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Por Erivelto Tadeu, para o Valor

O ano de 2022 não foi nada fácil para as empresas do setor de bioenergia. Ainda sentindo os reflexos e impactos da pandemia causada pelo coronavírus, elas tiveram que enfrentar as incertezas de um cenário global marcado por dificuldades econômicas e questões geopolíticas, que influenciaram as demandas tanto no plano interno quanto no externo. Apesar dessas adversidades, muitas companhias demonstraram resiliência ao buscar soluções inovadoras e sustentáveis para prosperar em meio às turbulências do mercado.

Um caso emblemático de superação desses desafios é o da BP Bunge Bioenergia, joint venture criada em dezembro de 2019 a partir da união dos negócios de bioenergia da multinacional britânica BP e de commodities agrícolas da Bunge no país. Com um modelo de negócio integrado, a companhia atua em toda a cadeia produtiva e na venda de etanol, açúcar e bioeletricidade gerada a partir da cana-de-açúcar.

A empresa, que mantém 11 unidades agroindustriais em cinco Estados brasileiros, faturou R$ 7,3 bilhões na safra 2021/2022, o que representa um crescimento de cerca de 20% na comparação com o período anterior, quando totalizou R$ 6,1 bilhões. Na safra 2022/2023, o aumento foi de 8%, alcançando R$ 7,9 bilhões. O etanol, entre os três produtos originados a partir do processamento da cana-de-açúcar – etanol, açúcar e bioenergia –, foi o responsável pela maior parte desse resultado, com um volume de vendas de R$ 4 bilhões, aumento de quase 43% em relação à primeira safra da empresa (2020/2021).

Com capacidade produtiva de 1,7 bilhão de litros de etanol e 1,7 milhão de toneladas de açúcar por safra, as exportações dos dois produtos tiveram papel preponderante no desempenho financeiro da BP Bunge. Na safra 2022/2023, o volume de vendas de etanol para o mercado externo somou R$ 539 milhões, um aumento de quase 260% na comparação com a safra anterior, enquanto o açúcar totalizou R$ 2,9 bilhões, ambos representando cerca de 43% da receita líquida no período.

Os principais mercados para os quais a empresa exporta hoje são Estados Unidos, Europa, Japão e Coreia do Sul. “O nosso etanol, produzido à base de cana-de-açúcar, é muito cobiçado no exterior devido a sua maior eficiência no que se refere à redução da emissão de carbono, uma questão para a qual os programas estrangeiros têm olhado cada vez mais de forma prioritária”, enfatiza o presidente-executivo da BP Bunge, Mario Lindenhayn, que também preside o conselho de administração da companhia.

Mario Lindenhayn, da BP Bunge: ganhos de produtividade e redução de custos — Foto: Andre Tomino/Divulgação
Mario Lindenhayn, da BP Bunge: ganhos de produtividade e redução de custos — Foto: Andre Tomino/Divulgação

O ingresso no mercado norte-americano ocorreu após a obtenção, por suas unidades agroindustriais, de certificação da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que verifica a sustentabilidade do processo produtivo do etanol e do negócio. O registro abriu as portas para a companhia exportar o biocombustível para aquele mercado. Além da EPA, todas as unidades da empresa também integram o programa nacional de incentivo a biocombustíveis RenovaBio, estabelecido pelo governo brasileiro para a redução dos gases de efeito estufa, o que as tornam certificadas para a emissão de CBios (crédito de carbono).

Parte do bom desempenho da BP Bunge Bioenergia em um período de tempo bastante curto, apesar das dificuldades do cenário econômico e do desafio inicial de integrar duas culturas e operações de grande escala, é atribuída por Lindenhayn à disciplina operacional e financeira e aos investimentos contínuos na área agrícola e na infraestrutura tecnológica. “Esse rigor operacional e financeiro resultou na condição de sermos hoje uma das empresas do setor com o menor endividamento e uma sólida saúde financeira”, afirma. Segundo o executivo, desde o início das atividades da empresa até a última safra (2022/2023), a empresa já investiu mais de R$ 6 bilhões. Este montante foi direcionado principalmente para aprimorar a produtividade agrícola, mas também inclui a parte operacional, em especial equipamentos, os quais integram várias tecnologias embarcadas e digitais.

Os investimentos no trato cultural do plantio até a colheita, bem como na agricultura regenerativa, fizeram com que a empresa se destacasse como a de melhor performance agrícola do setor, segundo Lindenhayn. “Somos referência em agricultura regenerativa no setor sucroenergético brasileiro. Desde nossa fundação, desenvolvemos soluções sustentáveis de gestão do campo, com foco em qualidade e produtividade dos canaviais, que contribuem com a melhora da saúde do solo e o aumento da biodiversidade”, aponta.

De acordo com o executivo, hoje, dos 450 mil hectares sob gestão da BP Bunge, 86% já contam com a utilização de vinhaça, capaz de expandir a longevidade, aumentar a produtividade dos canaviais e evitar o uso de água na irrigação. A projeção é expandir, até 2025, essa aplicação para 96% das lavouras. Com essas medidas, a companhia já conseguiu, na safra 2022/2023, substituir o uso de fertilizantes nitrogenados em 100% da área de plantio utilizando defensivos biológicos e de 40% nas áreas de soqueira, que têm alta incidência de pragas de solo. “Essas medidas, além de alternativas mais sustentáveis, geraram ganhos relevantes de produtividade, redução de custo e menos exposição perante produtos importados”, enfatiza o executivo.

Além do objetivo de se tornar referência mundial na produção de energia limpa e em processos produtivos sustentáveis, Lindenhayn destaca que a BP Bunge tem como política contribuir para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades onde atua, por meio da geração de emprego e renda e de impostos que movimentam as economias locais. Espalhadas pelos Estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e Mato Grosso do Sul, as 11 unidades atuam em 40 municípios e impactam 70 comunidades. Nos últimos três anos e meio, as operações da empresa nesses municípios contribuíram para a geração de cerca de 8.500 empregos diretos e quatro mil indiretos. “Na maioria desses municípios, nós somos o maior empregador, nos quais mantemos também uma série de projetos ligados à educação e à saúde, entre outros.”

Um dos novos projetos que vão beneficiar essas comunidades, segundo ele, é o contrato firmado com a TIM para construção de cem torres de transmissão em suas unidades, que cobrirão uma área total de três milhões de hectares e beneficiarão cerca de 200 mil pessoas. Lindenhayn faz questão de destacar que a BP Bunge também é signatária do Pacto Global da ONU para responsabilidade social corporativa e sustentabilidade, o que culminou na criação de um programa denominado Movimento Elas Lideram, em que a empresa assume o compromisso de ter um número significativo de mulheres em posições de liderança, além de outro projeto de diversidade, equidade e inclusão.

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