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Evangelho segundo Lucas

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(Redirecionado de Evangelho de São Lucas)
Novo Testamento
Evangelhos

Mateus · Marcos · Lucas · João

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Livro Apocalíptico

Evangelho Segundo Lucas (em grego: Τὸ κατὰ Λουκᾶν εὐαγγέλιον; romaniz.: To kata Loukan euangelion), também conhecido por O Santo Evangelho Segundo Lucas[1] ou Evangelho de São Lucas[2] em algumas versões da Bíblia, é o terceiro dos quatro evangelhos canônicos. Ele relata a vida e o ministério de Jesus de Nazaré, detalhando a história dos acontecimentos de Seu nascimento até Sua Ascensão.

O autor é tradicionalmente identificado como Lucas, o evangelista.[3][4][5][6] Certas histórias populares, como o Filho Pródigo e o Bom samaritano, são encontrados somente neste evangelho. A obra tem uma ênfase especial sobre a oração, a atividade do Espírito Santo, a alegria e o cuidado de Deus para com os pobres, as crianças e as mulheres.[7] Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus, mas volta sua atenção especialmente para a humanidade d'Ele, com Sua compaixão para com os fracos, os aflitos e os marginalizados.[8]

De acordo com o prefácio do livro, o propósito de Lucas é relatar o início do cristianismo,[9] enquanto procura o significado teológico da história.[7] O evangelista divide seu evangelho em três fases: a primeira termina com João Batista, a segunda consiste no ministério terrestre de Jesus e a terceira é a vida da igreja após a ressurreição de Cristo. O livro contém ao todo 24 capítulos, 24 parábolas e 21 milagres. O autor retrata o cristianismo como divino, respeitável, cumpridor da lei e internacional.[10] Aqui, a compaixão de Jesus estende a todos os que estão necessitados, as mulheres são importantes entre os seus seguidores, os samaritanos desprezados são elogiados e os gentios são prometidos a oportunidade de aceitar o evangelho.[11][12] Enquanto o Evangelho é escrito como uma narrativa histórica, muitos dos fatos retratados nele são baseados em tradições orais e anteriores aos quatro evangelhos canônicos.[13] A mais moderna erudição crítica concluiu que Lucas usou o Evangelho de Marcos para a sua cronologia e uma hipotética fonte Q, que provavelmente continha muitos dos ensinamentos de Jesus. Lucas também pode ter utilizado registros escritos independentes. A erudição cristã tradicional tem datado a composição do evangelho para o início dos anos 60 d.C.,[12] enquanto a alta crítica data para décadas mais tarde do século I.[10][14] Enquanto a visão tradicional de que o companheiro de Paulo, Lucas, foi o autor do terceiro Evangelho, um número de possíveis contradições entre Atos e as cartas de Paulo levam muitos estudiosos a duvidar disso.[15] De acordo com Raymond E. Brown, não é impossível que Lucas foi o autor do Evangelho.[16] Já Leon Morris afirma que não há nada no Evangelho de Lucas que coloque em xeque a visão tradicional da Igreja Primitiva.[17] De acordo com a opinião da maioria, o autor é simplesmente desconhecido.

Os estudiosos da Bíblia estão em amplo consenso de que o autor do Evangelho de Lucas também escreveu o Atos dos Apóstolos.[10][18] Muitos acreditam que o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos originalmente constituíam uma obra de dois volumes,[19][20] que os estudiosos chamam de Lucas-Atos.[21]

Tradicionalmente, a data de composição do Evangelho de Lucas é fixado antes dos eventos finais do livro de Atos, entre os anos 59 e 63 d.C..[12][22] O autor do Evangelho de Lucas reconhece a familiaridade com outros evangelhos anteriores (1:1). Embora o semitismo exista por todo livro, a obra foi composta em grego koiné.[23] Tal como Marcos (mas ao contrário de Mateus), o público alvo é a população de gentios de língua grega, assegurando aos leitores que o cristianismo não era uma seita exclusivamente judaica, mas uma religião mundial.[24]

Evangelhos sinópticos

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Ver artigo principal: Evangelhos sinópticos

Os Evangelhos de Lucas, Mateus e Marcos (conhecidos como Evangelhos Sinópticos) apresentam um alto grau de semelhança em suas apresentações do ministério de Jesus. Eles incluem as mesmas histórias, muitas vezes na mesma sequência e às vezes exatamente com as mesmas palavras. A explicação mais aceita para essa semelhança é a hipótese das duas fontes, ou seja, Mateus e Lucas tomaram emprestados o Evangelho de Marcos e uma hipotética coleção escrita de ditos de Jesus, chamado de Q. Para a maioria dos estudiosos, a fonte Q foram coletadas para a formação de parte dos evangelhos de Lucas e Mateus, mas não são encontrados em Marcos.[25]

Em The Four Gospels: A Study of Origins (1924), Burnett Hillman Streeter argumentou que uma outra fonte, chamada L e também hipotética, está por trás do material em Lucas que não tem paralelo em Marcos ou Mateus.[26]

A visão tradicional é que Lucas, que não foi uma testemunha ocular do ministério de Jesus, escreveu seu evangelho após reunir as melhores fontes de informação ao seu alcance (Lucas 1:1-4), como afirma em seu prólogo.[8] Para a erudição crítica, a hipótese das duas fontes é a mais provável, ou seja, o autor de Lucas usou como fontes para seu Evangelho o Evangelho de Marcos e o hipotético documento Q, além do material exclusivo da Fonte L.[27] A introdução da obra mostra que o autor utilizou três fontes: várias narrações compostas antes dele (entre elas o Evangelho de Marcos), informações recolhidas junto a testemunhas oculares e a tradição oral da pregação apostólica.[10]

Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que se cumpriram entre nós, conforme nos foram transmitidos por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e servos da palavra. Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo, para que tenhas a certeza das coisas que te foram ensinadas. (Lucas 1:1-4)

Evangelho de Marcos

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Ver artigo principal: Prioridade de Marcos

A maioria dos estudiosos modernos concordam que Lucas usou o Evangelho de Marcos como uma de suas fontes.[28] A compreensão de que Marcos foi o primeiro dos evangelhos sinópticos e que serviu de fonte para Mateus e Lucas é fundamental para os estudos da crítica moderna. O Evangelho de Marcos é curto e foi escrito em grego koiné (isto é, grego comum). Ele fornece uma cronologia geral do batismo de Jesus até o túmulo vazio. Lucas, entretanto, apresenta alguns dos eventos em uma ordem cronológica diferente de Marcos a fim de dar mais ênfase a determinado assunto.

