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Cefalópodes

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(Redirecionado de Cephalopoda)
Como ler uma infocaixa de taxonomiaCefalópodes
Ocorrência: Cambriano - Recentemente
Exemplo de cefalópode
Exemplo de cefalópode
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Cephalopoda
Ordens
Sepiida

Sepiolida
Spirulida
Teuthida
Octopoda
Vampyromorphida
Nautilida

Os membros da classe Cefalópoda possuem algumas características em comum, como a simetria bilateral, boa visão, bico quitinoso, sistema circulatório fechado — uma característica única entre os moluscos. Todos os cefalópodes vivos possuem bico de duas partes e a maioria tem uma rádula, que é uma característica do filo Mollusca. A subclasse Nautiloidea continua guarnecida de uma concha; na subclasse Coleoidea as partes moles envolveram a concha. O sistema nervoso é o mais complexo entre os invertebrados[1][2]

Classificação

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A classe Cefalópode (Cephalopoda, do grego kephale, cabeça + pous, podos/podes, pé/pés) que pertence ao filo Mollusca.[1], possui três subclasses, a Coleoidea que são principalmente os polvos, lulas e sépias, a Nautiloidea que possui os gêneros Allonautilus e Nautilus e a Ammonoidea que é uma subclasse extinta a qual os Amonites pertencem [2] A classificação aqui apresentada deriva de Current Classification of Recent Cephalopoda(Maio de 2001). Outras classificações existem que diferem principalmente em como os diversas ordens de decápodes estão relacionadas e se deverá ser utilizada a classificação em famílias ou ordens.[2]

Basicamente, os cefalópodes estão agrupados em subclasses que levam em consideração a presença ou ausência da concha, o tipo de sutura que estas apresentam e outras características.

Principais subclasses

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Introdução a classe Ammonoidea

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O nome amonites (ou amonitas) se dá por cause de um deus egípcio chamado Amon que era sempre representado usando chifres de carneiro, uma forma que se assemelha muito as conchas fossilizadas  Amonites.[3]

Os amonites surgiram durante o período geológico Devoniano, que se deu há cerca de 419,2 milhões de anos e eles foram extintos há 65 milhões de anos no evento de extinção em massa conhecido como Cretáceo-Paleógeno.[4]

Os fósseis de amonites são bem preservados, muito abundantes e difundidos, e diante disso, são excelentes indicativos fósseis, pois a partir de sua localização pode-se determinar diversos dados importantes para a arqueologia.[5]

A anatomia desses seres é um pouco complexa de ser definida, uma vez que não há vestígios o suficiente das duas "partes moles". Contudo o que se deduz é que eles teriam rádula, bico e dez tentáculos. Já as suas conchas foram estudadas com mais sucesso durante os anos, sabe-se que elas foram de extrema importância para que pudessem controlar a flutuabilidade, eles usavam uma estrutura tubular fina chamada sifúnculo que percorria toda a borda externa da concha e conectava as câmaras de gás do phragmacone ao corpo, o que dividia as câmaras do phragmacone eram os septos, que no caso dos Amonites, eram convexos, ou seja, a curva empurrava a parte viva para fora, onde o septo encontra a casca externa da concha, formava-se um padrão de sutura que é usado para distinguir as espécies, sendo eles divididos em três tipos, Ceratites, Goniatitida e Amonite. Além disso, também é do conhecimento científico que as suas conchas poderiam ser planespirais ou heteromorfas, que seriam formas mais diferentes do comum.[4]

Introdução a classe Coloidea

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A Coleoidea uma das subclasses dos Cephalopodes é composta por lulas, sépias e polvos, suas principais características são que elas possuem um cuttlebone (nome dado em inglês a um osso que apenas as sépias possuem[6]), além da quitina (um polímero estrutural feito de proteínas[7]) ou gladius (uma concha interna das lulas usada para controle de flutuabilidade ou suporte[8]).

As sépias, também conhecidas como chocos, são moluscos marinhos da classe Cephalodes da ordem Seppida.

Os Chocos possuem uma concha interna, bolsa de tinta, oito braços e dois tentáculos, são uma espécie considerada tímida que se movimenta tanto de dia quanto de noite, mas preferem se movimentar mais a noite.

