Pilatus PC-7
Pilatus PC-7 Turbo Trainer | |
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Descrição | |
Tipo / Missão | Aeronave de treinamento primário |
País de origem | Suíça |
Fabricante | Pilatus Aircraft |
Período de produção | 1966-presente |
Quantidade produzida | 618 |
Desenvolvido de | Pilatus P-3 |
Desenvolvido em | Pilatus PC-9 |
Primeiro voo em | 12 de abril de 1966 (58 anos) |
Introduzido em | 1978 |
O Pilatus PC-7 Turbo Trainer é uma aeronave de treinamento monomotor turboélice, desenvolvido e produzido pela Pilatus, da Suíça. A aeronave é capaz de todas as funções básicas de treinamento, incluindo acrobacias aéreas, vôo por instrumentos, vôo tático e vôo noturno. Lançado nos anos 70, o PC-7 é operado por mais de vinte forças aéreas em todo o mundo como aeronave de treinamento primário, com maioria das 500 aeronaves produzidas ainda em serviço. A Pilatus substituiu o PC-7 em seus catálogos pelo PC-9 e o PC-21.[1]
História
[editar | editar código-fonte]Desenvolvimento Inicial
[editar | editar código-fonte]O trabalho nos projetos do PC-7 iniciaram durante os anos 60. A aeronave era baseada no Pilatus P-3, tendo o primeiro protótipo sido um P-3 modificado (designado P-3B, inicialmente), com seu motor a pistão Lycoming O-435 trocado por um turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-20, de 550 shp (410 kW).[2] Em 12 de abril de 1963, o protótipo modificado fez seu primeiro vôo, porém, o programa foi cancelado, devido a um pouso de emergência que danificou o protótipo e a falta de interesse por um treinador turboélice no mercado da época.[3][2]
Em 1973, a Pilatus decidiu retomar o projeto, modificando um Pilatus P-3 da Força Aérea Suíça com um motor turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-25 (normalmente, o motor geraria 650 shp (485 kW), porém, foi limitado para 550 shp (410 kW)) e uma hélice Hartzell, tripá, de velocidade constante.[2] Após essas modificações, a aeronave teve seu primeiro vôo em 12 de maio de 1975, comandado pelo piloto de provas da Pilatus, Hans Galli. Ao longo dos ensaios, (com a aeronave já designada PC-7 Turbo Trainer) várias modificações foram feitas, como a adoção de uma asa em peça única com tanques de combustível integrais (projetados com auxilio da Dornier, da Alemanha), empenagem modificada, trem de pouso reforçado e canopi bolha deslizável.[2] A primeira aeronave de produção teve seu primeiro vôo em 18 de agosto de 1978.
Produção
[editar | editar código-fonte]Em 5 de dezembro de 1978, a aeronave foi homologada pela Agência Federal de Aviação Civil (FOCA), tendo suas primeiras unidades já entregues para a Bolívia e Myanmar no mesmo ano.[3] Em 1981, a Força Aérea Suíça adquiriu 40 unidades do PC-7, com as entregas finalizando em 1983.[2] A aeronave se provou bastante popular no mercado de aeronaves de treinamento, com 455 unidades construídas e vendidas até o fim da produção da aeronave em 2000.[2]
Em julho de 1998, a Pilatus entrou em acordo com a firma norte americana Western Aircraft para distribuir o PC-7 no mercado civil norte americano.[4] Nessa época, havia somente cinco PC-7 civis registrados nos Estados Unidos, a Pilatus acreditava que o mercado norte americano era um mercado viável para modelos remanufaturados e novos, vendidos por US$ 1 e 2 milhões, respectivamente. Com o passar do tempo, foi reconhecido que o mercado era limitado, com a Western Aircraft vendendo poucas aeronaves por ano.[4]
Desenvolvimento Adicional
[editar | editar código-fonte]Em 1984, a Pilatus ofereceu a opção de instalar o assento ejetor Martin-Baker Mk.15A na aeronave (que não contava com assentos ejetores originalmente), tanto em aeronaves novas quanto como um pacote de retrofit para aeronaves já operativas.[2]
Durante o fim dos anos 90, a firma de engenharia israelense Radom ofereceu um pacote de modernização para o PC-7, com nova aviônica, computadores de missão, head up display (HUD), sistemas de comunicações e de lançamento de armas.[5]
Em 1992, foi lançado o PC-7 Mk.II, um desenvolvimento do PC-7, se utilizando da fuselagem e aviônica do PC-9 com as asas e o motor do PC-7, com a intenção de diminuir os custos de vôo e manutenção, atendendo requisições da África do Sul.[2][6] O primeiro vôo do PC-7 Mk.II ocorreu em 18 de setembro de 1992, com a África do Sul aceitando a aeronave para serviço em 1993. O lote de 60 aeronaves adquiridas foram montadas na África do Sul entre 1994 e 1996.
