é um tema usado como “bode expiatório” pela direita e pelo Reunião Nacional (RN), o partido de extrema direita, que lidera as pesquisas de voto.  

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O diário aponta que, apesar da ausência da preocupação ecológica, até mesmo nas apresentações dos programas de governo realizadas pelos concorrentes perante as organizações de empregadores no início da semana, trata-se de um tema de interesse empresarial também, com questões como: energia verde e diferenciação de tarifas, frotas de automóveis elétricas ou não, e sobretudo, o ritmo de mudança necessário para as empresas cumprirem o Acordo de Paris

Le Parisien relembra que a mesma crítica foi feita sobre os debates de campanha das eleições europeias no começo de junho, ocasião em que “ninguém parecia querer falar mais sobre o meio ambiente a menos que fossem forçados a isso”. E exemplifica a urgência da temática citando recentes tragédias com enchentes em territórios franceses e recordando que “o resto do planeta está sendo dominado por ondas de calor recordes”. 

Questão climática em segundo plano  

A edição do Le Monde desta quinta-feira destrincha os três projetos “muito diferentes sobre o meio ambiente” defendido nos debates para as legislativas. Segundo o jornal, enquanto o RN promete revogar as normas ecológicas, a esquerda é ambiciosa e a maioria presidencial é cautelosa. 

Os ambientalistas e defensores do clima já haviam se acostumado com a ideia de que a ecologia seria deixada em segundo plano na campanha eleitoral europeia. Ou que, na pior das hipóteses, seria explorada por parte da direita e da extrema direita, afirma o jornal.  

Nos últimos dez dias, os três principais blocos - o Reunião Nacional (RN), a Nova Frente Popular (NFP) e a maioria presidencial - apresentaram os seus programas com três filosofias opostas. As respostas às questões climáticas variam muito em cada programa e vão “desde programas que lhes permitem cumprir o Acordo de Paris até outros que preveem retrocessos reais nos ganhos dos últimos anos”, afirma a especialista em políticas europeias Caroline François-Marsal, da Rede de Ação Climática, entrevistada pelo jornal.

Análise do Le Monde para cada projeto 

O partido de extrema direita quer revogar a proibição da venda de novos veículos com motor de combustão interna em 2035, colocar uma moratória nos projetos de energia eólica e tornar a energia nuclear novamente uma prioridade, reduzir o imposto sobre valor agregado (IVA) sobre energia para 5,5%, entre outras medidas. 

Por sua vez, a Nova Frente Popular apresentou um plano alinhado com a maioria das demandas feitas pelas associações no campo da transição ecológica, embora impreciso na sua implementação. Os partidos de esquerda concordaram em aumentar a ajuda para a renovação de edifícios e estruturar os setores de produção de energia renovável da França e da Europa; introduzir o transporte público gratuito direcionado; reduzir o IVA sobre o transporte público para 5,5%; impor moratórias sobre grandes projetos de autoestradas, etc. Um projeto ambicioso, mas de financiamento complicado, que permitiu que o bloco de esquerda recebesse o apoio do Greenpeace, Bloom e outras ONGs. 

Enquanto isso, a maioria presidencial está sem novas ideias, diz Le Monde, “os macronistas estão defendendo o seu histórico, apontando que os gases de efeito estufa caíram 5,8% em 2023".

A publicação lamenta que, devido a essas eleições legislativas, a França já não pode enviar seu plano nacional de energia e clima para a Comissão Europeia antes de 30 de junho, atrasando o projeto e recorda que em 2025, como todos os outros signatários do Acordo de Paris, a França terá que enviar suas estratégias para reduzir os gases de efeito estufa.  

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