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Geografia do Ceará

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Mapa do Ceará
Bica do Ipu localizada na Serra da Ibiapaba

O Ceará é um estado do Brasil, cercado por formações de relevos altos, as chapadas e cuestas: a oeste é delimitado pela Serra da Ibiapaba; a leste, pela Chapada do Apodi; ao sul pela Chapada do Araripe; e, ao Norte, pelo Oceano Atlântico. Por isso o nome de Depressão Sertaneja para a região central do Estado. Aflorando da depressão sertaneja estão, por sua vez, as Serras e Inselbergs.

Relevo

As chapadas e costas que limitam o território do Ceará são de formação sedimentar, enquanto as várias serras encontradas no interior da Depressão Sertaneja, particularmente contornando à distância a faixa litorânea, são maciços antigos de origem cristalina. As serras úmidas do Ceará são: O Maciço de Baturité também conhecido como Serra de Baturité, a Serra da Meruoca, a Serra de Uruburetama, a Serra de Maranguape e a Serra do Machado.

As serras de relevo mais alto (acima de 605m) possuem clima mais úmido, maiores pluviosidades e vegetação de floresta tropical, especialmente nas vertentes de barlavento. Nas vertentes de sotavento, surgem trechos de caatingas hipoxerófilas, não tão marcadamente distintas do resto da Depressão Sertaneja. Muitas das elevações cristalinas do Sertão cearense, no entanto, não são altas o suficiente para se beneficiar das chuvas orográficas possibilitadas pela maior altitude.

Além das serras de solo cristalino, surgem em todo o Sertão (e, de forma mais peculiar, na região em torno de Quixadá, onde as formações rochosas são numerosas e de formatos às vezes curiosos) os inselbergs, resquícios de um antigo relevo mais alto e já severamente erodido da região. Afora estes, o relevo é bastante regular.

Chapadas e cuestas

A Chapada do Araripe, ao sul do Estado estende-se, no sentido leste-oeste, por entre 30 km e 70 km e, no eixo norte-sul, por cerca de 180 km de comprimento. Além do Ceará, compreende áreas de Pernambuco e Piauí. O relevo é tabular e marcadamente horizontalizado, atingindo, na sua porção mais alta, altitudes médias de 750m, mas chega a apresentar, entre as cidades de Crato, Exu (em Pernambuco) e Jardim, altitudes superiores a 900m. As condições climáticas e fitográficas variam de acordo com a morfologia e geografia do local, o que constitui uma vegetação variada, incluindo caatinga, carrasco, cerradão e floresta tropical. Das escarpas da Chapada do Araripe surgem fontes naturais e mananciais que irrigam o sopé do altiplano, uma vez que no topo a drenagem superficial é escassa, dados solos muito permeáveis. Da mesma forma, os solos se revelam de maior fertilidade no sopé da chapada do que nas áreas vizinhas. Devido a isso, forma-se um verdadeiro "brejo" que faz do Vale do Cariri uma das áreas mais densamente povoadas do Estado.

A Cuesta da Ibiapaba atravessa de norte a sul o extremo oeste do Estado, limitando-o com o Piauí. Caracterizando-se como uma costa seu relevo possui uma escarpa íngreme (voltada para o Ceará) e outra cujo declive é bastante suave e gradual em direção ao oeste (voltada para o Piauí). As altitudes médias são de 750m. De norte a sul e de leste a oeste, ocorrem variações nítidas de condições climáticas. Na sua vertente voltada para a Depressão Sertaneja cearense, em especial na parte nordeste de costa, possui vegetação tropical frondosa e densa. Na cidade de São Benedito, ocorre a mais intensa pluviosidade do território cearense, superior a 2.000m. Por outro lado, percorrendo-se alguns quilômetros para oeste, as chuvas orográficas não são mais tão intensas e configuram um clima semiárido com vegetação de carrasco. Da mesma forma, do norte para o sul, vão diminuindo as pluviosidades, o que resulta na predominância da caatinga na parte sul da costa, particularmente após o boqueirão constituído pelo Rio Poti. Um destino turístico famoso da região é a Serra de Ubajara, famosa por seu bondinho, cachoeiras e grutas. Há também uma abundância de cursos e quedas d'água, destacando-se a Bica do Ipu, cujas águas lançam-se do Pico Angelim, na Serra da Amontada, a 130m de altitude.