A maioria dos estudiosos modernos concordam que Lucas usou o Evangelho de Marcos como uma de suas fontes. Além disso, o Evangelista também usou Q como sua segunda fonte.
Ver artigo principal: Fonte Q

A maioria dos estudiosos acreditam que Lucas usou Q como sua segunda fonte. Q (Vem do alemão "Quelle" e significa "fonte") é uma coleção de ditos hipotéticos de Jesus. Na "hipótese das duas fontes," o documento Q explica onde os autores de Mateus e Lucas pegaram o material que os dois Evangelhos têm em comum, mas que não é encontrado em Marcos, como a oração do Senhor (Pai Nosso) e o Sermão do Monte.[12] A existência de um importante documento com dizeres de Jesus e que não foi mencionado pelos Pais da Igreja Primitiva continua sendo um dos grandes enigmas da erudição bíblica moderna.[29][30]

Evangelho de Mateus

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Para o teólogo alemão Martin Hengel, Lucas também fez uso do Evangelho de Mateus ao compilar seu evangelho.[31]

Ver artigo principal: Fonte L

Para os estudiosos, o material exclusivo do Evangelho de Lucas derivam da fonte L, que é comumentemente aceita como proveniente da tradição oral cristã.[32] Lucas aparentemente delineia um conjunto de histórias e ensinamentos do Cristianismo primitivo sobre Jesus e os incorpora no seu evangelho. O Magnificat, no qual Maria louva a Deus, é um desses elementos.[32] As narrativas do nascimento de Jesus em Lucas e em Mateus parecem ser o mais recente componente desses dois Evangelhos.[33] Lucas pode ter começado originalmente a partir de 3:1-7, com um prólogo adicionado.[33]

Os livros do Novo Testamento foram escritos em grego.[34] O estilo de Lucas é o mais literário de todos eles. Graham Stanton avalia a abertura do Evangelho de Lucas como "a frase mais refinada de todo o período pós-clássico da literatura grega". Linguisticamente, o Evangelho de Lucas dividi-se em três seções.[8] O prefácio (1:1-4), escrito num bom estilo clássico.[35] O restante do capítulo 1 e o capítulo 2 têm um sabor nitidamente hebraico. É tão marcante que certo numero de estudiosos chegou à conclusão de que aqui temos uma tradução de um original em hebraico. A partir de 3:1, Lucas escreve num tipo de grego helenístico que relembra fortemente a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento.[8]

O vocabulário é extensivo e Lucas utiliza 266 palavras (além dos nomes próprios) que não são achados noutras partes do Novo Testamento. O estilo do Evangelho constantemente lembra a septuaginta.[8] As citações do Antigo Testamento de Lucas são comumente tiradas daquela versão, e normalmente o autor emprega as formas de nomes próprios achadas ali. Às vezes a linguagem de Lucas contém hebraísmos e, às vezes, aramaísmos. Além disso, sua linguagem é mais semítica nalguns trechos do que noutros. Esses fatos parecem melhor explicados como sendo a reflexão das fontes de Lucas.[36]

São Lucas Evangelista (1602-1605), El Greco, na Catedral de Toledo. Para a tradição, Lucas é considerado o autor do Evangelho de Lucas e dos Atos dos Apóstolos.

O escritor deste evangelho anônimo foi provavelmente um gentio cristão.[37] Seja quem tiver sido o autor, ele foi uma pessoa muito bem educada, bem viajada, bem conectada com os eventos do mundo antigo, além de um prolixo leitor. Na época em que compôs o Evangelho, ele deve ter sido um autor altamente praticado e competente, sendo capaz de compor numa ampla variedade de formas literárias de acordo com as exigências do momento.[38]

O Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos foram escritos pelo mesmo autor.[39] A evidência mais direta vem do prefácios de cada livro. Ambos os prefácios foram dirigidas a Teófilo e o prefácio de Atos explicitamente faz referência ao «meu livro anterior sobre a vida de Jesus» (Atos 1:1). Além disso, há semelhanças linguísticas e teológicas entre as duas obras, sugerindo que elas têm um autor em comum.[40] Ambos os livros contêm também interesses comuns[41] e referências cruzadas, indicando que eles são do mesmo autor.[42] Os estudiosos da Bíblia que consideram os dois livros como uma única obra em dois volumes, referem-se ao conjunto como Lucas-Atos.[43]

As passagens de Atos na primeira pessoa do plural é usado como evidência do autor ser um companheiro de Paulo.[44] A tradição diz que o texto foi escrito por Lucas, companheiro de Paulo e nomeado em Colossenses 4:14. Os Pais da Igreja, o testemunho do Cânone Muratori, Irineu (170 d.C.), Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano sustentavam que o Evangelho de Lucas foi escrito por Lucas.[7] Um dos mais antigos manuscritos do Evangelho, P75 (200 d.C.), traz a atribuição "o Evangelho segundo São Lucas".[45][46] No entanto, um outro manuscrito, o P4, datado de um período próximo,[47][48] não têm atribuição sobrevivente de autoria.

