Por que a Hungria vai oferecer tratamento de fertilidade gratuito a casais
A Hungria fornecerá tratamento gratuito de fertilização in vitro para casais em clínicas estatais, anunciou o primeiro-ministro, Viktor Orbán.
Ele disse que a fertilidade é de "importância estratégica". No mês passado, seu governo assumiu a administração das clínicas de fertilidade da Hungria.
O primeiro-ministro, nacionalista de direita, há muito tempo defende uma abordagem de "procriação, e não imigração" para lidar com o declínio demográfico.
A população do país vem caindo constantemente há quatro décadas.
Orbán descreveu detalhes de sua política de fertilidade na quinta-feira (09), depois de ter estatizado seis clínicas de fertilidade dezembro.
O tratamento de fertilização in vitro gratuito será oferecido a partir de 1º de fevereiro, mas não está claro quem exatamente terá direito a ele.
Orbán também disse que o governo está avaliando uma isenção de imposto de renda para mulheres que têm três filhos ou mais. Neste mês, aquelas com pelo menos quatro filhos se tornaram isentas.
"Se queremos filhos húngaros em vez de imigrantes, e se a economia húngara pode gerar o financiamento necessário, então a única solução é gastar o máximo possível de recursos no apoio a famílias e na criação de filhos", disse o primeiro-ministro.
Orbán — que é primeiro-ministro desde 2010 — baseou suas campanhas na oposição à imigração.
Em setembro do ano passado, ele disse em um evento internacional sobre demografia que, enquanto outros líderes europeus acreditavam que a imigração era a solução para a queda do tamanho da população, ele rejeitava isso.
O primeiro-ministro, então, ecoou a teoria da "grande substituição" de extrema-direita, que afirma que as populações europeias brancas estão sendo gradualmente substituídas por pessoas de ascendência não europeia.
"Se a Europa não for habitada por europeus no futuro, e tomamos isso como dado, então estamos falando de uma troca de populações, para substituir a população de europeus por outros", disse Orban na conferência.
"Existem forças políticas na Europa que querem uma substituição da população por razões ideológicas ou outras."
'Foco na população'
Com uma taxa de natalidade estimada em 1,48 por mulher, a Hungria é apenas um dos muitos países da Europa Oriental que enfrentam declínio demográfico — devido às baixas taxas de natalidade e à emigração de pessoas em idade ativa para outros países da União Europeia (UE).
Alguns desses países implementaram suas próprias políticas para incentivar o aumento da taxa de natalidade. A Polônia, por exemplo, paga aos pais 500 zloty (R$ 532,45) por mês por criança.
A Croácia, que assumiu a Presidência rotativa da UE na semana passada, disse no ano passado que o crescimento da população seria "uma questão-chave".
"A demografia precisa ser colocada no foco das políticas da UE para preservar o desenvolvimento de todos os Estados-membros", disse a ministra croata Vesna Bedekovic em uma conferência do Comitê Econômico e Social Europeu em novembro.
"Atualmente, a taxa de natalidade é de 1,59, em média. É por isso que a Croácia reconheceu a revitalização demográfica como uma questão-chave para seu desenvolvimento."
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