Histórico Operacional
[editar | editar código-fonte]Uso Geral
[editar | editar código-fonte]Todas as exportações do PC-7 deveriam ser aprovadas pelo governo suíço.[7] A venda de aeronaves com capacidade de combate é um assunto controverso na Suíça e muitas vezes, pressão política era aplicada para que os PC-7 fossem exportados sem capacidade de portar armas. O governo suíço ocasionalmente segurou ou simplesmente recusou licenças de exportações para alguns países, provocando a perda de vários contratos militares, como na Coréia do Sul e no México.[7]
Além da adoção por vários clientes governamentais, o PC-7 é utilizado por clientes civis. O PC-7 é homologado pela Agência Federal de Aviação Civil (FOCA) e pela Administração Federal de Aviação (FAA). Vários operadores civis utilizam a aeronave em patrulha acrobáticas.
Uso em Combate
[editar | editar código-fonte]Alguns PC-7 foram empregados pela Força Aérea da Guatemala em missões de ataque e apoio aéreo aproximado (CAS) durante a Guerra Civil da Guatemala. Estas aeronaves eram baseadas em La Aurora, sendo armadas com casulos de metralhadoras e foguetes.[8]
Durante a Guerra Irã-Iraque, é alegado oficiais iranianos ameaçaram armar seus PC-7 com explosivos e utiliza-los para ataques suicidas contra navios da Marinha dos Estados Unidos que se encontravam no Golfo Pérsico.[9] Em 1984, um AH-1J Sea Cobra iraniano foi abatido por um PC-7 iraquiano durante a Operação Khyber.[10]
Em 1994, a Força Aérea Mexicana utilizou aeronaves PC-7 para executar missões de ataque contra o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) durante o Conflito de Chiapas. Essa ação foi considerada ilegal pelo governo suíço, devido as aeronaves terem sido vendidas especificamente para treinamento. O governo suíço, devido a isso, decidiu vetar a venda de unidades adicionais para o México.[11] Na época, a Força Aérea Mexicana era a maior operadora do PC-7 e pretendia adquirir mais unidades da fabricante, com o veto sendo visto como um grande golpe contra a Pilatus.[7]
Nos meados dos anos 90, a Executive Outcomes, uma empresa militar privada sul africana, utilizou três aeronaves PC-7 (ex-Força Aérea da Bophuthatswana) em missões de apoio aéreo aproximado (CAS) durante as operações da empresa em Serra Leoa.[12][13]
Durante o fim dos anos 2000, a Força Aérea do Chade utilizou seus PC-7 para missões de ataque contra posições rebeldes em seu território e no Sudão.[14]
Variantes
[editar | editar código-fonte]- PC-7: Treinador básico biplace, propelido por um turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-25A, desenvolvido 550 shp (410 kW);[3]
- PC-7 Mk.II: Treinador básico biplace, propelido por um turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-25C, desenvolvido 700 shp (522 kW). É uma aeronave híbrida, com a fuselagem do PC-9 e as asas originais do PC-7;[15]
- NCPC-7: Versão modernizada do PC-7 com glass cockpit IFR e nova aviônica para a Força Aérea Suíça.[16][17]
- PC-7M: Versão modernizada do PC-7 com glass cockpit, nova aviônica e reforços na fuselagem para a Real Força Aérea Neerlandesa.[18]
- PC-7 Mk.X: Versão modernizada do PC-7 Mk.II, com nova aviônica e sistemas de treinamento.[19][20]
Operadores
[editar | editar código-fonte]Operadores Militares
[editar | editar código-fonte]- África do Sul
- Força Aérea da África do Sul: 60 aeronaves PC-7 Mk.II Astra em serviço. Utilizadas pela patrulha acrobática Silver Falcons
- Angola
- Força Aérea Nacional de Angola: 12 aeronaves encomendadas em 1981 e entregues em 1982.[21]
- Áustria
- Força Aérea da Áustria: 13 aeronaves adquiridas em 1984.[22] Designados PC-7ÖE.[2]
- Bolívia
- Força Aérea Boliviana: 24 aeronaves entregues. 2 ainda em serviço em 2021.[22]
- Bophuthatswana:
- Força Aérea da Bophuthatswana: Três aeronaves entregues em 1989 e retiradas de serviço em 1994.
