Tratado de Arras (1435)
O Tratado de Arras, ou, na sua forma portuguesa, de Arrás, foi um tratado firmado entre a França, o Ducado da Borgonha e a Inglaterra em 1435, na cidade francesa de Arras, durante o que se chamou de Congresso de Arras (ou de Arrás). No final da Guerra dos Cem Anos, tanto o congresso quanto o tratado representaram fracassos para os ingleses e grandes vitórias para a França.
Congresso
[editar | editar código-fonte]Os negociadores ingleses entraram no congresso acreditando que era uma simples negociação de paz entre seu país e a França. Eles propuseram uma trégua estendida e um casamento entre o adolescente Henrique VI da Inglaterra e a filha do rei da França Carlos VII. Os ingleses não queriam abrir mão de sua reivindicação à coroa da França e esta posição acabou por impedir qualquer negociação significativa. A delegação inglesa acabou por deixar o congresso no meio da sessão para atacar uma incursão feita pelos capitães franceses Xaintrailles e La Hire.
Enquanto isso a delegação francesa e as principais lideranças do clero urgiam Filipe, o Bom, da Borgonha a se reconciliar com Carlos VII. A Borgonha era um apanágio na época, virtualmente um estado independente, e tinha se aliado à Inglaterra desde o assassinato do pai de Filipe em 1419, no qual Carlos VII foi, pelo menos, cúmplice. A delegação inglesa retornou e descobriu que seu aliado tinha trocado de lado. Além disso, o regente inglês, João, Duque de Bedford, tinha morrido em 14 de setembro de 1435, uma semana antes do final do congresso.
Tratado de Arras
[editar | editar código-fonte]O congresso resultou no Tratado de Arras, que foi assinado em 1435 e se tornou um importante feito diplomático para a França nos anos finais da Guerra dos cem anos. De maneira geral, ele resolveu um rixa de longa data entre o rei francês e o duque Filipe da Borgonha. Ele reconheceu Carlos como rei da França e, em troca, Filipe foi isento de prestar homenagem à Coroa e Carlos concordou em punir os assassinos do pai de Filipe, João da Borgonha.[1] Ao quebrar a aliança entre a Borgonha e a Inglaterra, Carlos VII consolidou sua posição como monarca da França contra a reivindicação rival de Henrique VI. A distinção política entre os armagnacs e os burgúndios deixou de ser importante daí para frente. A França, que já tinha a Escócia como aliada, se fortaleceu e conseguiu isolar a Inglaterra, provocando um contínuo declínio da ocupação inglesa na França (e, eventualmente, o fim da Guerra dos cem anos).
O sucesso do congresso foi ainda facilitado pelos representantes do Papa Eugênio IV e do Concílio de Basileia, que discutiam entre si na época, auge do conciliarismo. Membros de ambas as delegações escreveram opiniões legais absolvendo o duque Filipe de suas obrigações com a Inglaterra.
Referências
- ↑ Charles, John Foster Kirk (1863). History of Charles the Bold, duke of Burgundy (em inglês). [S.l.]: J.B. Lippincott & Co. p. 36
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Trecho de um livro sobre a época» (em inglês). Guerra das Rosas. Consultado em 8 de março de 2011. Arquivado do original em 17 de junho de 2007
- François Pierre Guillaume Guizot. «Popular History of France from the Earliest Times (v. 3)» (em inglês). Gutenberg. Consultado em 8 de março de 2011
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Dickinson, Joycelyne Gledhill (1972). The Congress of Arras, 1435: A Study in Medieval Diplomacy (em inglês). New York: Biblo and Tannen