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Quirino

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 Nota: Para outros significados, veja Quirino (desambiguação).
Quirino

Denário com imagem de Quirino no anverso, e Ceres no reverso de 56 a.C.[1]

Na mitologia romana, Quirino (em latim: Quirinus) foi um antigo deus que representava o Estado romano. Na Roma de Augusto, Quirino também foi um epíteto de Jano, como Jano Quirino (Janus Quirinus).[2]

Em algumas fontes, Quirino é associado ao deus grego Enialio.

Seu nome viria de quiris, que significa "lança". Outra teoria propõe que seria derivado de co-viri ("homens juntos"); na medida em que ele personificava a força militar e econômica do populus romano coletivamente. Também alertava a curia ("casa do senado") e a assembleia curiata — termos que seriam cognatos de seu nome.

A esposa de Quirino era Hora. Na arte, era representado como um homem com barba e com roupa religiosa e militar. Por vezes associado com a murta-comum, seu festival era a Quirinália, realizada no no dia 17 de fevereiro. Quirino foi citado na Eneida, de Virgílio.

Supõe-se que Quirino tenha sido originalmente um deus da guerra sabino. Os sabinos tinham uma colônia próxima ao local onde Roma foi fundada, e ergueram um altar ao deus no Collis Quirinalis (monte Quirinal), uma das sete colinas de Roma. Quando os romanos povoaram a região, acabaram por absorver o culto de Quirino ao seu sistema de crenças arcaico - anterior à influência grega - e, ao fim do século I a.C., Quirino já era considerado como sendo Rômulo deificado.[3][4] Logo se tornou um importante deus do Estado romano, sendo incluído na mais antiga precursora da Tríade Capitolina, juntamente com Marte (então o deus da agricultura) e Júpiter.[5] Varrão comenta a respeito do Capitolium Vetus ("Antigo Capitólio"), um culto arcaico praticado no Quirinal e dedicado a Júpiter, Juno e Minerva,[6] sobre o qual Marcial faz um comentário referente à diferença entre o "antigo Júpiter" e o "novo" (o Júpiter posterior à influência grega, equivalente a Zeus).[7]

Em períodos posteriores, no entanto, Quirino se tornou bem menos importante, e perdeu seu lugar para a Tríade Capitolina mais conhecida (com Juno e Minerva tomando o lugar de Quirino e Marte). Mais tarde os próprios romanos começaram a se afastar do sistema de crenças estatais, favorecendo cultos mais pessoais e místicos (como os de Dioniso/Baco, Cibele e Ísis), até que Quirino passou a ser venerado quase que exclusivamente por seu flâmine, o flâmine quirinal (flamen Quirinalis), que continuava a ser um dos patrícios considerados flâmines maiores, superiores em importância ao pontífice máximo (pontifex maximus).[8]

Séculos depois da queda do Império Romano, o monte Quirinal, em Roma, permaneceu associado com o poder - tendo sido escolhido como a sede da casa real, após a tomada da cidade pelos Saboia, e posteriormente como a residência dos presidentes da República Italiana, o Palácio do Quirinal.

Referências

  1. Eric Orlin, Foreign Cults in Rome: Creating a Roman Empire (Oxford University Press, 2010), p. 144.
  2. Na oração dos fetiales, citada por Lívio (I.32.10); Macróbio (Sat. I.9.15);
  3. Fishwich, Duncan The Imperial Cult in the Latin West Brill, 2ª edição, 1993 ISBN 978-90-04-07179-7 [1]
  4. Evans, Jane DeRose The Art of Persuasion University of Michigan Press 1992 ISBN 0472102826 [2]
  5. Ryberg, Inez Scott. "Was the Capitoline Triad Etruscan or Italic?" The American Journal of Philology 52.2 (1931), pp. 145-156.
  6. Varrão, De lingua latina V.158.
  7. Marcial, (V, 22.4) fala sobre um local no Equilino de onde se podia ver hinc novum Iovem, inde veterem. ("aqui o novo Júpiter, lá o velho."
  8. Festo, 198, L: "Quirinalis, socio imperii Romani Curibus ascito Quirino".
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