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Juventude

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 Nota: Este artigo é sobre período entre a infância e a maturidade. Para outros significados, veja Juventude (desambiguação).

Juventude (do termo latino juventute), é um termo comumente usado para se referir a aparência jovial, atitudes imaturas ou aspecto jovem de uma pessoa independente da idade. A ONU e suas agências consideram "juventude" como a fase da vida entre a dependência e a independência, essa definição foi feita durante os preparativos para o Ano Internacional da Juventude (1985) e endossada pela Assembleia Geral[1][2]. Embora a juventude seja uma mera construção social, não podemos confundi-la com a adolescência, porque a juventude é um termo social e indefinido usado apenas para fins estatísticos, no entanto a adolescência é um período crucial com mudanças físicas, emocionais e intelectuais e marcantes entre a infância e a idade adulta[3][4]. O O Relatório Mundial da Felicidade (RMF) define a infância e a adolescência dentro da faixa etária de 10 a 24 anos, refletindo estágios críticos de desenvolvimento cerebral[5]. Embora a ONU e suas agências não tenham uma definição de juventude, em seus relatórios e estatísticas é definido como alvo a fase dos 15 aos 24 anos, além disso na visão da ONU a juventude é dividida em duas fases.

São Elas:

Adolescentes dos 10 aos 19 anos.

Adultos-Jovens dos 20 aos 24.

Muitas vezes os relatórios da ONU sobre a juventude criam inúmeros estereótipos em torno da juventude, tendo como alvo a faixa etária dos 15 aos 24 ou 29 anos.

Alguns estereótipos comuns incluem:

Delinquentes Juvenis: De acordo com um relatório de uma agência da ONU a UNICEF na década de 1990, no Vietnã, a delinquência juvenil era um problema crescente. Tanto a incidência crescente quanto a seriedade crescente da delinquência juvenil tinha sido a principal preocupação da sociedade até os dias de hoje[6], em outras palavras criminosos.

Geração Nem-Nem ou NEET em inglês: Segundo a OECD uma agências da ONU são jovens que não estão empregados, não estão em educação ou não estão em treinamento de 15 a 24 ou 29 anos[7], ou seja despreocupados e preguiçosos, isso tem criado uma visão negativa dos jovens nos tempos modernos.

Irresponsáveis: Segundo a ONU mais de 2,6 milhões de jovens entre 10 e 24 anos morrem a cada ano no mundo, principalmente devido a causas evitáveis[8]. Em um dos artigo da Pan American Health Organization PAHO diz que os acidentes de trânsito com veículos automotores foram a principal causa de morte em mulheres nas idades de:

• 5 a 14- (15%)

• 15 a 24- (18%)

• 25 a 44 anos- (7%)

E também foram a principal causa entre homens nas idades de:

• 5 a 14 anos- (19%)

E a segunda principal causa de mortes em homens de 15 a 24- (19%) e 25 a 44 anos- (12%)[9]. Esse tipo de estereótipo tem impedido que pessoas com menos de 25 anos possam aluguar um carro ou então tenham que pagar uma taxa adicional. Nos EUA todos os outros locatários com menos de 25 anos precisarão pagar uma “taxa de locatário jovem”. O custo médio é de aproximadamente US$ 25,00 por dia, mas pode ser maior ou menor com base no local do aluguel, em Nova York por exemplo, qualquer motorista entre 18 e 20 anos de idade pagará uma "Taxa de Jovem Locatário" adicional de US$ 64,75 por dia, enquanto qualquer motorista entre 21 e 24 anos de idade pagará uma "Taxa de Jovem Locatário" adicional de US$ 30,75 por dia, além disso locatários de 21 a 24 anos de idade podem ser restritos a classes específicas de carros[10].

• Problemas Mentais: Outro relatório da ONU diz que os jovens entre 15 e 24 anos, 17 por cento de todos os anos de vida ajustados por incapacidade são devidos a transtornos mentais e comportamentais , com mais 4,5 por cento devidos a automutilação e 5 por cento devidos a outros transtornos neurológicos[11]. Segundo a OMS, mais de 700.000 pessoas morrem por suicídio todos os anos, sendo o suícidio a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos[12], no entanto um relatório do Relatório Mundial da Felicidade (RMF) diz que globalmente, adolescentes de 15 a 24 anos ainda relatam maior satisfação com a vida do que adultos de 25 anos ou mais, no entanto a lacuna está diminuindo na Europa Ocidental e recentemente se reverteu na América do Norte, Austrália e Nova Zelândia (ANZ) devido a tendências negativas para os jovens. Por outro lado, a lacuna está aumentando na África Subsaariana devido ao aumento da satisfação com a vida entre os jovens[13].

