Cantando histórias, romanceira nordestina mantém viva tradição milenar
Benedita Maria do Nascimento é uma cantora... de romances. Ela não conta histórias, ela canta histórias.
Aos 76 anos, ela é a última guardiã dessa tradição milenar em uma família conhecida por seus romanceiros.
Benedita aprendeu com o pai, assim como sua irmã, Militana, que fez shows pelo país como a "maior romanceira do país", um reconhecimento que rendeu a ela inclusive uma condecoração.
Essa prática surgiu ainda na Grécia antiga, quando a escrita era para poucos, e o conhecimento circulava como canção.
A tradição chegou ao Brasil com os colonizadores e se enraizou no Nordeste, como em São Gonçalo do Amarante (RN), onde Benedita vive.
São histórias de amor, aventuras, conquistas, heroísmo, disputas de poder que a romanceira carrega na memória.
Nenhum dos seus filhos ou netos quis aprender. E há o Mal de Alzheimer, que se avizinha.
Mas, enquanto a memória deixar, Benedita continuará a cantar.