Sua alimentação é baseada em seres pequenos como camarões e pequenos moluscos, os chocos tem uma vida curta de no máximo dois anos e sua descoberta foi feita no século XIX.[9]

As lulas são moluscos marinhos da classe Cephalopoda, subclasse Coleoidea da ordem Teuthida[10]. As mesmas possuem 2 tentáculos, esses são utilizados como hidróstato muscular[11] e utilizam para colocar na rádula.[12] Dependendo da lula, os tentáculos[13] podem ser receptivos ao toque, à visão ou ao cheiro ou sabor de determinados alimentos ou ameaças.

Além disso possuem braços[13] que são utilizados para se locomover, nestes existem ventosas que suas bordas são endurecidas com quitina [14] e podem conter dentículos minúsculos. Possuem também uma musculatura forte e um pequeno gânglio abaixo de cada ventosa que permite o controle individual além de fornecer uma adesão muito poderosa para agarrar a presa. Outro auxílio na locomoção é o sifão[15]: este é responsável por bombear água pra leva para as brânquias internas e respirar a mesma serve como um auxílio na locomoção pois pode ser utilizada como ferramenta pra fugir mais rápido, já que o mesmo solta um jato d’água que ajuda para fugir ou simplesmente se locomover.[15]

Como camuflagem,[16] ela ocorre no chão do mar (águas rasas ou não) e contra a iluminação, esta serve para se proteger de predadores e para se aproximar de presas. E em um último caso ou se a lula se sentir ameaçada ela ejeta uma nuvem de tinta feita de suspensão de partículas de melania.[17]

As lulas gigantes[18] e as pequenas são diferentes, mas no geral são muito parecidas. As lulas gigantes machos chegam geralmente a 10 metros e as fêmeas a 13 metros. Atualmente muitas dessas gigantes ficam na parte mais profunda do oceano pelo fator de que atualmente quanto mais próximo da superfície é possível encontrar poluição sonora e ambiental. As lulas gigantes possuem olhos que são capazes de captar mais luz no caso quando comparados a animais de tamanhos semelhantes, mas com olhos menores. Essa luz melhor ajuda na capacidade das lulas de detectarem pequenas diferenças de contraste nas condições turvas de águas profundas. Segundo Universidade Duke, na Carolina do Norte, Estados Unidos[18]

Os polvos pertencem ao filo Mollusca, de classe Cephalopoda e subclasse Coleoidea. Assim como outros animais Cephalopodes, possui pés na cabeça e corpo mole, ou seja, não possuem qualquer tipo de esqueleto externo ou mesmo interno.[19] São animais bastante estudados em cativeiro, por isso seus padrões de comportamento são detalhadamente documentados, embora alguns mistérios permaneçam.

Estes seres invertebrados colecionam cerca de 700 espécies da ordem Octopus e podem ser encontrados em profundidades variáveis, mas principalmente entre rochas, onde possuem sua fonte de alimentação e esconderijos para se proteger.[20] São carnívoros e se alimentam principalmente de crustáceos, como caranguejos, lagostas e camarões, alguns tipos de peixes e outros moluscos[19] Seu bico quitinoso permite que mate seu alimento com maior facilidade.[21]

O polvo possui 8 braços, que auxiliam na locomoção, na caça e podem realizar o processo de amputação espontânea em uma situação de perigo. Assim como a autotomia, esse animal desenvolveu outras formas de defesa, como a camuflagem, por exemplo. Células denominadas de cromatóforos estão distribuídas por todo o seu corpo, podendo manifestar de 2 a 4 pigmentos diferentes (vermelho, laranja, amarelo, marrom ou preto) com combinações distintas.[20][21]

O jato de tinta, característica mais conhecida da espécie, é um mecanismo de defesa fundamental para os polvos. Algumas glândulas que produzem uma substância principalmente composta por melanina, motivo da sua cor escura, que possui cheiro e opacidade para que os predadores se confundam e os percam de vista.[20][21]

Além desses mecanismos de defesa, algumas espécies como o Thaumoctopus mimicus, polvo do Indo-Pacífico (conhecido popularmente por polvo mímico), desenvolveram uma quarta estratégia: são capazes de alterar a cor, estrutura e textura da sua pele, imitando outros animais para assustar e confundir seus predadores; eles podem imitar cobras marinhas, peixe-leão e enguias, animais que são comumente evitados por outras espécies, já que são venenosos ou possuem características temidas.[22]

