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Mar dos Sargaços

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(Redirecionado de Mar de Sargaço)

Mar dos Sargaços

Mar dos Sargaços em destaque.

Localização
Localização
-
Parte de
Oceano Atlântico Norte (d)
Coordenadas
Dimensões
Profundidade média
7 000 m
Hidrografia
Tipo
História
Origem do nome
Mapa

Mar de Sargaços ou mar dos Sargaços é uma região alongada no meio do Atlântico Norte, cercado por correntes oceânicas. A oeste, é limitado pela corrente do Golfo; ao norte, é circundado pela Corrente do Atlântico Norte; pelo leste, é limitado pela Corrente das Canárias; e ao sul é circundado pela Corrente Equatorial do Atlântico Norte. Tem cerca de 1 100 km de largura e 3 200 km de comprimento e se estende de cerca de 70° oeste a 40° oeste, e de 25° norte a 35° norte, entre a América do Norte e a Europa. As Bermudas estão localizadas perto da orla ocidental do mar. Como não é delimitado por bordas continentais terrestres, Sargaços é o único mar da Terra que não tem litoral.[1][2]

O mar dos Sargaços é limitado, a oeste, pela Corrente do Golfo; ao norte, pela Corrente do Atlântico Norte; a leste, pela Corrente das Canárias e, ao sul, pela Corrente Equatorial do Atlântico Norte — as quatro juntas formando um sistema de correntes oceânicas que circula em sentido horário, sendo chamado Giro do Atlântico Norte.[3]

Está situado entre 20° e 35° N e 40° e 70° W e tem aproximadamente 1 100 km (590 nmi) de largura por 3 200 km (1 700 nmi) de comprimento.[4][5] Bermuda fica perto da margem ocidental do mar.[6]

Como o mar dos Sargaços é delimitado por correntes oceânicas, suas fronteiras exatas podem mudar. A Corrente das Canárias, em particular, é muito variável e, com frequência, a linha utilizada é a que fica a oeste da Dorsal Mesoatlântica. Um relatório de 2011 baseou os limites do mar em diversas variáveis, incluindo correntes, presença de algas marinhas e a topografia do fundo do oceano, e determinou que os limites específicos do mar estavam "entre 22° e 38° N, 76° e 43° O e centrados em 30° N e 60° O", totalizando cerca de 4 163 499 km².[7]

Os marujos portugueses estiveram entre os primeiros descobridores da região, no século XV. Cristóvão Colombo e seus homens também se depararam com o mar de Sargaços e fizeram relatos sobre a grande quantidade de algas em sua superfície, quando cruzaram o Atlântico rumo à América em 1492. O navegador cartaginês Himilco já havia feito descrições similares após cruzar as Colunas de Hércules:

"Muitas algas crescem em meio às ondas, as quais retardam o navio como se fossem arbustos (...) Aqui, as bestas marinhas movem-se vagarosamente de um lado para o outro, e grandes monstros nadam languidamente entre os navios que se arrastam" (Avieno).

Devido à sua proximidade com as Bermudas (e, consequentemente, com o Triângulo das Bermudas), ao mar dos Sargaços são creditados alguns dos estranhos desaparecimentos ali ocorridos. O estigma é reforçado pelas eventuais ausências de vento e pela possibilidade de as embarcações encalharem, ao se enredarem nos sargaços. Por tudo isso, a partir dos anos 1950, o local passou a ser referido pela imprensa sensacionalista como "Cemitério do Atlântico",[8] "Triângulo do Diabo" ou "Triângulo da Morte".[9] Mas, enquanto o Triângulo das Bermudas é uma espécie de lenda urbana, as ameaças aos ecossistemas do mar dos Sargaços são bem reais.

Sargaços flutuantes no Mar dos Sargaços.

O mar dos Sargaços tem águas quentes (atingindo mais de 28°C), elevado índice de salinidade (superior a 37 ppm) e é frequentemente considerado como sem vida. No entanto, é o habitat de várias algas do gênero Sargassum, crustáceos e peixes, como o peixe-voador. As algas flutuam em massa na superfície, constituindo-se como "ilhas" ou "campos" de vegetação marinha.[10]

É o lar de algas marinhas do gênero Sargassum, que flutuam em massa na superfície.[10] O Grande Cinturão de Sargaços do Atlântico é a maior massa desse tipo no mundo.[11] As massas de sargaço geralmente não são uma ameaça para a navegação, e os incidentes históricos de navios à vela que ficaram presos nelas se devem aos ventos frequentemente calmos das latitudes dos cavalos.[10]