Lucas escrevendo seu Evangelho. Ilustração bizantina do século X

De acordo com a opinião majoritária, as provas de que Lucas não é o autor do Evangelho e sim um gentio desconhecido são fortes.[49][50][51] Eles acham que o autor é um cristão gentio desconhecido. Para eles, o livro de Atos contradiz as cartas de Paulo em muitos pontos, como a segunda viagem de Paulo a Jerusalém para o Concílio de Jerusalém.[52] Paulo colocado ênfase na morte de Jesus, enquanto o autor de Lucas enfatiza o sofrimento de Jesus.[53] Além disso, há para eles diferenças escatológicas e uma visão distinta de ambos sobre a Lei. Paulo descreveu Lucas como "o médico amado ", o que levou W. K. Hobart a afirmar em 1882 que o vocabulário usado em Lucas-Atos sugere que o autor pode ter tido formação médica. No entanto, esta afirmação foi contrariada por um influente estudo de H. J. Cadbury em 1926, e desde então tem sido abandonado.[54] Acredita-se hoje que a linguagem da obra reflete apenas a educação grega comum, pois os médicos empregavam uma linguagem parecida com a de outras pessoas.[54][55][56][57][58]

A visão tradicional sobre a autoria de Lucas, no entanto, é defendida por muitos estudiosos importantes.[59] De acordo com Raymond Brown "não é impossível" que eles estejam certos.[16] Oscar Cullmann afirma que não se tem razões válidas para duvidar que o autor é Lucas, o companheiro de Paulo.[60] Uma vez que Lucas não era um personagem proeminente na Igreja Primitiva, não há nenhuma razão óbvia para atribuir a uma figura secundária uma parte considerável do Novo Testamento, a menos que ele de fato tenha sido o autor.[10][61] Se Lucas foi apenas um companheiro de Paulo, e em algum momento depois da morte do apóstolo idealizou escrever um evangelho, é algo que poderia explicar as diferenças entre Atos e as cartas de Paulo.[62] Além disso, a grande distância entre o Paulo de Atos e o Paulo das epístolas imaginada por um número tão grande de estudiosos é, na verdade, uma distância entre uma descrição distorcida do Paulo supostamente autêntico e uma interpretação unilateral do Paulo de Atos.[12]

Data da redação

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Tito destrói Jerusalém, por Wilhelm von Kaulbach, Nova Pinacoteca, Munique.

A data da redação deste Evangelho é incerta. A maioria dos estudiosos críticos colocam o Evangelho entre 80-90,[14][63] embora muitos defendam uma data entre 60-65.[12]

Antes de 70 d.C.

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Uma minoria de eruditos põe a redação do Evangelho entre 37 e 61 d.C.,[64] sugerindo que o endereço de Lucas para o "excelentíssimo Teófilo", pode ser uma referência ao Sumo Sacerdote de Israel entre 37 e 41 d.C., Theophilus ben Ananus. Para esses estudiosos, o livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por volta do final do primeiro cativeiro de Paulo, entre 62 e 63 d.C..[65] Por isso, o Evangelho de Lucas deve ter sido escrito antes.[66]

Lucas 3:1 seria um indicio que este evangelho teria sido escrito antes da Guerra Judaica (66-70). Depois dessa guerra não haveria motivos para mencionar Lisânias, cuja tetrarquia teria sido doada a Herodes Agripa pelo imperador Cláudio.[66]

Como o Evangelho foi escrito antes de Atos dos Apóstolos, os estudos de Donald Guthrie apontam que Lucas poderia ter coletado grande parte de seu material exclusivo durante os dois anos da prisão de Paulo em Cesareia Marítima (costa norte de Israel, ao sul da atual Jafa), que era então prisioneiro dos romanos.[7] Essa prisão deve ser datada para os anos 57-59. Nessa caso, a redação do Evangelho de Lucas aconteceu ou durante esse período ou logo depois.[66] Esses estudiosos também colocam o Evangelho de Marcos antes da Destruição do Templo de Jerusalém pelos Romanos, em 70 d.C.. No entanto, Guthrie observa que grande parte das provas para datar o terceiro Evangelho em qualquer ponto é baseado em conjecturas.

Entre 75-100 d.C.

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A maioria dos estudiosos contemporâneos consideram Marcos como fonte usada por Lucas (ver: Primazia de Marcos).[67] Se é verdade que Marcos foi escrito em torno da destruição de Jerusalém, cerca de 70,[68] eles acreditam que Lucas não teria sido escrito antes de 70. Alguns que tomam este ponto de vista acreditam que a previsão profética de Lucas da destruição do Templo de Jerusalém não poderia ser o resultado de uma profecia de Jesus sobre o futuro. Eles afirmam que a discussão em Lucas Lucas 21:5 - 30 é específica o suficiente (mais específica que Marcos ou Mateus) para comprovar uma data depois de 70.[69] Esses estudiosos têm sugerido datas para Lucas desde 75 até 100.

A base para uma data posterior vem de uma série de razões. Diferenças de cronologia, estilo e teologia sugerem que o autor de Lucas-Atos não estava familiarizado com a teologia distintiva de Paulo, mas estava escrevendo uma década ou mais depois de sua morte, pelo qual vários pontos de harmonização significativa entre diferentes tradições dentro cristianismo primitivo já tinham ocorrido.[70] Além disso, Lucas-Atos tem pontos de vista sobre a natureza divina de Jesus, o fim dos tempos e salvação que são semelhantes à aqueles encontrados nas epístolas pastorais, que são muitas vezes vistos como pseudônimo, possuindo uma data mais tarde do que as incontestáveis Epístolas Paulinas.[70][71]

Alguns estudiosos do Jesus Seminar argumentam que as narrativas do nascimento de Lucas e Mateus são um desenvolvimento tardio do evangelho.[32] Dessa forma, Lucas poderia ter começado originalmente em Lucas 3:1 com João Batista.[32]

O terminus ad quem (última data possível) do Evangelho de Lucas estaria no final do século I, já que os primeiros manuscritos contém porções de Lucas (século II/início do século III)[72] e vários Pais da igreja e obras cristãs do final do século I fazem referência a esse Evangelho. O trabalho se reflete na Didaquê, nos escritos gnósticos de Basilides e Valentinus, na apologética da Igreja de Justino Mártir, além de ter sido usada por Marcião.[66]

Estudiosos do Cristianismo primitivo, como Donald Guthrie, afirmam que esse Evangelho foi provavelmente muito conhecido antes do final do século I, sendo plenamente reconhecido na primeira parte do século II.[7] Já Helmut Koester afirma que, além de Marcião, "não há evidência certas para seu uso," antes de 150 d.C..[73] Nos meados do século II, uma versão editada do Evangelho de Lucas foi o único evangelho aceito por Marcião, um herege que rejeitou a conexão do Cristianismo com as escrituras judaicas[74] (ver: Evangelho de Marcião).