Frequentemente vemos e ouvimos inúmeras vezes a juventude recheando manchetes de jornais, noticiários de TV, propagandas comerciais e rodas sociais. Vítima ou promotora de violências, carente de políticas de inclusão social, delinquentes, eleitores, irresponsáveis e sem responsabilidades, futuro da nação, ou público consumidor, as juventudes são compreendidas de diversas formas equivocadas pelo senso comum, instituições mantenedoras do status e, inclusive, por alguns órgãos públicos.

Quanto à rebeldia, existe a interpretação do fenômeno juvenil como detentor de uma tendência ideológica predeterminada, como se o jovem fosse, naturalmente, progressista, de esquerda ou revolucionário. Não se reconhece, assim, a condição de constante disputa ideológica que este setor sofre. Propõe-se que a crítica social seja algo momentâneo, negando, também, os jovens e as jovens que se engajam em organizações reacionárias e até mesmo se colocam numa condição de alienação social.

Como padrão de estética, moda e consumo, a cultura moderna impõe um ideal padronizado de beleza como expressão de juvenilidade. O mercado, por exemplo, produz acessórios que chama de "moda jovem" com a intenção de padronizar valores estéticos. Como se este padrão de beleza eternizasse este período da vida, ou seja, como se o "parecer" fosse expressão do "ser".

Alguns momentos específicos do período juvenil explicam esses conflitos: a escolha da profissão e, quando possível, do curso universitário, o que socialmente atribui, às juventudes, uma concepção de mão de obra barata na sua generalidade; a descoberta e a experimentação do corpo, da sexualidade e suas orientações, bem como a interpretação, rompimento, ou não, com a família e constituição da própria; as decisões filosóficas, ideológicas e políticas, como o 1° voto e o engajamento em organizações... Com essa gama de conflitos, os jovens e as jovens expressam suas contradições e dúvidas de diversas formas, como nos grupos de identidade, opiniões políticas e organizações, estilos, costumes, gírias, roupas, músicas, entre diversos outros. Daí o conceito de "Juventude" como compreensão de identidade e organização e, mais ainda, a necessidade de caracterização como "Juventudes", reconhecendo essa diversidade.

Definição de Juventude[editar | editar código-fonte]

  • Para a ONU e suas agências o termo “Juventude” é melhor entendido como um período de transição da dependência para a independência e a consciência de nossa interdependência como membros de uma comunidade, além disso a ONU e suas agências definem que “juventude” é frequentemente indicada como uma pessoa entre a idade em que pode deixar a educação obrigatória e a idade em que encontra seu primeiro emprego. Este último limite de idade tem aumentado, pois os níveis mais altos de desemprego e o custo de criação de uma família independente colocam muitos jovens em um período prolongado de dependência.[14]
  • Para Erik Erikson (1959) distingue os seguintes estágios do desenvolvimento psicossocial: Estágio do jovem adulto (de 13 a 20) precede o início da idade adulta (de 20 a 40) e este precede a idade adulta média (de 40 a 65).[15]
  • Para Daniel Levinson (1978) e Rhona Rapoport (1980) por uma variedade de razões, a atualidade na idade adulta jovem não pode ser definida exatamente - produzindo resultados diferentes de acordo com a mistura diferente de índices sobrepostos (legais, maturacionais, ocupacionais, sexuais, emocionais e semelhantes) empregados, ou se uma perspectiva de desenvolvimento [... ou] a perspectiva de socialização é adotada.[16]

Jovem rural[editar | editar código-fonte]

Segundo o jornalista padre Leonardo Hellmann, "no mundo do trabalho, só se salvarão os jovens mais audazes, que forem bilíngues e tenham uma sólida formação nos campos da microeletrônica, e os especialistas em tecnologia de informação".[17] Porém essa tecnologia dificilmente é de acesso ao jovem rural.

De acordo com o censo demográfico 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, jovens urbanos brasileiros com 18 anos ou mais, têm um nível de escolaridade 50% maior do que os que moram no campo. Faz-se necessário registrar que 10% dos jovens rurais são analfabetos e 80% da juventude do campo, para ter acesso à educação, precisa deslocar-se a centros urbanos (censo demográfico 2000 IBGE).

Sabemos que a opção pelos estudos está entre os fatores que levam os jovens ao êxodo rural. O jovem que vai estudar na cidade mais próxima encontra um modelo de educação que não se adapta à realidade do campo.

