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Dom Juan ou le Festin de Pierre

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Dom Juan ou le Festin de Pierre
Dom Juan ou le Festin de Pierre
Dom Juan, ou Le Festin de Pierre em "Les Oeuvres posthumes", vol. 7, Paris, 1682.
Autoria Molière
Gênero Tragicomédia
País  França

Dom Juan, ou le Festin de Pierre é uma tragicomédia em cinco atos escrita por Molière, que estreou no Palais Royal em 15 de janeiro de 1665.

Baseada em El burlador de Sevilla y convidado de piedra do espanhol Tirso de Molina, a obra apresenta um personagem infiel, sedutor, libertino, blasfemo, valente e hipócrita: Don Juan, um aristocrata bon vivant residente na Sicília, que coleciona conquistas amorosas, seduzindo moças da nobreza e criadas com o mesmo êxito. A única coisa que o interessa é a conquista, e abandona as mulheres tão logo aproveita-se delas. Suas conquistas despertam inimizades que o obrigam a bater-se em duelos, aos quais, também não se furta. Ponteia com cinismo seus relacionamentos com as pessoas de seu meio e questiona homossexuais e dogmas religiosos. Incapaz de resistir a um desafio, terá então de encarar o repto final: um jantar com a estátua do Comendador, que o levará para o Além.

Reações à obra

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Esta obra de Molière despertou uma enorme polêmica e fez com que as pessoas devotas se levantassem contra ela. Peça escrita imediatamente depois de Tartufo no qual Molière fustigava a hipocrisia de alguns beatos, pareceu aos olhos de alguns religiosos de sua época uma apologia da libertinagem. O único defensor da religião parece ser o criado Sganarelle, para quem ela se assemelha muito mais à superstição, e cujo papel cômico é evidente. A peça passou a sofrer ataques de todo tipo a partir de sua segunda encenação. Pediu-se a Molière que suprimisse determinadas cenas (a do pobre) e alguns diálogos que aparentemente zombavam da religião. Somente em 1682 conseguiu-se publicá-la, e em versões censuradas. Apenas em 1884 a peça voltou a ser representada de acordo com a versão original.[1]

As intenções de Molière

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Molière alimenta a ambiguidade sobre suas intenções ao descrever um personagem que não é totalmente negativo: é inteligente e valente. Em seus duelos verbais contra Sganarelle, contra seu credor e contra seu pai, vence por larga margem. Por outro lado, seu cinismo e sua hipocrisia foram feitos para causar repugnância no espectador.

De fato, a peça é uma reflexão sobre a libertinagem e seus excessos. Molière é partidário do livre pensar, mas respeita as convicções religiosas. Ataca fundamentalmente todas as formas de hipocrisia, tanto a do devoto Tartufo como a do libertino Don Juan, capaz de tudo para satisfazer seus instintos. O final de Don Juan serve de conclusão moral: o cinismo e a hipocrisia do personagem são castigados com a morte.

O personagem de Sganarelle age como contraponto, serve para dar humanidade e comicidade a uma obra que sem ela seria bastante sombria.

Don Juan ou o descomedimento

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Alguns encaram o Don Juan como um arquétipo do descomedimento. Ele é um grande senhor, malvado, de enorme insolência. Don Juan maneja com maestria a ironia e o sarcasmo, a impertinência e a ofensa, a falta de respeito e a blasfêmia. Personifica a luta desapiedada entre o Classicismo e o Barroco.

Dom Juan, V, 2
— Não há mais vergonha nisto agora: a hipocrisia é um vício da moda, e todos os vícios da moda passam por virtudes. A personagem do homem de bem é a melhor de todas as personagens que se pode desempenhar hoje em dia, e a profissão de hipócrita tem vantagens maravilhosas. É uma arte cuja impostura é sempre respeitada; e o que quer que se descubra, nada se ousa contra ela.
Dom Juan, V, 2
— Não deixarei de maneira alguma meus doces hábitos; mas terei cuidado de esconder-me e divertir-me-ei com pouco ruído. Que se eu vier a ser descoberto, verei, sem me abalar, toda a cabala tomar em mão os meus interesses, e serei defendido por ela para com e contra todos. Enfim, está aí o verdadeiro meio de fazer impunemente tudo o que eu quiser. Eu me promoverei a censor das ações de outrem, julgarei mal todo mundo e só terei boa opinião de mim. Desde que me tenham chocado, mesmo que seja pouco, não perdoarei jamais e guardarei docemente um ódio irreconciliável. Farei o vingador dos interesses do Céu, e, sob este pretexto cômodo, afastarei meus inimigos; eu os acusarei de impiedade, e saberei desencadear contre eles zelos indiscretos, que, com a autoridade que lhes é própria, sem conhecimento de causa gritarão em público contra eles, e que os abaterão de injúrias e os condenarão altamente. É assim que se deve aproveitar as fraquezas dos homens, e que um sábio espírito se acomoda aos vícios de seu século.
Ano Filme Diretor Personagem Prêmios
1991 Don Juan en los infiernos Gonzalo Suárez Fernando Guillén Goya de melhor ator

Referências

  1. «Dom Juan» (em francês). Consultado em 21 de fevereiro de 2009 

Ligações externas

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