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Comitês de Resistência (Sudão)

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Os Comitês de Resistência (em árabe: لجان المقاومة) ou comitês de vizinhança são redes informações e organizações de base, compostas por residentes do Sudão, engajadas em mobilizações de resistência civil contra o governo de Omar al-Bashir a partir de 2013,[1] tornando-se um movimento em rede chave durante a Revolução Sudanesa.[1] Os comitês mantiveram-se ativos durante a transição democrática iniciada com a queda de al-Bashir, enfrentando posteriormente o golpe militar através da organização de protestos massivos. Com o início de um conflito armado em 2023, entre forças militares e paramilitares, o movimento de base passou à servir de rede de informação e apoio aos civis buscando escapar da zonas de conflito, como também colaborando na provisão de bens essenciais aos feridos, hospitais e vizinhanças afetadas pelo guerra.

Em 2013, o movimento de desobediência civil contra a redução dos subsídios de combustível e gás durante o governo de Omar al-Bashir enfrentou as forças de segurança e o uso abrangente de força letal, que resultou na morte de pelo menos 200 civis e a detenção de outros 200. Em resposta, os comitês de resistência foram criados, geralmente por grupos de três à cinco amigos, para organizar atividades de desobediência civil em pequena escala. Esses comitês se desenvolveram gradativamente em redes informais durante o período de 2013-2016.[1]

Perto do fim de 2016, os comitês organizaram uma campanha de 3 dis de protestos e greve, protagonizadas por médicos e farmacistas, em razão do custo crescente do atendimento médico e a deterioração do sistema de saúde. A partir de então, os comitês de resistência desenvolveram uma maior coordenação nacional em 2017, estabelecendo um planejamento comum mais explícito para suas ações.[1] No mesmo ano, conduziram uma campanha de graffites e distribuiram cerca de 20.000 panfletos relativos aos problemas de acesso à água e de tomada de terras pelo governo.[1]

Em maio de 2019, os comitês de resistência estabeleceram um conselho eleito em nível nacional, como também ramos em várias cidades do Sudão.[1] Em Julho de 2019, a estrutura organizacional permanecia uma "rede fluída e descentralizada de ativistas", resistente contra a infiltração pelas agências de inteligência do Estado sudanês.[2] A autonomia dos comitês em bairros residenciais e sua coordenação em grandes escalas geográficas foram fatores para sua persistente efetividade durante a derrubada da Internet que se seguiu ao Massacre de Cartum.[2]

Indivíduos entrevistados pelo Middle East Eye declararam que os comitês de resistência eram populares entre a juventude sudanesa, que se sentiam mal representados pelos grupos formais de oposição. O movimento de base deu aos jovens "o momentum e a inspiração para ser parte da revolução e decidir seus próprios futuros".[2]

Revolução Sudanesa

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Ver artigo principal: Revolução Sudanesa

Em dezembro de 2018, existiam 30 comitês ativos de Cartum. Na medida que os protestos de 2018-2019 ganharam força, grupos inativos voltaram à atividade e juntaram-se à rede.[1]

A rede de comitês assinou em janeiro de 2019 a declaração das Forças pela Liberdade e Mudança,[3] que demandava a retirada do presidente Omar al-Bashir do poder.[4]

Durante os protestos, os comitês de resistência coordenaram-se flexivelmente com a Associação Sudanesa de Profissionais, através de meios de comunicação online.[4] O Middle East Eye descreveu os comitês de resistência como "cruciais para o sucesso"[2] dos protestos de rua massivos em 23 de Junho de 2019, a maior manifestação desde o massacre de Cartum, cujo objetivo era pressionar o Coonselho Militar de Transição à transferir o poder para uma autoridade civil.[5]

De acordo com ativistas entrevistados pela Radio Dabanga, Ammar El Dirdeiri e outros três membros de comitês de resistência foram assassinados pelas Forças Rápidas de Suporte e o Serviço Geral de Inteligência do Sudão,[6] durante as manifestações de 30 de Junho de 2019s.[5]

Referências