Saltar para o conteúdo

Movimento Uhuru

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Tópicos Pan-Africanos
Geral
Pan-africanismo
Afro-asiáticos
Afro-latino
Afro-americano
Kwanzaa
Colonialismo
África
Maafa
Negros
Filosofia africana
Conservadorismo negro
Nacionalismo negro
Orientalismo negro
Afrocentrismo
Tópicos africanos
Arte
FESPACO
African art
PAFF
Pessoas
George Padmore
Walter Rodney
Patrice Lumumba
Thomas Sankara
Frantz Fanon
Chinweizu Ibekwe
Molefi Kete Asante
Ahmed Sékou Touré
Kwame Nkrumah
Marcus Garvey
Nnamdi Azikiwe
Malcolm X
W. E. B. Du Bois
C. L. R. James
Cheikh Anta Diop

O Movimento Uhuru (Uhuru é a palavra suaíle para liberdade[1]) é um movimento socialista centrado na teoria do internacionalismo africano, que providencia uma explicação materialista histórica para as condições socioeconômicas do povo africano ao redor do mundo. O movimento é liderado pelo Partido Socialista do Povo Africano,[2] cujo presidente é Joseph Waller, que também fundou o partido em 1972.

O PSPA formou várias organizações, cada uma com uma tarefa e propósito específico. Organizações afiliadas incluem o Movimento Democrático Internacional Popular Uhuru, a Internacional Socialista Africana, UhuruNews.com, O Comitê de Solidariedade ao Povo Africano, o Movimento de Solidariedade Uhuru, a produtora Burning Spear Productions, Uhuru Foods, Uhuru Furniture,[3] o Projeto de Desenvolvimento e Empoderamento de Todo Povo Africano, e a Fundação de Defesa e Educação do Povo Africano.[4]

Visões políticas e história

[editar | editar código-fonte]

A ideologia política do Movimento Uhuru é o internacionalismo africano, que diz que o capitalismo nasceu parasitário através do ataque contra a África e seu povo.[5] O internacionalismo africano defende que o capitalismo é o imperialismo desenvolvido até o seu estágio mais avançado,[6] e não o contrário, como Vladimir Lenin teorizou.[7]

Esta crença vem do livro de Karl Marx de 1867 O Capital, onde Marx escreveu sobre a condição essencial para o surgimento do capitalismo que ele chamou de "acúmulo primitivo" do capital.[6] O internacionalismo africano não é uma teoria estática que se refere apenas às condições do passado, também se refere às condições enfrentadas pelo povo africano hoje. A ideologia se refere ao povo africano que vive dentro do que são vistos como centros imperialistas, como os Estados Unidos e Europa, como uma "colônia interna".[5] O movimento defende a libertação de todos os prisioneiros afro-americanos das prisões estadunidenses, descritas como "campos de concentração", e descreve as forças policiais dos EUA como um "exército permanente ilegítimo". Eles defendem a retirada das forças policiais das comunidades afro-americanas exploradas e oprimidas.[8]

Nos anos 1990, a tensão entre a polícia de St. Petersburg e o Movimento Uhuru era alta. Membros do Movimento Uhuru frequentemente protestavam contra o tratamento que os afro-americanos recebiam da polícia, geralmente após afro-americanos serem mortos pela polícia. No dia 25 de outubro de 1996, violência eclodiu após um policial branco assassinou um jovem negro dirigindo um carro roubado.[9] Carros e edifícios foram queimados, manifestantes gritaram e jogaram pedras, entre outros itens, nos policiais no local do assassinato. Pelo menos 20 manifestantes foram presos.[10] No dia seguinte, um grande grupo de membros do Uhuru retornaram para o local e exigiram a libertação dos manifestantes presos. Sobukwe Bambaata, um dos membros do Uhuru, disse que os tumultos jamais teriam ocorrido "se a polícia não viesse até a nossa comunidade e nos tratasse como cães."[11]

Embora a violência eclodiu em 1996, a maioria dos protestos organizados pelo movimento terminou em paz.[12][13]

Polêmicas e críticas

[editar | editar código-fonte]

Em 2004, o líder do Movimento Uhuru, Omali Yeshitela, derrubou uma exposição de Halloween em St. Petersburg, que mostrava "uma figura recheada pendurada pelo pescoço em uma forca caseira". Opiniões subsequentes[14] e cartas[15] para o jornal St. Petersburg Times sobre o incidente foram críticas tanto do Movimento Uhuru quanto da conduta de Yeshitela.[15]

O Movimento Uhuru chamou a atenção nacional durante a campanha presidencial de 2008, quando eles interromperam Barack Obama em uma reunião da prefeitura em St. Petersburg, Flórida, e questionaram o candidato com a pergunta: "E a comunidade negra?"[16] alegando que ele não estavam falando aos africanos sobre questões como violência policial, alto desemprego, empréstimos predatórios e o Furacão Katrina.[17]

O grupo foi criticado pela Liga Antidifamação por participar no dia 3 de janeiro de 2009 em St. Petersburg de manifestações cuja Liga alega terem encorajado comícios anti-Israel e antissionistas.[18]