Destinatário e propósito

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Ver artigo principal: Teófilo (Bíblia)

O Evangelho de Lucas é especificamente endereçado a Teófilo (Lucas 1:3), cujo nome significa "aquele que ama a Deus".[75] A maneira mais natural de entender a expressão é que Teófilo é uma pessoa de verdade e o mecenas de Lucas, provavelmente pagando os custos da publicação do livro, sendo por isso a ele dirigido. O adjetivo "excelentíssimo" significa que Teófilo era uma pessoa de posição.[12]

Teófilo, no entanto, era mais que um publicador. A mensagem desse evangelho visava à instrução não só daqueles entre os quais o livro circularia, mas também dele próprio (Lucas 1:4). Pensa-se que, como Marcos (e ao contrário de Mateus), o público-alvo do Evangelho de Lucas são os gentios. O fato do evangelho ser dirigido a Teófilo não reduz nem limita seu propósito.[76]

O livro foi escrito para fortalecer a fé de todos os crentes e para reagir aos ataques dos incrédulos. Foi apresentado para substituir relatórios desconexos e infundados a respeito de Jesus. Lucas queria demonstrar que o lugar ocupado pelo gentio convertido no reino de Deus basei-se nos ensinos de Jesus. Queria recomendar a pregação do evangelho ao mundo inteiro.[77]

Conteúdo do Evangelho segundo Lucas

Resumo do Conteúdo

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Selo das Ilhas Faroe de 2011 representando Lucas 2, 34,-35

O Evangelho de Lucas narra a história do nascimento milagroso de Jesus, bem como seu ministério de curas e suas parábolas, sua paixão, ressurreição e ascensão. O estudioso cristão Donald Guthrie afirma que o livro de Lucas "é cheio de histórias magníficas, deixando o leitor com uma profunda impressão da personalidade e dos ensinamentos de Jesus".[7]

Lucas é o único evangelho com uma introdução formal, no qual ele explica sua metodologia e seu propósito. No prefácio, o evangelista afirma que:

O autor acrescenta que ele também deseja compor um relato ordenado para Teófilo a fim de que seu destinatário "tenha certeza das coisas que te foram ensinadas"

Narrativas do nascimento e genealogia

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Como Evangelho de Mateus, Lucas relata a Genealogia de Jesus, seu nascimento virginal e a Anunciação. Ao contrário de Mateus, que traça a linhagem de Jesus através da linhagem de Davi e Abraão a fim de apelar para sua audiência judaica,[78] em Lucas o evangelista traça a linhagem de Jesus até Adão, indicando um sentido universal da salvação.[78] A narrativa de Lucas sobre o Nascimento de Jesus apresenta a conhecida história de Natal em que Maria e José viajam à Belém para um censo.[79] O Jesus recém-nascido é colocado em uma manjedoura, ao mesmo tempo em que os anjos proclamam o nascimento do salvador aos pastores, que vão adorá-lo. Também é exclusivo do Evangelho de Lucas a história do Nascimento de João Batista e os três cânticos (incluindo o Magnificat), bem como a única história da infância de Jesus

Milagres e parábolas

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Ver artigos principais: Parábolas de Jesus e Milagres de Jesus

Lucas enfatiza os milagres de Jesus, contando 20 no total, quatro dos quais são únicos. Como Mateus, Lucas inclui palavras importantes a partir da fonte Q, tais como as bem-aventuranças. No entanto, a versão de Lucas das bem-aventuranças difere da de Mateus. De acordo com os estudiosos, a versão de Lucas parece mais perto da fonte Q.[80] Várias das parábolas mais memoráveis ​​de Jesus são exclusivas de Lucas, como a do Bom Samaritano, do Mordomo Infiel e a Parábola do Filho Pródigo.

Papel da mulher

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Ver artigo principal: O papel da mulher na Bíblia

Mais do que os outros evangelhos, Lucas se concentra no importante papel que as mulheres exerceram no ministério de Jesus, tais como Maria Madalena, Marta e Maria de Betânia. O Evangelho de Lucas é o único Evangelho que contém a anunciação do nascimento de Jesus a Maria Santíssima, sua mãe (Lucas 1:26 - 38). Em comparação com os outros evangelhos canônicos, Lucas dedica uma atenção muito maior para as mulheres. O Evangelho de Lucas traz personagens mais femininas, características de uma profetisa do sexo feminino (Lucas 2:36) e os detalhes da experiência da gravidez (Lucas 1:41 - 42). Discussão de destaque são dadas à vida de Isabel, a mãe de João Batista e de Maria, a mãe de Jesus (Lucas 2:1 - 51).

A Última Ceia

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Ver artigo principal: Última Ceia

Lucas é o único evangelho que trata a Última Ceia da forma como Paulo faz, com o estabelecimento de uma liturgia a ser repetida por seus seguidores.[81] De acordo com Geza Vermes, Paulo deve ser considerada a principal fonte para essa interpretação, porque ele diz ter recebido essa percepção da revelação direta em vez dos outros apóstolos.[81] Os versos em questão não são encontrados em certos manuscritos mais antigos,[82] e Bart D. Ehrman conclui que eles foram adicionados a fim de apoiar o tema da morte expiatória de Jesus - um tema encontrado em Marcos, mas que o evangelista Lucas excluiu do original.[83] Entretanto, a crítica textual considera que Lucas 22:19 - 20 são autênticas. O relato de Lucas é inusitado por causa da menção ao cálice em primeiro lugar, seguindo a tradicional sequência pão/cálice. Daí a confusão de alguns escribas terem omitido essa parte do Evangelho.[24]

Crucificação

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Ver artigo principal: Crucificação de Jesus

São Lucas enfatiza que Jesus não havia cometido nenhum crime contra Roma, sendo sua inocência confirmada por Herodes, Pilatos, e o ladrão crucificado com Jesus. É possível que o autor de Lucas estava tentando ganhar o respeito das autoridades romanas para o benefício da Igreja, sublinhando a inocência de Jesus.[84] Além disso, Lucas minimiza o envolvimento romano na execução de Jesus, colocando a responsabilidade maior sobre os judeus.[85][86] Craig Evans afirma que Lucas colocou os judeus como os principais responsáveis pela morte de Jesus a fim de dar sentido à morte do Messias pela nação israelita - como profetizada no Antigo Testamento.[87] Nesse sentido, seria simplista aplicar a Lucas o rótulo de anti-semita.[24][88] Na narrativa de Lucas da Paixão, Jesus ora para que Deus perdoe aqueles que o estavam crucificando; e garante a um dos ladrões crucificados ao seu lado que estaria no Paraíso.