- Botswana
- Ala Aérea das Forças de Defesa de Botswana: Sete aeronaves operadas de 1990 até 2013, substituídos em 2013 por 5 aeronaves PC-7 Mk.II.[23]
- Brunei
- Real Força Aérea do Brunei: Quatro aeronaves PC-7 Mk.II operadas. Utilizadas pela patrulha acrobática Formação Alap-Alap.
- Chade
- Chile
- Armada do Chile: Sete aeronaves em serviço em 2021, de dez entregues em 1980.[24][22]
- Emirados Árabes Unidos
- Força Aérea dos Emirados Árabes Unidos: 31 aeronaves em serviço em 2021.[22]
- França
- Direction Générale de l'Armement: Seis aeronaves em serviço.
- Guatemala
- Força Aérea da Guatemala: Uma aeronave em serviço em 2021.[22]
- Índia
- Força Aérea Indiana: 75 aeronaves PC-7 Mk.II em operação desde 2018.[25]
- Irão
- Força Aérea do Irã: 34 aeronaves em serviço em 2021.[22]
- Iraque
- Força Aérea Iraquiana: 52 aeronaves entregues em 1980.
- Malásia
- Força Aérea Real da Malásia: 47 aeronaves em serviço (30 PC-7 e 17 PC-7 Mk.II). Utilizadas pela patrulha acrobática Taming Sari de 1983 a 1995.[26]
- México
- Força Aérea Mexicana: 88 aeronaves em serviço desde 1979.[27]
- Myanmar
- Força Aérea do Myanmar: 16 aeronaves em serviço em 2021.[22]
- Nigéria
- Força Aérea Nigeriana: Duas aeronaves em serviço, retiradas.
- Países Baixos
- Real Força Aérea Neerlandesa: 13 aeronaves em serviço em 2021.[22]
- Suíça
- Força Aérea Suíça: 40 aeronaves entregues em 1979. 28 aeronaves modernizadas em 2011.[17] Utilizadas pela patrulha acrobática PC-7 Team.
- Suriname
- Força Aérea do Suriname: Três aeronaves adquiridas em 1985. Todas devolvidas a Pilatus em 1987.[28]
- Uruguai
- Força Aérea Uruguaia: 5 aeronaves em serviço em 2021.[22]
Operadores Civis
[editar | editar código-fonte]Especificações
[editar | editar código-fonte]Informações: Jane's All The World's Aircraft 1993-94[29]
Características Gerais
[editar | editar código-fonte]- Tripulação: 2
- Comprimento: 9.78 m
- Envergadura: 10.40 m
- Altura: 3.21 m
- Área Alar: 16.60 m²
- Peso Vazio: 1.330 kg
- Peso Máximo de Decolagem (MTOW): 2.700 kg
- Capacidade de Combustível: 474 L
- Motor: 1x turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-25A, 550 shp (410 kW)
- Hélice: Hartzell HC-B3TN-2/T10173C-8, tripá, velocidade constante.
Desempenho
[editar | editar código-fonte]- Velocidade Máxima: 412 km/h (222 kn)
- Velocidade de Cruzeiro: 316 km/h (171 kn)
- Velocidade de Estol: 119 km/h (74 kn)
- Velocidade Nunca Exceder: 500 km/h (270 kn)
- Alcance: 2.630 km (1.420 nmi)
- Teto de Serviço: 10.000 m (33.000 ft)
- Taxa de Subida: 10.9 m/s
Armamento
[editar | editar código-fonte]- Hardpoints: 6x para casulos de metralhadoras, foguetes e bombas. Capacidade de 1.040 kg.
