Qual é a condição do primeiro-ministro da Eslováquia após ataque a tiros
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- Author, Malu Cursino e Sarah Rainsford, na Bratislava
- Role, BBC News
O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, está em estado grave — porém, estável —, após ter sido alvo de um ataque a tiros na quarta-feira (15/05) na pequena cidade de Handlova.
De acordo com os médicos, ele foi submetido a uma cirurgia de cinco horas, e está agora na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.
Fico, de 59 anos, foi atingido por vários disparos enquanto cumprimentava uma multidão em frente a um centro cultural comunitário em Handlova, onde havia sido realizada uma reunião do governo.
Um suspeito foi detido no local do ataque pela polícia.
Miriam Lapunikova, diretora do Hospital Universitário F. D. Roosevelt em Banska Bystrica, para onde Fico foi levado de helicóptero, afirmou em entrevista coletiva que sua situação "é realmente muito grave".
O vice-primeiro-ministro, Tomas Taraba, havia dito anteriormente à BBC que a cirurgia havia corrido "bem".
"Acho que no final ele vai sobreviver", acrescentou.
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O ministro do Interior, Matus Sutaj Estok, descreveu o ataque como uma tentativa de assassinato com motivação política.
Fico, que já havia sido premiê da Eslováquia por duas vezes - de 2006 a 2010 e de 2012 a 2018, voltou ao poder após as eleições de setembro do ano passado, à frente de uma coligação populista-nacionalista.
O primeiro-ministro é uma figura que divide opiniões dentro do país — e controversa na União Europeia. Em janeiro, ele suspendeu a ajuda militar à Ucrânia e, no mês passado, avançou com um projeto para acabar com a emissora pública RTVS.
Mas o incidente foi amplamente condenado e descrito como um ataque à democracia.
Disparos à queima-roupa
O atirador estava no meio de uma pequena multidão de apoiadores de Fico que estava reunida em frente a um centro cultural em Handlova, onde o primeiro-ministro havia participado de uma reunião.
O ataque pegou a equipe de segurança de Fico completamente desprevenida. Um vídeo mostra o primeiro-ministro, após ser baleado, sendo carregado por vários seguranças, que o colocam dentro de um carro e o levam para longe dali.
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O atirador disparou cinco tiros à queima-roupa, e Fico foi atingido na barriga e no braço.
Ele foi levado às pressas para o hospital em uma ambulância aérea, e foi submetido a uma cirurgia de cinco horas, realizada por uma equipe cirúrgica e de trauma, segundo Lapunikova.
No fim do dia, o vice-primeiro-ministro Tabara disse ao programa Newshour, da BBC, que Fico não estava "em [uma] situação de risco de morte neste momento".
Ele acrescentou que o primeiro-ministro foi baleado "de muito perto" — e que "uma bala atravessou o estômago, e a segunda atingiu a articulação".
A polícia ainda não identificou o suspeito. Reportagens não confirmadas da imprensa local dizem que ele era um escritor e ativista político de 71 anos.
Um vídeo que está sendo amplamente circulado na mídia eslovaca se propõe a apresentar o suspeito.
Nas imagens, o homem diz discordar da política do governo e de sua postura em relação à mídia estatal. A BBC não sabe se a pessoa que aparece no vídeo é o autor dos disparos que foi detido no local do ataque, nem as circunstâncias em que foi gravado.
O ataque ocorreu no dia em que o Parlamento começou a discutir a proposta do governo para abolir a emissora pública RTVS da Eslováquia.
Milhares de eslovacos protestaram contra o projeto de reforma da emissora pública nas últimas semanas. Uma manifestação liderada pela oposição marcada para quarta-feira foi cancelada quando chegou a notícia do ataque.
Em outra entrevista à BBC, o vice-primeiro-ministro Taraba culpou as "falsas narrativas" dos partidos da oposição na Eslováquia pelo ataque.
"Nosso primeiro-ministro mencionou várias vezes no passado que tinha medo de que isso acontecesse", lembrou Taraba, em entrevista ao programa World Tonight, da BBC.
O Parlamento estava reunido no momento dos disparos, e os meios de comunicação eslovacos noticiaram que um colega de partido de Fico gritou com os parlamentares da oposição, acusando-os de atiçar o ataque.
Já o ministro do Interior, Matus Sutaj Estok, acusou a mídia de contribuir para o clima que levou ao incidente.
"Muitos de vocês foram aqueles que semearam este ódio", declarou em entrevista coletiva à imprensa.
Estok acrescentou acreditar que "esta [tentativa] de assassinato teve motivação política".
A presidente da Eslováquia, Zuzana Caputova, afirmou, por sua vez, que algo "tão grave havia acontecido que nem sequer conseguimos perceber ainda".
"A retórica odiosa que testemunhamos na sociedade leva a atos odiosos", ela completou.