O polvo possui um sistema nervoso completo, com gânglios grandes e um cérebro, e possuem órgãos sensoriais desenvolvidos. Seu cérebro é dividido entre a parte responsável pelas memórias e aprendizado, e seus neurônios (macroneurônios), responsáveis pelo transporte dessas informações. Seus olhos e visão binocular são capazes de formar imagens e distinguir polarização de cores, apesar de acreditar-se que não tenham noção de cor.[23]  Órgãos sensoriais oculares, denominados de estatocistos, são responsáveis pelo seu equilíbrio e posicionamento em baixo da água.  

Além dos braços serem fundamentais para a locomoção, são extremamente flexíveis e possuem receptores de tensão e ventosas. As ventosas são repletas de quimiorreceptores responsáveis por sentir textura e cheiro,[23] embora tenham noção limitada do posicionamento de seus braços, apresentando dificuldades em perceber o formato das coisas.[21]

Introdução a classe Nautiloidea

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Nautilidae (do grego nautilos, ναυτίλος, e significando “marinheiro”, sendo derivado de naus de navio), denominados nautiloides e em seu nome científico como Nautilidae,[24][25] são uma família de moluscos cefalópodes nectônicos, geralmente encontrados nas regiões do Indo-Pacífico. São caracterizados por terem uma concha de calcário, dividida em câmaras que são perfuradas por um sifão e utilizadas como dispositivo de proteção e flutuação.[26]

São os mais primitivos no grupo dos cefalópodes, sendo denominados como fosseis vivos, e com os Allonautilus são os únicos que possuem uma concha externa. Foram encontrados em abundancia principalmente no período cambriano. São animais com movimentos lentos, porém podendo chegar a 500 metros de profundidade, encontrados principalmente em fundos recifes de coral, tem hábitos de predação e necrófagos (se alimentam de restos de orgânicos), sua principal alimentação é peixes e crustáceos. Se mantem durante o dia submersos, para evitar predadores e a noite sobem ao recife. Existem dois gêneros dos nautiloides: gênero Allonautilus (descoberto em 1997) e gênero Nautilus (descoberto em 1758).[27]

O gênero Allonautilus foi descoberto em 1997, demonstrando a existência de diferenças anatômicas significativas entre Nautilus scrobiculatus e outras espécies de Nautilus. Foi encontrado nas Ilhas do Almirantado, onde boa parte de sua espécie está em abundância.[27]

