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Mudança climática aumenta em 35 vezes a probabilidade de ondas de calor no México e na América Central

As ondas de calor com temperaturas absurdamente altas que atingiram o México em 2024 podem se repetir a cada 15 anos devido à mudança climática, de acordo com cientistas da World Weather Attribution (WWA), um grupo de climatologistas europeus que estuda os impactos do aquecimento global. Ondas de calor mortais são 35 vezes mais prováveis no México, na América Central e no sul dos Estados Unidos, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (20).

Jorge Moreno, um trabalhador da construção civil, bebe água aromatizada para enfrentar a onda de calor durante seu dia de trabalho em um canteiro de obras em Veracruz, México, em 17 de junho de 2024. A mudança climática causada pelo homem intensificou e tornou muito mais provável o calor mortal deste mês, com temperaturas na casa dos três dígitos, de acordo com um novo estudo na quinta-feira, 20 de junho. (AP Photo/Felix Marquez)
Jorge Moreno, um trabalhador da construção civil, bebe água aromatizada para enfrentar a onda de calor durante seu dia de trabalho em um canteiro de obras em Veracruz, México, em 17 de junho de 2024. A mudança climática causada pelo homem intensificou e tornou muito mais provável o calor mortal deste mês, com temperaturas na casa dos três dígitos, de acordo com um novo estudo na quinta-feira, 20 de junho. (AP Photo/Felix Marquez) AP - Felix Marquez
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A probabilidade do calor extremo que atingiu todos esses países em maio e junho é quatro vezes maior do que há 25 anos, de acordo com a WWA.

"As observações mostram que as temperaturas máximas de 5 dias entre maio e junho registradas este ano, devem ocorrer aproximadamente a cada 15 anos no clima atual, que aqueceu 1,2°C", dizem os autores do relatório.

"Por volta do ano 2000, quando as temperaturas globais eram meio grau mais baixas do que hoje, esperava-se que esses eventos ocorressem apenas uma vez a cada 60 anos", lembra o estudo.

Dezenas de mortos desde março

Desde março, o México registrou pelo menos 61 mortes diretamente relacionadas às altas temperaturas, uma situação que pode piorar drasticamente. "Essas tendências continuarão com o aquecimento futuro, e eventos como o observado em 2024 serão muito comuns em um mundo com 2°C [de aquecimento]", alertam os especialistas da WWA.

"Provavelmente não sabemos a verdadeira extensão das mortes relacionadas ao calor, já que elas geralmente só são confirmadas e relatadas meses após, se é que o são", disse a WWA, que usa métodos de comparação com outros cientistas para avaliar as ligações entre eventos extremos específicos e o aquecimento global.

Por causa do uso de combustíveis fósseis que produzem gases do efeito estufa, principais impulsionadores da mudança climática, milhões de pessoas sofrerão as consequências dessas ondas de calor, acredita o grupo de cientistas.

Este ano foi o mais quente já registrado até hoje e grande parte do mundo já enfrentou temperaturas escaldantes antes mesmo do início do verão no hemisfério norte.

Nos Estados Unidos, os incêndios florestais são enormes e, na Arábia Saudita, pelo menos 1.000 pessoas morreram durante a peregrinação anual do Hajj, principalmente devido ao calor implacável, com as temperaturas em Meca chegando a 51,8ºC na segunda-feira.

"Entre a vida e a morte"

Para realizar seu estudo, os cientistas da rede climática analisaram os cinco dias e noites consecutivos mais quentes entre maio e junho em uma área que compreende o sudoeste dos Estados Unidos, México, Guatemala, Belize, El Salvador e Honduras.

Os pesquisadores da WWA desenvolveram modelos de previsão baseados no fato de que o planeta já está 1,2°C mais quente do que na era pré-industrial.

Eles concluíram que, "as temperaturas máximas na América do Norte e Central são agora 35 vezes mais prováveis do que na era pré-industrial".

"O calor adicional de 1,4°C causado pelas mudanças climáticas significaria a diferença entre a vida e a morte para muitas pessoas entre maio e junho", de acordo com Karina Izquierdo, consultora urbana para a América Latina e o Caribe no Centro de Mudanças Climáticas da Cruz Vermelha.

"Além de reduzir as emissões, os governos e as cidades precisam tomar iniciativas para se tornarem mais resistentes ao calor", disse ela.

De todos os fenômenos climáticos, o calor é o mais subestimado, segundo os especialistas. As crianças, os idosos e as pessoas que trabalham ao ar livre são particularmente vulneráveis.

No México e na América Central, os impactos do calor são intensificados pelas condições precárias de moradia e pelo acesso limitado a serviços de refrigeração.

Calor extremo ameaça fornecimento de energia

O calor extremo também ameaça a estabilidade do fornecimento de eletricidade, fundamental para o funcionamento das instalações de saúde.

Os cientistas acreditam que sistemas de alerta e planos de ação contra o calor extremo poderiam ajudar a fortalecer a preparação da América Central para esses eventos. Os espaços verdes e a melhoria da infraestrutura de assentamentos informais também podem ajudar a proteger as pessoas mais vulneráveis, acrescentou o relatório.

(Com AFP)

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