A Chapada do Apodi apresenta também relevo tabular e de origem sedimentar e ocupa o extremo leste do Estado. Suas altitudes, no entanto, não ultrapassam os 250m de altitude. Devido a isso, não se beneficia de maiores pluviosidades (ocasionadas pelo advento de chuvas orográficas), temperaturas mais amenas e maior umidade como as serras e planaltos de relevo mais alto. Caracteriza-se como uma área de transição entre a Zona da Mata e a Depressão Sertaneja, compreendendo também áreas do Rio Grande do Norte. Sua área territorial é de 148.825,6 Km².

Flora e Fauna

Garça pousada sobre um tronco no Açude do Cedro, em Quixadá

O Ceará tem uma diversidade de fauna e flora dispersada por litorais, manguezais, sertões e serras.[1] Entre os biomas do estado está principalmente a Caatinga, mas possui trechos de Cerrado e Mata Atlântica na Serra da Ibiapaba.[2]

O Ceará possuia aproximadamente 2465 espécies de plantas Angiospermas, divididas em 153 Famílias, em pesquisas de 2020.[3] As plantas da Família Arecáceas (palmeiras) são comuns na região, principalmente a Carnaúba, o símbolo do estado, mas entre outras palmeiras comuns estão o Buriti, o Babaçu e o Tucum. Entre outras plantas marcantes estão o Ipê-do-Cerrado, o Mandacaru, o Ingá, a Gameleira, o Jenipapo e o Juazeiro.[4] A planta bulbosa Cebola-de-Calango, é nativa do Ceará e se tornou conhecida mundialmente por colecionadores de bulbos.[5][6]

A flora cearense também possui grande importância para os povos indígenas do estado, com várias etnias recebendo nome de plantas: Jucás, Buritis, Calabaças (Cabaça), Jenipapos-Kanindés, Jenipapos, Kroatás e Juremas. Também é notável os municípios cearenses que refletem a flora do estado: Carnaubal, Croatá, Pacujá, Palmácia, Cedro, Umari, Milhã, Mauriti, Pereiro, Limoeiro do Norte e Lavras da Mangabeira.

A fauna do estado também é muito rica e o Ceará se tornou o primeiro estado do Brasil a ter um inventário de fauna local, com presença de 2593 espécies de invertebrados e 1275 espécies de vertebrados, incluindo 502 peixes, 443 aves, 140 mamíferos, 133 répteis e 57 anfíbios.[7] As aves possuem grande papel cultural no Ceará, o próprio nome do estado significa "O canto da Jandaia". Entre os pássaros da região estão o Uirapuru-Laranja, a Ema, o Curió, o Bem-Te-Vi, o Urubu-Rei e outros. [8] Entre os mamíferos estão a Paca, o Veado-Catingueiro, o Tamanduá-Mirim e em algumas regiões do estado havia presença de Antas, Tatu-Canastras, Onças-Pintadas e Onças-Pardas, mas estão quase extintos devido a caça por fazendeiros e sertanejos ao longo da brusca história de colonização no estado.[9] O litoral cearense também é rico em fauna, contando com muitas espécies de peixes, corais e baleias. Também possuiu um núcleo do Projeto TAMAR, próximo uma região indígena do povo Tremembé, no município de Itarema, devido a costa cearense ser um importante local de encontro da Tartaruga-de-Pente.[10]

O Soldadinho-do-Araripe é uma pequena ave exclusiva da Chapada do Araripe, uma das regiões mais ricas em fósseis do Brasil. A ave só foi descoberta em 1996 e logo foi registrada como uma espécie em risco de extinção.

