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Endolinfa

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A endolinfa é o fluido contido no labirinto membranoso da orelha interna. Também é conhecido como "fluido de Scarpa", devido a Antonio Scarpa.[1]

A orelha interna possui duas partes: o labirinto ósseo e o labirinto membranoso. O labirinto membranoso está dentro do labirinto ósseo e contém um fluido chamado de endolinfa. Entre a camada externa do membranoso e a parede do ósseo localiza-se a perilinfa.

A perilinfa e a endolinfa possuem ambas concentrações únicas de íons que participam do controle dos impulsos eletroquímicos de células ciliadas. O potencial elétrico da endolinfa é ~80-90 mV mais positivo que a perilinfa, devido à uma maior razão K/Na.[2]

O componente principal desse fluido é o potássio (K), que é secretado da stria vascularis. O alto conteúdo de potássio da endolinfa significa que ele (e não o sódio) é utilizado para a corrente elétrica depolarizante que ativa células ciliadas em resposta a estímulos mecânicos. Isso é conhecido como "corrente de transdução transdução mecanoelétrica" (MET).

A endolinfa tem um potencial de 80–120 mV. Como as células ciliadas possuem um potencial negativo de aproximadamente -50 mV a diferença de potencial entre endolinfa e células ciliadas é da ordem de 150mV, uma das maiores do corpo.[carece de fontes?]

Ondas fluidas na endolinfa ocorrem em diversas partes do labirinto membranoso em resposta a ondas de fluido na perilinfa.

  • Audição: Duto coclear: Ondas no fluido da endolinfa do duto coclear estimulam as células receptoras, que transduzem seus movimentos em impulsos que o cérebro percebe como som
  • Balanço: Canais semicirculares: a aceleração angular da endolinfa nos canais semicirculares estimulam os receptores vestibulares. Os canais semicirculares de ambas orelhas internas agem juntos para coordenar o equilíbrio.

Importância clínica

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Problemas com a endolinfa devido a movimentos bruscos (como girar em torno de si ou dirigir com um carro sacolejante) podem gerar  cinetose.[3] Uma condição na qual o volume de endolinfa é muito acima do normal é chamado hidropsia endolinfática e é ligada com Hidropsia coclear.[4]

A endolinfa e a perilinfa são compostos do organismo e portanto estão sujeitos a alterações biológicas, podendo ser celulares, na microbiota ou de outras matrizes. O ouvido interno possui sua imunidade e mantém o equilíbrio dos seus componentes. Quando um antígeno é introduzido no orelha interna de animais previamente sensibilizados, observa-se resposta imune caracterizada por infiltração celular, reação inflamatória, dano coclear, aumento de anticorpos (AC) na perilinfa e elevação da produção de ACs locais. A reação provocada é mais intensa por via endolinfática que pelo ouvido médio, simulando a via peritoneal. O saco endolinfático está intimamente envolvido com o processo, pois sua destruição ou obliteração experimental reduz de maneira significativa a resposta antigênica, bem como o dano coclear.[5]

A resposta imune da orelha interna é fundamental na proteção contra a infecção; no entanto, o processo inflamatório associado pode produzir danos ao delicado tecido coclear. Além disto, existem evidências de que o próprio tecido da cóclea pode ser alvo de reação auto imune.[5]

A principal imunoglobulina encontrada no espaço perilinfático é a IgG, seguida da IgM e IgA, que aparece três semanas após o início do processo inflamatório 18. No primeiro estágio, aparecem os macrófagos, seguidos pela linhagem T-helper. Após três semanas, surgem as células T-supressoras, que são os principais elementos encontrados nos processos crônicos da orelha interna.[5]

Os principais achados histopatológicos são: degeneração do gânglio espiral, atrofia do órgão de Corti, degeneração da estria vascular, dilatação da escala média, precipitação e atrofia do ducto endolinfático, presença de macrófagos e precipitados na endolinfa, além de infiltrado perivascular. A análise microscópica citológica da endolinfa e perilinfa indicca modificações nos achados celulares presentes na amostra.[5]

A pesquisa do Anticorpo anti-proteína 68KD é, atualmente, o teste mais específico na otoimunidade, embora raramente realizada em razão de seu custo elevado e acesso difícil. São feitos então alguns testes alternativos para diagnóstico de patologias no ouvido interno, sendo eles: hemograma, VHS,fator reumatóide, mucoproteínas, FAN, ICC circulantes, complemento total e frações e Anticorpo anti-colágeno tipo II. Embora seja preconizada a realização dos testes mencionados, muitas vezes ficamos sem diagnóstico definitivo, pois os níveis séricos indicados para positivar os exames raramente são atingidos no caso de processo localizado e limitado, como é o caso do saco endolinfático.[5]

Outros diagnósticos são realizados a partir da análise do ouvido médio e da endolinfa e perilinfa. O diagnóstico é baseado na anamnese, exame clínico através de otoscopia, citologia auricular, cultura e antibiograma, biopsia e radiografia. [6]

A cultura de crescimento bacteriano e fúngico é uma análise rápida e eficiente para diagnosticar a presença de infecção nos líquidos do ouvido interno. No método para a análise microbiológica realizado por Grellet et al foi coletada amostra da perilinfa para teste de suscetiblidade a antibióticos. Pelo método da difusão em agar, foram determinadas as concentrações do sulfato de estreptomicina e do complexo tricloridrato de estreptomicína-cloreto de cálcio no sangué e na perilinfa de cobaias (Gania coba-ya, Lin. 1766), após administração de dose única ou sucessivas desses produtos. As concentrações do antibiótico nos materiais examinados foram determinadas aferindo-se os halos de inibição produzidos por quantidades determinadas de soro e de perilinfa em placas de agar com aquelas produzidas no mesmo meio de cultura por concentrações conhecidas (curvas-padrão) preliminarmente estabelecidas. Para cada uma das drogas ensaiadas, estabelecemos sete grupos de seis animais.[7]

Imagens adicionais

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Referências

  1. synd/2926 (em inglês) no Who Named It?Who Named It?
  2. Konishi T, Hamrick PE, Walsh PJ (1978). «Ion transport in guinea pig cochlea. I. Potassium and sodium transport». Acta Otolaryngol. 86 (1-2): 22–34. PMID 696294. doi:10.3109/00016487809124717 
  3. What makes people dizzy when they spin?
  4. «Ménière's Disease Information Center - Cause of Ménière's Disease». Consultado em 26 de abril de 2015. Arquivado do original em 10 de maio de 2015 
  5. a b c d e Moreira, Roseli (1998). «Doenças Auto-imunes da Orelha Interna: Revisão da Literatura». Arquivos Internacionais de Otorrinolaringologia. Consultado em 17 de junho de 2019 
  6. Linzmeier, Geise (Janeiro de 2009). «Otite Externa» (PDF). Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Consultado em 17 de junho de 2019 
  7. Grellet, Marcos (Dezembro de 1974). «Estudo Comparativo em Cobaias do Efeito Ototóxico da Estreptomicina sob as Formas de Sulfato e de Complexo Tricloridrato-Cloreto de Cálcio». Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. Consultado em 17 de junho de 2019 


Ligações externas

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