Ressurreição e Aparições

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Caminho para Emaús, pintado por Joseph von Führich
Ver artigo principal: Ressurreição de Jesus

A versão de Lucas difere daquelas apresentadas em Marcos e em Mateus. Lucas conta a história de dois discípulos na estrada de Emaús, e (como em João) Jesus aparece aos Onze e demonstra que ele é carne e sangue, e não um espírito. Alguns estudiosos sugerem que por ter escrito "carne e sangue" como propriedades do corpo ressuscitado de Jesus, Lucas estaria fazendo uma apologia contra a hipótese docética ou o ponto de vista gnóstica sobre o corpo ressuscitado de Cristo, ou ainda a teoria que os discípulos tinham apenas visto um fantasma. No entanto, estudioso Daniel A. Smith escreve que Lucas estava provavelmente mais preocupado com os cristãos primitivos que acreditavam que a ressurreição era algo meramente "espiritual", sem ter ocorrido uma transformação do corpo natural.[89] Jesus comissiona (Grande Comissão) os discípulos para levarem sua mensagem a todas as nações, colocando o cristianismo como uma religião universal. O livro de Atos dos Apóstolos, também escrito pelo autor do Evangelho de Lucas e direcionado a Teófilo, declara que "Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de 40 dias" Atos 1:3.

A narração detalhada do Caminho de Emaús se encontra em Lucas 24:13-32 e é considerada um dos melhores desenhos de uma cena bíblica do Evangelho de Lucas.[90]

P45. Fólios 13-14 com parte do Evangelho de Lucas

Os primeiros manuscritos do Evangelho de Lucas são três grandes papiros fragmentos que datam do final do século II ou início do século III. P4 é provavelmente o mais antigo,[48] datando do século II[91]. P75 é datada entre o final do século II e o início do século III[92].[93] Finalmente, P45 (meados do século III) contém uma parte de todos os quatro Evangelhos. Além desses grandes papiros, há 6 outros papiros (P3, P7, P42, P69, P82 e P97) que datam entre os séculos III e VIII e que contêm pequenas porções do Evangelho de Lucas.[93][94] As cópias iniciais, bem como as primeiras cópias do livro de Atos, datam depois que o Evangelho foi separado do livro de Atos.

O Codex Sinaiticus, Vaticanus e os códices da Bíblia grega do século IV, são os mais antigos manuscritos que contêm o texto completo de Lucas. O Codex Bezae, pertencente provavelmente ao século V, é um Texto-tipo Ocidental que contém versões do Evangelho de Lucas em grego e em latim.

Variantes Textuais

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Tanto no livro de Lucas quanto em Atos existem diferenças importantes no denominado Texto-tipo Ocidental, cujos principais representantes são o Códice de Beza (D) e os manuscritos da Antiga Versão Latina. No entanto, não há motivos para duvidar que temos o texto de Lucas substancialmente como foi escrito. Ainda há algumas incertezas sobre algumas formas textuais, mas há considerável concordância quanto à maioria.[95]

A versão Almeida Revista e Corrigida traz a versão "paz na terra, boa vontade para com os homens"; Já a Revista e Atualizada diz "paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem". Esta última tradução deve ser preferível, uma vez que tanto a evidência documental quanto as considerações técnicas, exegéticas e linguísticas da evidência interna favorecem esta última leitura.[96] Já na versão da Ave Maria diz: "Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina)."

Nos manuscritos gregos do Códice D, logo após Lucas 6:4, encontra-se um breve episódio que alguns estudioso julgam ser genuíno: "No mesmo dia, ele viu um homem ocupado no trabalho, e era sábado. Então lhe disse: "Homem, se você sabe o que está fazer você é abençoado. Mas, se você não sabe, passa a ser amaldiçoado como transgressor da lei". Presumivelmente, se a pessoa trabalhasse no Shabat (sábado) por razões apropriadas, ou com espírito certo, assim como Jesus havia curado o homem cuja mão era ressequida, tal pessoa não seria culpada de violar a lei do sábado.[24]

Alguns manuscritos trazem Gérasa, outros Gádara e ainda outros Gergesa. Visto que Gerasa ficava a mais de 50 quilômetros do lago de Genesaré, o estouro da manada de porcos teria sido muito grande, e a correria muito longa. Alguns escribas cristãos sentiram essa dificuldade e escreveram Gádara em vez de Gérasa, cidade que ficava a apenas alguns quilômetros longe do lago. Seguindo a hipótese de Orígenes, outros escribas cristãos escreveram Gergesa, cidade que ficava à beira do lago.[97] Tudo o que Lucas diz é que Jesus e seus discípulos entraram na região dos gerasenos, e não necessariamente que entraram na cidade de Gérasa.[98]