Referências

  1. a b Phylonyms : a companion to the PhyloCode. Kevin De Queiroz, Philip D. Cantino. Boca Raton, FL: [s.n.] 2020. OCLC 1107100198 
  2. a b c Strugnell, Jan; Nishiguchi, Michele K. 2007-11-XX. «Molecular phylogeny of coleoid cephalopods (Mollusca: Cephalopoda) inferred from three mitochondrial and six nuclear loci: a comparison of alignment, implied alignment and analysis methods». Journal of Molluscan Studies (em inglês) (4): 399–410. ISSN 0260-1230. doi:10.1093/mollus/eym038. Consultado em 7 de maio de 2021 
  3. https://www.zobodat.at/pdf/JbGeolReichsanst_144_0137-0140.pdf ISSN 0016-7800
  4. a b «About Ammonites». FossilEra. Consultado em 7 de maio de 2021 
  5. «Ammonoid | fossil cephalopod». Encyclopedia Britannica (em inglês). Consultado em 7 de maio de 2021 
  6. Fuchs, Dirk; Iba, Yasuhiro (novembro de 2015). «The gladiuses in coleoid cephalopods: homology, parallelism, or convergence?». Swiss Journal of Palaeontology (em inglês) (2): 187–197. ISSN 1664-2384. doi:10.1007/s13358-015-0100-3. Consultado em 7 de maio de 2021 
  7. http://www.app.pan.pl/archive/published/app52/app52-575.pdf  
  8. «Chitin - Definition, Function, Structure and Examples». Biology Dictionary (em inglês). 13 de janeiro de 2017. Consultado em 7 de maio de 2021 
  9. «SépiasMcientifica Blog». Consultado em 7 de maio de 2021 
  10. Sanchez, Gustavo; Setiamarga, Davin H.E.; Tuanapaya, Surangkana; Tongtherm, Kittichai; Winkelmann, Inger E.; Schmidbaur, Hannah; Umino, Tetsuya; Albertin, Caroline; Allcock, Louise (12 de fevereiro de 2018). «Genus-level phylogeny of cephalopods using molecular markers: current status and problematic areas». PeerJ. ISSN 2167-8359. PMC 5813590Acessível livremente. PMID 29456885. doi:10.7717/peerj.4331. Consultado em 7 de maio de 2021 
  11. «Hidrostato muscular - Muscular hydrostat - other.wiki». pt.other.wiki. Consultado em 30 de abril de 2021 
  12. «O que é Rádula - Função». Planeta Biologia. 28 de julho de 2019. Consultado em 30 de abril de 2021 
  13. a b Norman, M. 2000.Cephalopods: A World Guide. ConchBooks, Hackenheim. p. 15. "Há alguma confusão em torno dos termos braços e tentáculos. Os numerosos membros dos náutilos são chamados de tentáculos. O anel de oito membros ao redor da boca em chocos, lulas e polvos são chamados de braços. Chocos e lulas também têm um par de membros presos entre as bases do terceiro e quarto pares de braços [...]. Estes são conhecidos como tentáculos de alimentação e são usados para atirar e agarrar presas. "  
  14. «Quitina: o que é, onde é encontrada e funções». Toda Matéria. Consultado em 30 de abril de 2021 
  15. a b «Moluscos, Anelídeos e Nematelmintos - Brasil Escola». Monografias Brasil Escola. Consultado em 30 de abril de 2021 
  16. Young, R. E.; Roper, C. F. (12 de março de 1976). «Bioluminescent countershading in midwater animals: evidence from living squid». Science (em inglês) (4231): 1046–1048. ISSN 0036-8075. PMID 1251214. doi:10.1126/science.1251214. Consultado em 7 de maio de 2021 
  17. Cott 1940, pág. 383. Cott, Hugh B. (1940). Coloração adaptativa em animais . Methuen. OCLC  222479116
  18. a b «Olhos do tamanho de bola de basquete ajudam lula a despistar predadores». VEJA. Consultado em 30 de abril de 2021 
  19. a b «Polvos». Brasil Escola. Consultado em 7 de maio de 2021 
  20. a b c «Octopus». Animals (em inglês). 1 de março de 2014. Consultado em 7 de maio de 2021 
  21. a b c d Chapela, Albert; González, Ángel F.; Dawe, Earl G.; Rocha, Francisco J.; Guerra, Ángel (30 de março de 2006). «Growth of common octopus (Octopus vulgaris) in cages suspended from rafts». Scientia Marina (1): 121–129. ISSN 1886-8134. doi:10.3989/scimar.2006.70n1121. Consultado em 7 de maio de 2021 
  22. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome :8
  23. a b «O que é Estatocisto - Função, estrutura». Planeta Biologia. 28 de julho de 2019. Consultado em 7 de maio de 2021 
  24. Agazzi, Giselle Larizzatti; Rodrigues, Joana (21 de dezembro de 2018). «LITERATURA EM PAUTA: AS PÁGINAS DE JORNAL DE ANTONIO CALLADO». Via Atlântica (34): 145–155. ISSN 2317-8086. doi:10.11606/va.v0i34.145758. Consultado em 7 de maio de 2021 
  25. González Heras, Natalia (20 de junho de 2018). «VARGAS MARTÍNEZ, Ana: La Querella de las mujeres. Tratados hispánicos en defensa de las mujeres (siglo XV). Madrid, Editorial Fundamentos, 2016. 369 páginas.». Arenal. Revista de historia de las mujeres (1). ISSN 1134-6396. doi:10.30827/arenal.vol25.num1.259-260. Consultado em 7 de maio de 2021 
  26. «Nautilidae». tolweb.org. Consultado em 7 de maio de 2021 
  27. a b BioOrbis, Por. «Os Nautilus: um dos animais marinhos mais raros do mundo». Bio Orbis. Consultado em 7 de maio de 2021 
  • Ruppert, E.E. & R.D. Barnes, 1996. Zoologia dos Invertebrados. Roca, 6a. ed., São Paulo, 1029p.