"No campo, o poder público responsabiliza-se apenas pelo ensino de 1ª a 4ª série", afirma a coordenadora da Comissão Nacional de Jovens do Conselho Nacional de Trabalhadores na Agricultura Simone Battestim.[18]

Além do ensino precário, as dificuldades de acesso ao serviço de saúde, a dependência econômica, e tecnologia, têm empurrado o jovem do campo às cidades, na ilusão de melhores condições de vida. Tudo isso tem trazido inchaço às grandes cidades, e consequentemente o crescimento das favelas, e tem levado muitos jovens a viverem uma vida ociosa e sem perspectivas para o futuro.

O mundo tem associado o meio rural como sinônimo de local degradante, atrasado, não modernizado. Do contrário, tem visto o meio urbano como um lugar de progresso e modernidade. Da mesma forma, Moreno (1982, apud Pereira, 2000) destaca que os jovens rurais que não estudam são estigmatizados por suas comunidades, expostos à exploração do trabalho. A isto, soma-se o senso comum, estimulado a criar estereótipos, caracterizando o jovem rural com simplório, pouco dotado de inteligência, mais propenso ao trabalho manual, ou seja, o peão. Do contrário, o jovem urbano é visto como hedonista, individualista, avesso às regras, produto da sociedade.[19]

"Manter a juventude no campo satisfeita e motivada, mesmo que seja necessária a adoção de modernos conceitos como agricultura de tempo parcial, em que parte da população trabalha nas zonas agrícolas e mora nas áreas urbanas disposta a agregar tecnologia e produzir com eficiência, será vital para o futuro do país", afirma o presidente das cooperativas de Santa Catarina (Ocesc) Neivor Canton.[20] Essa constatação, justifica programas específicos de apoio e estimula as novas gerações de empresários rurais (o colono, como era chamado antigamente), e produtores. Canton diz, ainda, que o êxodo rural persistirá por mais alguns anos, tornando, cada vez mais rarefeita, a densidade populacional do campo até esta estabilizar-se, e que o emprego de tecnologia compensará a perda dessa mão de obra.

De qualquer forma, jovens do campo e da cidade compartilham preferências, no modo de vestir, falar, nos ídolos do momento, nos times preferidos, bandas musicais... Porém, deve-se levar em conta a individualidade de cada um, a juventude não deve ser vista como uma população homogênea.

Referências

  1. «Frequently asked questions | United Nations For Youth». www.un.org. Consultado em 12 de julho de 2024 
  2. «What is meant by youth? | Yocomo Self-Assessment Tool». satool.salto-youth.net. Consultado em 12 de julho de 2024 
  3. Studocu. «Juventude Como Construção Social» 
  4. «Adolescent Health | Health & Human Services». hhs.iowa.gov (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2024 
  5. «Child and Adolescent Well-being: Global Trends, Challenges and Opportunities». worldhappiness.report (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2024 
  6. «Juvenile Justice Information Portfolio - UNICEF Case Studies: Vietnam». www.unicef-irc.org. Consultado em 12 de julho de 2024 
  7. «Youth not in employment, education or training (NEET)». OECD (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2024 
  8. «#YouthStats: Health». Office of the Secretary-General’s Envoy on Youth (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2024 
  9. www3.paho.org https://www3.paho.org/english/dd/ais/be_v25n1-acctransito.htm. Consultado em 12 de julho de 2024  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  10. «Age Requirements (US/Canada)». www.enterprise.com (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2024 
  11. UN. «Transtornos Mentais na Juventude» (PDF) 
  12. «Suicide». www.who.int (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2024 
  13. «Child and Adolescent Well-being: Global Trends, Challenges and Opportunities». worldhappiness.report (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2024 
  14. «sandbox-tvetipedia». unevoc.unesco.org. Consultado em 13 de julho de 2024 
  15. «What is meant by youth? | Yocomo Self-Assessment Tool». satool.salto-youth.net. Consultado em 13 de julho de 2024 
  16. «What is meant by youth? | Yocomo Self-Assessment Tool». satool.salto-youth.net. Consultado em 13 de julho de 2024 
  17. HELLMAN, Leonardo. Uma sociedade em mudança. Disponível em: http://an.uol.com.br/2004/out/21/0opi.htm. Acesso em: 10 nov 2005.
  18. BATESTIN, Simone. Educação. Disponível em http://www.andi.org.br. Acesso 5 nov 2005.
  19. PEREIRA, Josete Mara Stahelin. Os espaços dos jovens nos processos de transformação do meio rural: um estudo de caso no município de Camboriú. Florianópolis, 2001. 150 f. Dissertação (Mestrado) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina.
  20. CANTON, Neivor. Juventude rural e futuro Disponível em http://an.uol.com.br/2004/out/21/0opi.htm. Acesso em 10 de novembro de 2005.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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