Referências

  1. «O Santo Evangelho Segundo Lucas, capítulo 1». Biblioteca do Evangelho. Consultado em 18 de julho de 2024 
  2. «São Lucas, capítulo 1». BíbliaCatólica.com.br. Consultado em 18 de julho de 2024 
  3. Irineu (Contra as Heresias, livro III, 1.3) "Também Lucas, companheiro de Paulo, registrou em livro o evangelho proclamado por este";
  4. Cânone Muratori (séc. II) diz "O terceiro evangelho, segundo Lucas, foi redigido por esse médico, segundo seu critério, após a ascensão de Cristo, quando Paulo o levou consigo como companheiro, quase que cientista. Apesar disso, não viu pessoalmente o Senhor na carne, e por conseguinte começou a relatar, da maneira como conseguiu examinar, desde o nascimento de João".
  5. Eusébio de Cesareia (História Eclesiástica, livro III, 4.6) Lucas, porém, de origem antioquena e médico de profissão, viveu por longo tempo em companhia de Paulo e no restante conviveu, não de passagem, com os outros apóstolos. Deles aprendeu a cura das almas, conforme comprovou nos dois livros inspirados por Deus, o Evangelho que ele atesta ter composto conforme lhe transmitiram os que foram desde o início testemunhas oculares e ministros da palavra e os Atos, que não redigiu de acordo com o que ouviu, mas ao invés com o que viu com os próprios olhos.
  6. "Lucas é um sírio de Antioquia, sírio pela raça, médico de profissão. Tornou-se discípulo dos apóstolos e mais tarde seguiu a Paulo até ao seu martírio. Tendo servido o Senhor com perseverança, solteiro e sem filhos, cheio da graça do Espírito Santo, morreu com 84 anos de idade". Prólogo Anti Marcionita
  7. a b c d e f Donald Guthrie. New Testament Introduction. Leicester, England: Apollos, 1990;
  8. a b c d e Leon Morris. Lucas. São Paulo: Vida Nova, 2005;
  9. N. B. Stonehouse, The Witness of Luke to Christ (1951), pp. 24-45; H. J. Cadbury, The Beginnings of Christianity II, 1922, pp. 489-510; R. Bauckham, Jesus and the Eyewitnesses (Eerdmans, 2006).
  10. a b c d e Oscar Cullman. A formação do Novo Testamento. São Leopoldo: Sinodal, 2001;
  11. May, Herbert. e Bruce Metzger.The New Oxford Annotated Bible with the Apocrypha. 1977. p. 1240;
  12. a b c d e f g DA Carson, Douglas Moo, Leon Morris. Lucas in Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997;
  13. "Relatos sobre a vida e as declarações de Jesus circularam em pequenas unidades independentes (...). A responsabilidade por essa transmissão não é de indivíduos, mas da comunidade, dentro da qual o material toma forma e é transmitido. Certas leis de transmissão, geralmente observáveis em tais casos de transmissão oral, podem ser aplicadas à transmissão dos evangelhos". DA Carson, D Moo, L Morris, p. 22
  14. a b Raymond Brown. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 2003;
  15. "Ao contrário do ponto de vista tradicional - que ainda é apresentada hoje - há um consenso entre os críticos que enfatizam as contradições entre Atos e as cartas paulinas autênticas". Theissen, Gerd e Annette Merz. The historical Jesus: a comprehensive guide. Fortress Press, 1998, p. 32;
  16. a b "A pressuposição de que Lucas tenha escrito o terceiro evangelho e os Atos é a mais plausível das quatro atribuições, seguida de perto pela suposição de que Marcos tenha sido um evangelista". R Brown, p. 60;
  17. "Há boas razões para sustentar que Lucas é o autor deste Evangelho (e de Atos). Embora a evidência não chega à prova definitiva, é muito forte, e nenhuma alternativa apropriada tem sido sugerida". Morris, p. 20
  18. Udo Schnelle. The History and Theology of the New Testament Writings. Fortress Press, 1998, p. 259;
  19. David Aune. The New Testament in Its Literary Environment. Philadelphia: Westminster, 1987, p. 77;
  20. Os livros da Bíblia
  21. Miller, Robert J. "Introduction to the Gospel of Luke". In: The Complete Gospels."Os estudiosos geralmente se referem ao trabalho de Lucas como 'Lucas-Atos'". Polebridge Press, 1992, p. 115-117;;
  22. "O argumento teológico fortemente confirma a data de início (...). Resta apenas a dificuldade adicional em datar o Evangelho de Lucas tão cedo quanto 59 ou 60 d.C.". A. T. Robertson Luke the historian in the light of research (1923).
  23. Ben Witherington III. História e História do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2005. p. 18;
  24. a b c d Craig Evans. NCBC:Lucas. São Paulo: Vida, 1996;
  25. Bart Erhman. Jesus: Apocalyptic Prophet of the New Millennium. Oxford University Press, p.78-87;
  26. Burnett H. Streeter. The Four Gospels: A Study of Origins. London: MacMillian and Co., Ltd., 1924;
  27. Philipp Vielhauer. História da Literatura do Novo Testamento. Santo André: Academia Cristã, 2005, p. 415;
  28. Craig Blomberg. Jesus e os Evangelhos. São Paulo: Vida Nova, 2009;
  29. Pier Franco Beatrice. The Gospel according to the Hebrews in the Apostolic Fathers. Novum Testamentum 2006, vol. 48, no2, p. 147-195;
  30. James R. Edwards. The Hebrew Gospel & the Development of the Synoptic Tradition. Wm. B. Eerdmans Publishing, 2009 pp 209-247.
  31. Martin Hengel. The Four Gospels and the One Gospel of Jesus Christ: An Investigation of the Collection and Origin of the Canonical Gospels. Trans. J. Bowden. Londres e Harrisburg: SCM e Trinity Press International. p. 169-207;
  32. a b c d Funk, Robert; Jesus Seminar. The acts of Jesus: the search for the authentic deeds of Jesus. HarperSanFrancisco. 1998. Luke, p. 267-364;
  33. a b Funk, Robert; Jesus Seminar. The acts of Jesus: the search for the authentic deeds of Jesus. HarperSanFrancisco. 1998. Birth & Infancy Stories, p. 497-526;
  34. "Greek". Cross, FL. In: The Oxford dictionary of the Christian church. New York: Oxford University Press, 2005;
  35. H. J. Cadbury. The Style and Literary Method of Luke, p. 194. Salienta que o prefácio demonstra que a obra visava um público (p. 204). Marca a obra como sendo literatura, e mostra que não tinha a intenção original de ser usada, por exemplo, para propósitos litúrgicos.