Em 2009, o Movimento Democrático Internacional Popular Uhuru organizou uma marcha em apoio a Lovelle Mixon e contra a polícia de Oakland. Mixon, morador de Oakland, Califórnia, fora acusado de matar quatro policiais de Oakland e morreu durante um tiroteio após uma batida de trânsito, coincidentemente a quarteirões da sede local do movimento.[19][20] Por outro lado, muitos negros de Oakland, assim como membros de outros grupos raciais, pareciam, em grande parte, se opor a tais sentimentos,[21] uma clara maioria daqueles que regularmente faziam campanhas contra os abusos do poder policial também rejeitavam qualquer tentativa de dar legitimidade à fúria assassina de Mixon[22] e Caroline Mixon, prima de Lovelle Mixon, fez uma homenagem pública à polícia de Oakland, agradecendo-lhes por servir e proteger a população da cidade.[23]

Na Universidade Johannes Gutenberg em Mainz, Alemanha, o Comitê Geral de Estudantes se separou em abril de 2015 em decorrência da disputa interna sobre suposto antissemitismo após ter organizado um evento de informação sobre o Movimento Uhuru no campus da UJG em janeiro.[24] O comitê se distanciou do Movimento Uhuru, do Partido Socialista do Povo Africano e seu líder Omali Yeshitela afirmando que "a luta contra o racismo e as consequências do colonialismo não devem nos cegar para outras ideologias reacionárias" e lamentou prover uma plataforma para este movimento.[25]

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Standard Swahili-English Dictionary, Frederick Johnson. Oxford University Press (1951), pp. 138, 491.
  2. «African People's Socialist Party-USA - History». Asiuhuru.org. Consultado em 5 de janeiro de 2013 
  3. Uhuru profile, sct.temple.edu; consultado em 18 de setembro de 2015.
  4. «Uhuru Movement Dot Org: Welcome to the Uhuru Movement!». Uhurumovement.org. Consultado em 5 de janeiro de 2013 
  5. a b «African People's Socialist Party-USA Constitution». uhurunews.com. Consultado em 30 de novembro de 2015 
  6. a b «War abounds! Break the Silence! Join the Black is Back march on Washington Nov 3rd». uhurunews.com. Consultado em 30 de novembro de 2015 
  7. «Imperialism: The Highest Stage of Capitalism». SocialistWorker.org (em inglês). Consultado em 15 de novembro de 2018 
  8. «Platform – The African People's Socialist Party». apspuhuru.org (em inglês). Consultado em 15 de novembro de 2018 
  9. ROCHEMONICA DAVEYAMY WIMMER, TIM (25 de outubro de 1996). «Violence, fires erupt after police kill driver». St. Petersburg Times. Consultado em 25 de novembro de 2018 
  10. «St. Petersburg, Florida riots of 1996», Wikipedia (em inglês), 11 de agosto de 2018, consultado em 25 de novembro de 2018 
  11. Landry, Sue (26 de outubro de 1996). «Uhurus protest police treatment of blacks». St. Petersburg Times. Consultado em 25 de novembro de 2018 
  12. Jackson, Mike (13 de outubro de 1991). «Group protests handling of man's death at jail». St. Petersburg Times. Consultado em 25 de novembro de 2018 
  13. Tubbs, Sharon (17 de novembro de 1996). «Marchers attempt to heal the rifts». Tampa Bay Times. Consultado em 25 de novembro de 2018 
  14. «Uhurus vs. Halloween display». St. Petersburg Times. 23 de outubro de 2004 
  15. a b «Uhurus went too far in destroying holiday display». St. Petersburg Times. 23 de outubro de 2004 
  16. «Protestor Tells Why He Heckled Obama». NPR. 4 de agosto de 2008. Consultado em 5 de janeiro de 2013 
  17. Miller, Sunlen. «Protesters: "What About The Black Community, Obama?"». ABC News 
  18. «Israel's Action in Gaza Spurs Anti-Israel Rallies». adl.org. Liga Antidifamação 
  19. "Dozens march for Mixon, against police", San Francisco Chronicle, 26 de março de 2009.
  20. "Calling him a 'true hero', mourners hold vigil for suspected Oakland cop killer Lovelle Mixon", New York Daily News; consultado em 13 de junho de 2016.
  21. Woman says she pointed police to Oakland killer, San Francisco Chronicle, 23 de março de 2009.
  22. Kamiya, Gary (28 de março de 2009). «Oakland mourns». Salon.com. Consultado em 5 de janeiro de 2013. Arquivado do original em 23 de outubro de 2012 
  23. Kuruvila, Matthai (1 de abril de 2009). «Killer's cousin pays tribute to Oakland cops». The San Francisco Chronicle. Consultado em 2 de abril de 2009. Cópia arquivada em 4 de abril de 2009 
  24. Schmidt, Carina (30 de abril de 2015). «Jusos und CampusGrün: Knatsch im AStA, Zusammenarbeit geplatzt/Streit um Referentin eskaliert». Allgemeine Zeitung. Consultado em 17 de setembro de 2015. Cópia arquivada em 17 de setembro de 2015 
  25. «AStA distanziert sich von der Uhuru-Bewegung». General Students' Committee at the University of Mainz. Cópia arquivada em 17 de setembro de 2015