A fauna cearense também é notável na etimologia e nomeclatura dos municípios locais: Meruoca, Coreaú, Uruoca, Tururu, Cascavel, Jijoca de Jericoacoara, Ararendá, Acarape, Jati, além das cidades nomeadas pelo Rio Acaraú (Rio das garças): Acaraú e Santana do Acaraú e as cidades nomeadas pelo Rio Jaguaribe (Rio das onças): Jaguaruana, Jaguaribe, Jaguaretama, Jaguaribara e São João do Jaguaribe.

Clima

Ceará na classificação climática de Köppen-Geiger.
Chuva na região da Chapada da Ibiapaba, em Viçosa do Ceará

No Ceará está no domínio da Caatinga, um bioma semiárido exclusivamente brasileiro, caracterizado por ter seu período chuvoso restrito a 3 ou 4 meses do ano e alta biodiversidade. A forte sazonalidade do bioma faz com que existam fauna e flora adaptadas a tais condições ambientais. Infelizmente, a área protegida dessa vegetação endêmica brasileira é ainda muitíssimo restrita, apesar de sua grande degradação.

O clima é predominantemente semiárido, com pluviosidades que, em trechos da região dos Inhamuns, podem ser menor que 500 mm, mas também podem se aproximar de 1.000 mm em outras áreas caracterizadas pelo clima semiárido brando (presente, por exemplo, na área semiárida do Cariri e nas cidades relativamente próximas à faixa litorânea[11]). A temperatura média é alta, com pequena amplitude anual de aproximadamente 5°C,[12] girando entre meados de 20°C no topo das serras a até 28°C nos sertões mais quentes.[13] No interior, a amplitude térmica diária pode ser relativamente grande devido à menor umidade.[14]

Em pelo menos 8 (oito) meses do ano chove muito pouco e a temperatura média alcança 29 graus em algumas regiões do Sertão. Nos meses de chuva, normalmente fevereiro a maio (devido à irregularidade das pluviosidades, em alguns anos o período de chuvas pode extrapolar esse intervalo ou ser até menor), as temperaturas decrescem um pouco, beirando os 25 graus de média. As amplitudes são relativamente altas, variando desde mínimas de 17°C até máximas próximas a 40°C. Dependendo da localidade, as pluviosidades podem variar de menos de 500mm até perto de 1.000mm anuais, sendo, no entanto, sempre irregularmente distribuídas.

As condições climáticas e de relevo determinam padrões distintos de caatinga, desde as de porte predominantemente arbustivo até à caatinga arbórea. Em especial no Norte do Estado, surgem vastos carnaubais em meio à vegetação típica da caatinga. As serras e o litoral, no entanto, gozam de um clima menos insalubre, com temperatura e umidade mais favoráveis ao verdor.

Nas serras úmidas e chapadas, a caatinga dá lugar, à medida que se eleva a altitude, ao cerradão e à floresta tropical. As pluviosidades, bem mais intensas do que na Depressão Sertaneja, variam de 1.000mm a mais de 2.000mm anuais. Nessas regiões, as temperaturas também variam mais que no resto do Estado: nos meses mais frios (particularmente julho), as mínimas podem chegar a menos de 15°C, mas, nos meses mais quentes (notadamente dezembro), a temperatura pode atingir perto de 35°C. No litoral, predominam os mangues e a vegetação litorânea típica. Mesmo com altitudes muito pouco elevadas, as pluviosidades e a umidade são maiores que na Depressão Sertaneja. As temperaturas médias diárias variam de cerca de 22°C a 32°C.

