"Sou um prisioneiro político": Trump lança plataforma de doações após condenação histórica nos EUA
Em dia histórico para os Estados Unidos, o ex-presidente americano Donald Trump foi considerado culpado de 34 acusações na quinta-feira (30). Após o anúncio do veredito, o líder republicano abriu uma plataforma para coleta de doações, alegando ser "um prisioneiro político".
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Com informações de Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York, e da AFP
"Acabo de ser condenado em um processo político forjado", afirma uma mensagem do ex-presidente publicada no site de sua campanha eleitoral direcionando a uma página de coleta de doações. A plataforma foi aberta alguns minutos após o anúncio da condenação, junto a uma mensagem na qual Trump afirma ser vítima de "uma caça às bruxas" e não ter feito "nada de errado".
Na noite de quinta-feira, o advogado de Trump, Todd Blanche, conversou com o canal de TV americano CNN, afirmando que irá recorrer "assim que possível". Segundo ele, como o processo ocorre em Nova York, é lá que a apelação será feita.
A decisão do júri é um terremoto para a campanha de Trump, a apenas cinco meses das eleições presidenciais americanas que o líder republicano promete vencer. As acusações constam do processo por falsificação em documentos contábeis para ocultar um pagamento destinado a silenciar a ex-atriz pornô Stormy Daniels.
Decisão por unanimidade
Os doze jurados que analisaram o caso precisaram de apenas um dia e meio de deliberações para decidir por unanimidade que as provas apresentadas pela acusação eram suficientes para incriminar Trump.
Esse que é o primeiro julgamento criminal contra um ex-presidente americano terminou com o líder republicano sendo considerado culpado das primeiras 34 acusações por falsificação de documentos contábeis para ocultar um pagamento destinado a silenciar a ex-atriz pornô Stormy Daniels.
Nas horas que antecederam à decisão, havia um clima de tranquilidade nos arredores da Corte de Manhattan, já que a expectativa era que o veredito saísse somente nesta sexta-feira (31). Muitos dos apoiadores de Trump já se haviam dirigido à área por onde passa a caravana do ex-presidente, quando finalmente o anúncio de veredito foi divulgado.
Enquanto o mistério ainda pairava do lado de fora, dentro do tribunal um apático Trump ouvia 34 vezes a palavra "culpado", após passar quase 7 semanas sentado no banco dos réus, esperando pela decisão.
Trump convoca "povo americano"
Trump, que saiu da audiência em liberdade, sem pagar fiança, pode ser condenado a quatro anos de prisão para cada acusação, mas é mais provável que receba a liberdade condicional. Ao deixar a corte, o ex-presidente se dirigiu aos jornalistas e imediatamente qualificou de "desgraça" o veredito, e o processo como "armado". O líder republicano declarou que o "veredito real será dado em 5 de novembro pelo povo americano", referindo-se à data das eleições presidenciais.
A sentença do juiz está agendada para 11 de julho, dias antes da Convenção Nacional Republicana em Milwakee, onde Trump receberá a nomeação formal do partido para enfrentar o presidente democrata Joe Biden em novembro.
A campanha de Biden publicou um comunicado no qual destaca que o veredito contra Trump mostra que "ninguém está acima da lei". "Continua havendo uma única forma de manter Donald Trump fora do Salão Oval: nas urnas", disse o diretor de comunicação da campanha, Michael Tyler.
Em nota do porta-voz Ian Sams, a Casa Branca reagiu dizendo que respeita o "Estado de direito", sem "nenhum comentário adicional".
Pouca probabilidade de prisão
No próximo 11 julho, o juiz Juan Merchan também deverá estipular como Trump cumprirá a pena. Segundo especialistas, o mais provável é que o magnata receba uma sentença mais curta ou que nem mesmo seja condenado à prisão devido à sua idade avançada - 77 anos - e à falta de condenações criminais anteriores.
Nos Estados Unidos não existe uma lei semelhante à "Ficha Limpa" do Brasil. Trump segue, portanto, habilitado para ser oficialmente indicado como o candidato do partido republicano à presidência.
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