O mar dos Sargaços desempenha um papel importante na migração de espécies de catádromos, como a enguia-europeia, a enguia-americana e o congro-americano. As larvas dessas espécies eclodem no mar e, à medida que crescem, viajam para a Europa ou para a costa leste da América do Norte. Mais tarde, a enguia madura migra de volta para o mar dos Sargaços para desovar. Acredita-se também que, após a eclosão dos ovos, as jovens tartarugas-marinhas usam as correntes, tais como a Corrente do Golfo, para viajar até o mar dos Sargaços, onde usam o sargaço para se proteger de predadores até a maturidade.[12][13] O peixe-sargaço é uma espécie de peixe-sapo especialmente adaptada para se misturar entre as algas marinhas Sargassum.[14] Milhões de bebês de enguia-europeia nascem lá e depois realizam uma jornada épica de três anos, para voltar ao Reino Unido. Muitas espécies de aves marinhas também sobrevoam o mar dos Sargaços e se alimentam nessa vasta extensão de mar aberto, a caminho da Grã-Bretanha.[15]

No início dos anos 2000, o mar dos Sargaços foi incluído na amostragem da Global Ocean Sampling Expedition (GOS), um projeto de exploração oceânica cujo objetivo é avaliar a diversidade genética em comunidades microbianas marinhas e compreender sua função nos processos fundamentais da natureza, por meio da metagenômica. Ao contrário das teorias anteriores, os resultados indicaram que a área tem uma grande variedade de vida procarionte.[16]

O sargaço é um tipo de macroalga. Como todas as algas, produz oxigênio. Com base em medições da produção de oxigênio feitas em 1975 e em estimativas da massa total de sargaços no mar, pode-se calcular que o mar dos Sargaços pode produzir 2,2 bilhões de litros de O₂ por hora. Isso o torna uma parte muito importante da ecologia global.[17]

O Mar dos Sargaços, como muitos ecossistemas oceânicos únicos, encontra-se sob ameaças diversas, tais como a pesca em escala industrial, a poluição por resíduos plásticos, a prospecção de petróleo e a mineração em águas profundas.[15]

Por outro lado, o Tratado Global do Oceano, adotado pelas Nações Unidas em março de 2024, deverá dar aos governos o poder de criar santuários em alto mar, uma vez ratificado na legislação nacional de cada estado-membro. Esses santuários "dariam espaço para a vida marinha se recuperar", segundo o Greenpeace, mediante a implementação de restrições e limites para determinadas atividades.[18]

Referências

  1. Dempsey, Caitlin (11 de dezembro de 2015). «The Only Sea in the World Without a Coast». Geographyrealm.com (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2020 
  2. Buchan, Alastair (1 de junho de 2013). «The Atlantic Sailor's Handbook». A&C Black (Google Livros) (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2020 
  3. «Ocean Gyre». National Geographic 
  4. «Sargasso Sea». oceanfdn.org. The Ocean Foundation. 14 de setembro de 2015 
  5. Weatheritt, Les (2000). Your First Atlantic Crossing: A Planning Guide for Passagemakers 4.ª ed. London: Adlard Coles Nautical. ISBN 978-1-4081-8808-8 
  6. Webster, George (31 de maio de 2011). «Mysterious waters: from the Bermuda Triangle to the Devil's Sea». CNN 
  7. Sargasso Sea Alliance 2011, p. 7.
  8. «The Graveyard of the Atlantic». Cópia arquivada em 27 de setembro de 2020 
  9. «Qué es el Triángulo de las Bermudas y dónde está ubicado». National Geographic (em espanhol). 2 de dezembro de 2022 
  10. a b c «Sargasso». Straight Dope. Agosto de 2002 
  11. Wang, Mengqiu; Hu, Chuanmin; Barnes, Brian B.; Mitchum, Gary; Lapointe, Brian; Montoya, Joseph P. (5 de julho de 2019). «The great Atlantic Sargassum belt». Science (em inglês). 365 (6448): 83-87. ISSN 0036-8075. PMID 31273122. doi:10.1126/science.aaw7912 
  12. «Tartarugas voltam para casa após estadia no Reino Unido». BBC News. 30 de junho de 2008. Consultado em 23 de maio de 2010 
  13. «Satellites track turtle 'lost years'». BBC News. 5 de março de 2014 
  14. «In the Sargasso Sea, life depends on floating sargassum seaweed». National Geographic Society. 15 de maio de 2019. Arquivado do original em 19 de maio de 2019 
  15. a b The Sargasso Sea: why this 'golden floating rainforest' urgently needs protecting, greenpeace.org.uk, 2 de maio de 2024.
  16. Venter, JC; Remington, K; Heidelberg, JF; et al. (abril de 2004). «Environmental genome shotgun sequencing of the Sargasso Sea». Science. 304 (5667): 66-74. Bibcode:2004Sci...304...66V. CiteSeerX 10.1.1.124.1840Acessível livremente. PMID 15001713. doi:10.1126/science.1093857 
  17. Blake, Norman J.; Johnson, David L. (agosto de 1976). «Oxygen production-consumption of the pelagic Sargassum community in a flow-through system with arsenic additions». Deep Sea Research and Oceanographic Abstracts (em inglês). 23 (8): 773-778. doi:10.1016/S0011-7471(76)80020-4 
  18. Greenpeace calls on Government to spearhead sea sanctuary campaign, perspectivemedia.com, 7 de maio de 2024.