Em todo o estado, os dias mais frios ocorrem geralmente em junho e julho e os mais quentes, entre outubro e fevereiro.[15] Nas áreas serranas, onde impera o clima tropical semiúmido e, em altitudes mais elevadas, úmido, as temperaturas são mais baixas, com média de 20°C a 25°C,[15] podendo ter mínimas anuais entre 12°C e 16°C.[13] Surgem aí vegetações de cerradão e floresta tropical, e as pluviosidades são mais altas, superando os 1.000 mm. Essas áreas contêm mananciais que banham os sopés dessas regiões, tornando-os propícios à atividade agrícola. É nas serras e próximo a elas, assim como nas planícies aluviais, que se concentra a maior parte da população do interior cearense, com densidades superiores a 100 hab./km², por exemplo, em boa parte do Cariri cearense.[16]

  • Temperatura média do litoral: 24°C a 28°C; Média das serras: 20°C a 25°C; Média da Depressão Sertaneja: 26°C a 29°C.
Gráfico climático para Viçosa do Ceará
JFMAMJJASOND
 
 
149
 
29
18
 
 
256
 
27
18
 
 
348
 
26
17
 
 
288
 
26
17
 
 
155
 
26
18
 
 
52
 
27
17
 
 
22
 
27
17
 
 
6
 
28
17
 
 
4
 
29
18
 
 
7
 
30
18
 
 
18
 
30
18
 
 
57
 
30
18
Temperaturas em °CPrecipitações em mm

Fonte: [17]

  • Fortaleza - Média das mínimas: 23°C; Média das Máximas: 28°C / Mínima absoluta: 19°C; Máxima absoluta: 32°C.la l

Referências

  1. «Flora do Ceará». Flora do Ceará. Consultado em 13 de maio de 2009. Arquivado do original em 15 de janeiro de 2012 
  2. Mota, Waldemar Justo do Nascimento Neto, Gilson Luiz Souto (17 de fevereiro de 2023). «Entre Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica nascem os Caminhos da Ibiapaba». ((o))eco. Consultado em 11 de dezembro de 2023 
  3. «FLORA DO CEARÁ». Secretaria do Meio Ambiente. Consultado em 11 de dezembro de 2023 
  4. «Fauna e Flora do Ceará: espécies animais, árvores e plantas». m.suapesquisa.com. Consultado em 11 de dezembro de 2023 
  5. «Zephyranthes sylvestris». Flora do Ceará. Consultado em 13 de maio de 2009 [ligação inativa]
  6. «Zephyranthes sylvatica Baker». brazilplants. Consultado em 13 de maio de 2009 
  7. «FAUNA DO CEARÁ». Secretaria do Meio Ambiente. Consultado em 11 de dezembro de 2023 
  8. Melo, Matheus (1 de fevereiro de 2023). «Descubra a Origem do Nome Ceará: Uma das curiosidades do Nordeste!». Praias de Fortaleza. Consultado em 11 de dezembro de 2023 
  9. «Onça-pintada e outros três mamíferos estão 'provavelmente extintos' no Ceará, diz secretaria». G1. 13 de abril de 2022. Consultado em 11 de dezembro de 2023 
  10. [https://www.tamar.org.br/interna.php?cod=276 «Cear�»]. www.tamar.org.br. Consultado em 11 de dezembro de 2023  replacement character character in |titulo= at position 5 (ajuda)
  11. maria dudilas. «YouTube as a Field: Life in a YouTube Community». Bloomsbury Academic. ISBN 9781472566676 
  12. http://www.scielo.br/pdf/rbz/v37n3/20.pdf
  13. a b http://mirabeli.meteo.furg.br/aulas/ElementosClimatologia/CLIMATOLOGIA_7.pdf
  14. http://www.ceara.com.br/cepg/relevo.htm
  15. a b (Página 171) Borzacchiello, José; Cavalcante, Tércia; Dantas, Eustógio (Organizadores). Ceará: um novo olhar geográfico. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007.
  16. (Página 348) Borzacchiello, José; Cavalcante, Tércia; Dantas, Eustógio (Organizadores). Ceará: um novo olhar geográfico. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007.
  17. «Dados Climatológicos do Estado do Ceará». UFCP. Consultado em 23 de maio de 2009 

Ligações externas

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