  36. F F Bruce. The Acts of the Apostles. (p. 18-21); M. Wilcox. The Semitisms of the Acts. Oxford, 1965. (p. 180-184);
  37. Stephen Harris. Understanding the Bible. Palo Alto: Mayfield. 1985. "The Gospels" (p. 266-268);
  38. Fizmyer, Joseph. The Gospel according to Luke: introduction, translation, and notes. The Anchor Bible v. 28-28A. (2 vols) Garden City, NY: Doubleday, 1981-1985;
  39. F F Bruce. Merece Confiança o Novo Testamento? São Paulo: Vida Nova, 2010. Os escritos de Lucas (p. 105-120);
  40. Sobre as evidências linguísticas veja A. Kenny. A stylometric Study of the New Testament (1986);
  41. F F Bruce. The Acts of the Apostles (1952), p2.
  42. Udo Schnelle. The History and Theology of the New Testament Writings. (p. 259);
  43. Aspectos literários da obra de Lucas.
  44. MA Siotis. Luke the Evangelist as St. Paul's Collaborator. In: Neues Testament Gesichichte . (p. 105-111);
  45. Evangelho segundo Lucas
  46. Imagem do Papiro 75 mostrando o final do Evangelho de Lucas e o início do Evangelho de João, separados pelas palavras Κατά Λουκαν, ( Kata Loukan ) = "Segundo Lucas".
  47. Possivelmente datada de antes de P 75;
  48. a b Gregory, A. The Reception of Luke and Acts in the Period Before Irenaeus. Mohr Siebeck, 2003. (p.28);
  49. "O autor desconhecido de Lucas-Atos certamente não era um companheiro de Paulo". Theissen, Gerd e Annette Merz. The historical Jesus: a comprehensive guide. Fortress Press, 1998. Cap. 2 - Christian sources about Jesus;
  50. "A autoria deste evangelho permanece desconhecida". Biblical literature''. In: Encyclopædia Britannica On line. 26 nov. 2010;
  51. "A maioria dos comentaristas modernos do evangelho de Lucas são céticos sobre a validade da autoria tradicional". Fizmyer, Joseph. The Gospel according to Luke: introduction, translation, and notes. The Anchor Bible v. 28-28A, (2 vols) Garden City, NY: Doubleday, 1981-1985.
  52. "Essas versões diferentes [do conselho] parecem ser inconciliáveis; mas desde que Paulo é um testemunho contemporâneo e Atos foi escrito muitos anos após o evento, os estudiosos geralmente preferem a versão de Paulo". Harris, Stephen, p. 313;
  53. Biblical literature''. In: Encyclopædia Britannica On line. 26 nov. 2010;
  54. a b Por exemplo: W. K. Hobart. The Medical Language of St. Luke (1882); A. Harnack, Lukas der Arzt (1906);
  55. "Os esforços para argumentar que o Terceiro Evangelho demonstra que seu autor era um médico não são mais utilizados atualmente. Hobart argumentou que as várias histórias de cura e o vocabulário demonstram que Lucas era um médico. No entanto, Cadbury depois refutou estas alegações, provando que Lucas não mostrou uma linguagem mais conhecimento "médico" do que outros escritores e historiadores de sua época. É claro, as histórias de cura e vocabulário "médicos" são consistentes com a autoria por um médico. Mas eles simplesmente não podem prová-lo". Black, MC. Luke. College Press comentário NIV. Joplin, Missouri: College Pub Press, 1996;
  56. "Colossenses 4:14 se refere a Lucas como médico. Em 1882, Hobart tentou reforçar essa conexão, indicando todas as provas técnicas verbais para a vocação de Lucas. Apesar da riqueza de referências reunidas por ele, o caso foi tornado ambíguo pelo trabalho de Cadbury (1926), que mostrou que quase todo o vocabulário técnico que alegava ser de um médico aparecia em muitos documentos gregos daquela época, como a Septuaginta, Josefo, Luciano de Samósata, e Plutarco. Isso significa que a linguagem poderia ter vindo de uma pessoa alfabetizada em qualquer vocação. O trabalho de Cadbury não significa, contudo, negar que Lucas poderia ter sido um médico, mas só que o vocabulário desses livros não garante que ele foi um". Bock, DL. Luke Volume 1: 1:1-9:50. Baker exegetical commentary on the New Testament. Grand Rapids, Michigan: Baker Books, 1994;
  57. Tentativas têm sido feitas para fortalecer o argumento para a autoria de um médico em Lucas-Atos ao encontrar exemplos de fraseologia médica. Os exemplos são muito poucos para ser feita a base de um argumento. Mas não são, talvez, provas suficientes para corroborar uma visão mais firmemente baseado em outras considerações". Marshall, I. H. The Gospel of Luke : A commentary on the Greek text. The New international Greek testament commentary. Exeter: Paternoster Press, 1978. (p. 33–34);
  58. "As referências são muitas vezes feitas com a linguagem médica de Lucas, mas não há nenhuma evidência de tal linguagem além do que qualquer grego educado poderia ter escrito". Biblical literature''. In: Encyclopædia Britannica On line. 26 nov. 2010;
  59. Estudiosos como Hengel (2000:48), Fitzmyer (1981:51), Thornton (1991), Nolland (1989: 1. xxxvii), Riley (1993: vii), Cullmann (2001, p. 27-28), F F Bruce (2010, p. 105) e Eckey (2004: 49). Há três principais fatores citados em favor da autoria tradicional: a tradição é unânime em atribuir o terceiro Evangelho e o livro dos Atos dos Apóstolos a Lucas, companheiro de Paulo. Lucas não é mencionado nas cartas aos Gálatas, Romanos, nas duas aos Coríntios e nas duas aos Tessalonicenses - todas escritas num período não coberto pelo livro de Atos com relatos na primeira pessoa do plural (nós a partir de Atos 16:10); Lucas não era apóstolo. Também não era um personagem de destaque do Novo Testamento, o que confere peso às declarações dos pais da igreja; Há várias proximidades teológicas entre as cartas de Paulo e a obra de Lucas, como à atuação do Espírito Santo, ênfase na morte vicária de Jesus e a Santa Ceia;
  60. "Não temos, portanto, razão válida para duvidar de que o gentílico-cristão que é o autor não seja idêntico a Lucas, o companheiro de Paulo". Cullmann, p. 28