Ver Também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ 2001-08-14T00:00:00+01:00. «Elementary training role for PC-21?». Flight Global (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2023
- ↑ a b c d e f g h i j «Pilatus Turbo-Trainers». www.airvectors.net. Consultado em 13 de junho de 2023
- ↑ a b c «The Svelte Switzer ... Pilatus' Turbo Trainer». Air International. 16 (3): 111-118. Setembro de 1979
- ↑ a b «Pilatus appoints Western to market PC-7 trainer». Flight Global. 22 de julho de 1998. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 16 de junho de 2019
- ↑ «Radom offers PC-9 upgrade for training and combat». Flight Global. 25 de novembro de 1998. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 16 de junho de 2019
- ↑ Wastnage, Justin (30 de abril de 2002). «Peace Dividend». Flight Global. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 16 de junho de 2019
- ↑ a b c «Government veto blocks PC-9 sale to Mexico». Flight Global. 8 de fevereiro de 1995. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 16 de junho de 2019
- ↑ Cooper, Tom (26 de agosto de 2007). «Guatemala since 1954». ACIG.org. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 4 de março de 2016
- ↑ Razoux, Pierre (2015). The Iran-Iraq War. [S.l.]: Harvard University Press. ISBN 0-6740-8863-8
- ↑ «Потери ВВС Ирана - Авиация в локальных конфликтах - www.skywar.ru». www.skywar.ru. Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ Aranda, Jesus (13 de novembro de 2009). «Ahora que la FAM pretende renovar su flota no puede adquirir aviones Pilatus C-9». La Jornada. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 19 de fevereiro de 2010
- ↑ «Executive Outcomer - Against All Odds». Galago. 29 de dezembro de 2007. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 29 de dezembro de 2007
- ↑ Venter, Al (21 de agosto de 1996). «Gunships for Hire». Flight Global. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 16 de julho de 2019
- ↑ Wezeman, Pieter D. (agosto de 2009). «Arms Flow to the Conflict in Chad» (PDF). SIPRI. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original (PDF) em 2 de julho de 2013
- ↑ «Pilatus PC-7». Military Aviation. 24 de dezembro de 2007. Consultado em 16 de junho de 2023. Arquivado do original em 24 de dezembro de 2007
- ↑ PS. «Pilatus PC-7». Aviation History of Switzerland (em alemão). Consultado em 13 de junho de 2023
- ↑ a b «Pilatus NCPC-7 (PC-7 Turbo-Trainer)». Swiss Air Force. 22 de fevereiro de 2012. Consultado em 13 de junho de 2023. Arquivado do original em 22 de fevereiro de 2012
- ↑ «Holanda vai substituir seus PC-7 » Força Aérea». Força Aérea. 17 de dezembro de 2020. Consultado em 13 de junho de 2023
- ↑ «Pilatus lança o PC-7 MKX no Dubai Arishow » Força Aérea». Força Aérea. 17 de novembro de 2021. Consultado em 13 de junho de 2023
- ↑ «PC-7 MKX | The Smart Basic Trainer | Pilatus Aircraft Ltd». www.pilatus-aircraft.com (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2023
- ↑ Fontanellaz, Adrien; Cooper, Tom; Matos, José Augusto (2020). War of Intervention in Angola, Volume 3: Angolan and Cuban Air Forces, 1975-1985. Warwick, Reino Unido: Helion & Company Publishing. ISBN 978-1-913118-61-7
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- ↑ Hoyle2013-02-11T14:18:00+00:00, Craig. «Botswana introduces new PC-7 MkII trainers». Flight Global (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2023
- ↑ Rivas, Santiago (2023). Aviación Naval de Chile: 100 años sobre el Pacifico 19ª ed. Buenos Aires, Argentina: Pucará Defensa. p. 61
- ↑ «IAF gets its 75th Pilatus training aircraft PC-7 MkII». The Economic Times. 14 de julho de 2018. ISSN 0013-0389. Consultado em 13 de junho de 2023
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- ↑ «Surinam Air Force - Pilatus PC-7 | Key Aero». www.key.aero (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2023
- ↑ Lambert, Mark (1993). Jane's All The World's Aircraft 1993-94. Coulsdon, Reino Unido: Jane's Data Division. ISBN 0-7106-1066-1