Francisco Januário Salerno
Francisco Januário Salerno (Itália, ? — Caxias do Sul, 19 de novembro 1892) foi um comerciante, policial e revolucionário ítalo-brasileiro.
Sua vida é mal documentada. Chegou ao Brasil na década de 1870 e é encontrado primeiramente na colônia de Taquara do Mundo Novo, onde foi processado em 1880 por recusar-se a entregar para tutela um menor negro que mantinha em sua casa, sendo absolvido. Nesta época estava amasiado com Maria Carlota da Costa Torres.[1]
Em julho de 1889 foi nomeado inspetor escolar da freguesia de Caxias,[2] onde estabeleceu casa comercial.[3] Foi dispensado da Inspetoria Escolar em 17 de dezembro,[4] em 17 de janeiro de 1890 fundou em assembleia reunida em sua casa o Club Republicano, associado ao Partido Republicano Rio-Grandense, sendo aclamado presidente,[5] e um ano depois era delegado de polícia, ganhando notoriedade como um dos líderes da Revolta dos Colonos, que eclodiu em 26 de novembro de 1891 contestando a política da Junta Governativa instalada pelo Governo do Estado, a cobrança de impostos atrasados com juros e multas e as más condições das estradas. Os revoltosos derrubaram a Junta e em seu lugar instalaram uma Junta Revolucionária, presidida por Salerno.[6]
O poder foi devolvido à Junta Governativa em 14 de dezembro, mas a tensão permaneceu. Em 9 de janeiro de 1892 o primeiro Conselho Municipal, empossado em 15 de dezembro anterior, enviou um ofício ao Governo estadual protestando que não estava podendo deliberar porque Salerno havia esvaziado a sede legislativa de seus equipamentos e móveis e que a vila encontrava-se na maior anarquia. Salerno recebeu ordem de devolver os bens do Conselho e permitir seu funcionamento, mas negou-se. Além disso, publicou um edital, onde se auto-intitulava Intendente, pregando que a população não pagasse os impostos, fazia discursos nas vias públicas no mesmo teor e mandou emissários para a zona rural a fim de divulgar suas ordens. O delegado estadual de polícia Francisco Nabuco Varejão por fim conseguiu em 18 de março de 1892 que o material apreendido do Conselho fosse devolvido. Todavia, os enfrentamentos continuavam, e em 25 de junho levantou-se uma segunda revolta, novamente liderada por Salerno e Affonso Amabile, que derrubaram o Conselho e exigiram a entrega dos arquivos públicos. Devido ao apoio do bacharel Manuel Claudino de Mello e Silva e do juiz distrital Miguel Antônio Dutra Neto, a resistência dos conselheiros foi inútil, assumindo o poder outra Junta Revolucionária, composta por Luiz Pieruccini, Domingos Maineri e Vicente Rovea. A crise só foi superada quando Antônio Xavier da Luz foi nomeado intendente em 5 de julho de 1892, levando para a vice-intendência Luiz Pieruccini. Na mesma data o Conselho foi reempossado.[6]
Salerno faleceu endividado, em 19 de novembro do mesmo ano. Não casou, mas deixou o filho Francisco Nicolau,[3] que foi dentista,[7] fundador e primeiro diretor do jornal Cidade de Caxias,[8] tenente-coronel da Guarda Nacional,[9] coletor estadual de impostos,[10] um dos fundadores e primeiro presidente do Tiro de Guerra[11] e também fez carreira na polícia, sendo delegado.[12]
Referências
- ↑ Weimer, Rodrigo de Azevedo. Os Nomes da Liberdade: experiências de autonomia e práticas de nomeação em um município da serra riograndense nas duas últimas décadas do século XIX. Dissertação de Mestrado. Unisinos, 2007, pp. 101-103
- ↑ "Demissões e nomeações". A Federação, 17/07/1889
- ↑ a b "Editaes". A Federação, 12/04/1906
- ↑ "Thesouro do Estado". A Federação, 19/12/1889
- ↑ "Pela Republica". A Federação, 24/01/1890
- ↑ a b Centro de Memória da Câmara Municipal de Caxias do Sul [Onzi, Geni Salete (org.)]. Palavra e Poder: 120 anos do Poder Legislativo em Caxias do Sul. Ed. São Miguel, 2012, pp. 32-34
- ↑ "Gabinete de cirurgia". O Brazil, 03/04/1909
- ↑ "Imprensa". Cidade de Caxias, 29/06/1911
- ↑ "Já se acham na Secretaria geral". O Brazil, 27/04/1914
- ↑ "Acha-se enfermo". O Brazil, 05/02/1916
- ↑ "Tiro Nacional". O Brazil, 07/09/1917
- ↑ "Declaração". O Brazil, 03/04/1909