  61. "Já que Lucas não foi uma figura proeminente na era apostólica, se o evangelho e Atos não foram originalmente escritos por ele não existe nenhuma razão óbvia por que eles deveriam ter sido associada com ele. Fizmyer, Joseph. The Gospel according to Luke: introduction, translation, and notes. The Anchor Bible v. 28-28A, (2 vols) Garden City, NY: Doubleday, 1981-1985;
  62. "Sua breve associação com Paulo levou Lucas a idealizar Paulo e a fazer dele o herói da segunda parte de Atos. Ele pintou sua própria imagem de Paulo, que não pode concordar em todos os detalhes com o Paulo das cartas incontestáveis". Fizmyer, Joseph. The Gospel according to Luke: introduction, translation, and notes. The Anchor Bible v. 28-28A, (2 vols) Garden City, NY: Doubleday, 1981-1985;
  63. Meier, John. Um judeu Marginal: repensando o Jesus histórico. Rio de Janeiro: Imago, 1992 (p. 53);
  64. A. Harnack. The Date of Acts and the Synoptic Gospels. 1911 (p. 90); H. Marshall. Luke. 1974 (p. 35); AJ Mattill Jr. The Date and Purpose of Luke-Acts: Rackham reconsidered. In: Catholic Biblical Quarterly 40. 1978 (p. 335-350); Leon Morris. Lucas. 2005 (p. 20-24);
  65. Para os argumentos sobre a datação de Atos anterior ao ano 70 d.C. veja o verbete Atos dos Apóstolos e a seção Datação antes de 70 d.C..
  66. a b c d Erich Mauerhofer. Uma introdução aos Escritos do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2010;
  67. Helmut Koester. Ancient Christian Gospels. Harrisburg, Pennsylvania: Trinity Press International, 1999 (p. 336);
  68. Theissen, Gerd e Annette Merz. The historical Jesus: a comprehensive guide. Fortress Press, 1998. (p. 24-27);
  69. Brown concorda que as referências à destruição do templo de Jerusalém são vistos como evidência de uma data pós-70. Brown, Schuyler. The origins of Christianity: a historical introduction to the New Testament. New York: Oxford University Press, 1993;
  70. a b Schuyler Brown. The origins of Christianity: a historical introduction to the New Testament. New York: Oxford University Press, 1993;
  71. Muitos estudiosos atribuem as epístolas pastorais ao apóstolo Paulo. Gordon Fee. I e II Timóteo, Tito. São Paulo: Vida, 1996; J. N. D. Kelly. I e II Timóteo, Tito - introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2009;
  72. P4, P45, P69, P75 e P111.
  73. Helmut Koester. Ancient Christian Gospels. Harrisburg, Pennsylvania: Trinity Press International, 1999 (p. 334);
  74. Marcion. Cross, FL, ed. The Oxford dictionary of the Christian church. New York: Oxford University Press, 2005;
  75. «Strong's G2321 - Theophilos». Consultado em 9 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 21 de outubro de 2007 
  76. "O prefácio literário dá a entender que desde o início o objetivo era que o livro fosse lido, não por um pequeno grupo de crentes, mas presumivelmente por um grande público. O cuidado com que Lucas organizou uma quantidade tão grande de informações parece indicar que ele tinha em vista um público mais amplo". DA Carson, D Moo, L Morris, p. 131
  77. Broadus David Hale. Introdução ao estudo do Novo Testamento. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1983;
  78. a b Bart D. Ehrman. The New Testament: A Historical Introduction to the Early Christian Writings. New York: Oxford. 2008;
  79. Biblical literature''. In: Encyclopædia Britannica On line. 10 dez. 2011;
  80. Robert Funk, Roy Hoover e Jesus Seminar. The five gospels. Harper: SanFrancisco, 1993.("Luke" p. 271-400);
  81. a b Geza Vermes. The authentic gospel of Jesus. London: Penguin Books, 2004 (p. 301-307);
  82. Herbert May e Bruce Metzger. The New Oxford Annotated Bible with the Apocrypha. 1977, p. 1279;
  83. Bart D. Ehrman. Jesus, Interrupted. HarperCollins, 2009;
  84. George Shillington. An introduction to the study of Luke-Acts. Continuum International Publishing Group, p. 11;
  85. Leigh Gibson e Shelly Matthews. Violence in the New Testament. Continuum International Publishing Group, 2005 (p. 132);
  86. Jonathan Knight. Luke's gospel. Psychology Press, 2005 (p. 145);
  87. "Lucas enfatiza a responsabilidade dos judeus pela morte de Jesus, não porque Lucas abriga algum sentimento anti-semita, mas porque deseja colocar a morte do Messias com muita firmeza no quadro geral da história bíblia israelita". Craig Evans, p. 28-29;
  88. Para uma avaliação melhor da atitude de Lucas a respeito dos judeus, v. Robert Brawley. Luke-Acts and the Jews: Conflict, Apology and Conciliation. SBLMS 33 (Atlanta: Scholars, 1987);
  89. Daniel A. Smith. Revisiting the Empty Tomb: The Early History of Easter. Fortress Press, 2010 (p. 109);
  90. Luke for Everyone por Tom Wright, 2004 (p. 292);
  91. P4 contém Lucas1:58-59; 62-2:1;6-7; 3:8-4:2;29-32;34-35; 5:3-8; 5:30-6:16
  92. P75 contém Lucas 3:18 - 4:02 +; 04:34-05:10; 5:37-18:18 +; 22:4-24:53 e João 1:01-11:45, 48-57 ; 12:03-13:10; 14:08-15:10;
  93. a b «Lista Completa dos Papiros Gregos do Novo Testamento». Consultado em 10 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 12 de março de 2014 
  94. Lista de Papiros do Novo Testamento em inglês
  95. Há um sumário útil dessa posição em Bruce Metzger (p. 191-193). Veja também Western Non-Interpolations, de Klyne Snodgrass (JBL 91:369-379). Snodgrass chega à conclusão de que "agora parece duvidoso que quaisquer das formas textuais apoiadas apenas por D e seus aliados não gregos seja o texto autêntico" (p. 379);.
  96. "Com o nascimento de Cristo, Deus estava finalmente colocando em operação seu plano de redenção, e por isso a paz e o perdão já podia ser oferecida aos homens sobre os quais repousa seu favor". Wilson Paroschi. Crítica textual do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1993 (p. 194);
  97. "Entretanto, o próprio Orígenes não conheceu manuscrito algum que trouxesse 'Gergesa'". Craig Evans, p. 156;
  98. Ellis afirma que o episódio aconteceu em Quersa, cidade situada na praia oriental do lago. Earle Ellis. The Gospel of Luke. NBC. Londres: Oliphants, 1974 (p. 128);

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